14 de setembro de 2025

Wolf Hall

 

Editora Todavia

Eu queria muito ter amado "Wolf Hall", da Hilary Mantel, por diversos motivos: é sobre a realeza da Inglaterra, é um romance histórico, ganhou muitos prêmios... Mas a verdade é que o livro se arrastou pela minha vida nos últimos meses (um pouco por ser um livro físico), e eu acredito que, principalmente, por eu não conhecer tão bem a história inglesa.

Acredito que os leitores locais devem já ter muitas referências sobre os personagens - a começar pelo Thomas Cromwell, e aí algumas piadas internas, ou sacadas de desenvolvimento de personagens, estão além da minha compreensão. 

Mesmo assim, é interessante ver a construção ficcional desse período tão crítico: o momento que Henrique VIII quer se casar com Ana Bolena, e como nada é tão simples como "ele queria o divórcio, então criou a Igreja da Inglaterra separada da Igreja Católica".

É um bom livro, merece seus prêmios, mas incrivelmente me parece muito regional.

12 de setembro de 2025

Mentiras em que as meninas acreditam e a verdade que as liberta

 

Editora Vida Nova

É só um livro cristão dos Estados Unidos fazer sucesso que vão surgir inúmeras variações. Aqui, a obra original é "Mentiras em que as mulheres acreditam e a verdade que as liberta", de Nancy Leigh DeMoss, do ano 2000. Vinte e cinco anos depois, já temos mentiras sobre homens, garotos, garotas, meninos, meninas...

É um bom livro: muito claro, com atividades para interação e momentos claros que falam: vai contar isso para a sua mãe! (e, adivinhem, um livro específico para as mães ajudarem as crianças a lerem esse livro). (não comprei nem um nem outro, li no kindle unlimited).

Em um dos capítulos, que fala sobre a mentira de ter mais liberdade, a autora justifica que as meninas precisam primeiro de mais responsabilidade, afinal, com 14 anos antigamente já se casava... Mas no capítulo sobre namoro, fala que não é para namorar porque se é muito novo - ou seja, o mesmo argumento não vale. (Não sou a favor de namoro para meninas de 8 a 12 anos, a quem esse livro é destinado, mas não gosto de argumentos fracos sobre esse assunto).

O outro ponto é que eu achei bem radical a regra de aplicar a todo entretenimento em Filipenses 4.8. Eu acredito que deve existir limites, claro, mas vai sobrar pouca coisa no mundo se aplicarmos as regras que a autora sugere:

- Não tem nenhuma inverdade, como ensinar sobre evolução ou dizer que Deus não é real.

- Não tem cenas, letra ou situações que fazem coisas coisas ruins, como beber ou usar drogas, parecer atraentes

- Seus pais diriam que não tem problema você assistir ou ouvir (A única regra que deve valer, na minha opinião)

- As pessoas se vestem e falam com recato.

- Não deixa em sua mente pensamentos ou imagens feias ou violentas.

- Você mostraria para seus pais, seu pastor, seus professores e outros.

- Foi criado com cuidado e a ajudou a usar a imaginação.

- Você recomendaria para outros.

Claro que, provavelmente, a ideia seja levar a não assistir por nografia, mas vai pelo ralo quase tudo.

Assim, eu estou considerando ler com minhas filhas, acho que tem muitas lições valiosas, mas tem realmente esses dois poréns.

Todo o resto é muito cedo

 

Editora Bazar do Tempo

Eu resisto pouco a títulos diferentes, e esse do livro da Luiza Mussnich é muito bonito: Todo o resto é muito cedo. 

Além disso, vale a pena, de vez em quando, ler poesia - e ainda algo contemporâneo, mostrando que poesia de amor ainda cabe nesse mundo.

Eu gostei, mas não amei. 


10 de setembro de 2025

Despertar

 

Editora Recriar

O livro "Despertar" de Karen Colares é uma introdução sobre teologias feministas, e ela explica as principais vertentes, diferenciando os pressupostos de cada linha.

Os primeiros capítulos parecem ter uma linguagem mais técnica, de quem estuda Humanas, e para mim, ficou menos fluido, mas os capítulos de interpretação prática são mais claros.

A autora questiona o Cânone das Escrituras e a autoria de alguns livros, mas contribui para nossa reflexão sobre o texto bíblico, o contexto cultural e a identidade e o papel da mulher hoje, mostrando claramente como Jesus, além de Salvador, foi totalmente disruptivo em relação a sociedade da época, respeitando e valorizando as mulheres com as quais interagia, e os conhecimentos que passava.

Eu recomendo para quem se interessa sobre feminismo e fé cristã.


5 de setembro de 2025

Esboço

 

Editora Todavia

O livro de Rachel Cusk faz jus ao nome: Esboço. Parece um diário de viagem de uma professora de escrita criativa, relatando seus encontros numa viagem para a Grécia, principalmente o que ela ouve da história de vida das pessoas - a começar de um homem no avião.

A leitura flui sem esforço, mas parece não chegar em lugar nenhum - apesar de termos alguns vislumbres sobre a vida e características da narradora através da interação com outras pessoas. Consigo ver que a autora escreve bem, mas a histórica ficou um pouco sem sentido - ou sem direção - ou então abriram-se tantas possibilidades que não se chega a lugar algum. 

Nota 3.5, e recomendo apenas para quem já ouviu falar do livro e ficou curioso (Tem no app Biblion).

2 de setembro de 2025

Viagem de Petersburgo a Moscou

 

Editora Boitempo

No clube do livro, começamos nosso ciclo de literatura russa com essa obra que eu não conhecia: Viagem de Ptersburgo a Moscou, de Aleksandr Radischev. Ele foi um dos enviados pela imperatriz Catarina para estudar na Alemanha - aprender com a nata da Academia na época - e voltou com um olhar crítico para a sociedade russa muito aguçado.

É um livro curto (cerca de 250 páginas), mas ele trata de temas significativos: justiça, moral, censura, colonização... Não é um livro fácil, mas é denso e muito pertinente para a época (ele foi considerado o revolucionário Zero do que viria a ser a Revolução Russa em 1917) e também para hoje em dia. A discussão sobre censura e liberdade de imprensa, por exemplo, ecoa na nossa época de redes sociais.

Recomendo para quem se interessa por uma ficção que parece quase uma não ficção, quem gosta de história russa, e quem se interessa por temas filosóficos - e se ler num clube do livro, a discussão pode ser bem boa!

31 de agosto de 2025

Sobre os ossos dos mortos

 

Editora Todavia

Olga Tokarczuk é um autora polonesa ganhou o Nobel de 2018, e o livro que popularizou aqui no Brasil foi esse, Sobre os Ossos dos Mortos.

A personagem principal é uma senhorinha, com a qual eu já simpatizei nos primeiros capítulos. Ela tem umas tiradas muito boas, e vai vivendo a vida dela do jeito que quer, o que eu sempre admiro. 

A história é boa - mas, veja bem, não deu para entender porque ela ganhou o Nobel. Eu admiro muito mais o trabalho da Han Kang em termos de originalidade e forma. Aqui é mais o simples bem feito (o que eu também recomendo).