14 de maio de 2025

Ei, Deus, está aí? Sou eu, a Margaret

 

Editora Rocco

O livro de Judy Blume acompanha uma pré-adolescente, a Margaret, numa casa nova, escola nova e falando sobre assuntos novos: sutiã, menstruação e garotos. A pitada extra foi coloca-la como filha de um judeu e uma cristã, que resolvem "não ter religião" e deixa-la escolher quando adulta. Com 11 para 12 anos, ela decide fazer sua própria pesquisa sobre diferentes religiões, enquanto tem conversas com Deus quase diárias...

O engraçado mesmo é esse livro de 1970 que poderia ser usado para muitas conversas entre pais e filhos estar nas listas de livros "contestados" dos Estados Unidos...

10 de maio de 2025

Corpos Secos: Um romance

 

Editora Alfaguara


Não gosto muito de livros de terror, e não assisto filmes de terror NUNCA - realmente acho desconfortável sentir medo, mas resolvi dar uma chance para Corpos Secos, afinal, um livro de zumbis brasileiros poderia ser realmente bom, a ponto de ganhar prêmio?

E sim, pode ser sim. 

Os autores construíram uma história verossímil, não só pela origem toxicológica da pandemia, mas pelo que acontece com os personagens - as pessoas com medo, as pessoas fugindo, as pessoas negando, as pessoas criando alternativas, as pessoas se aproveitando da situação. Há de tudo, e tudo parece assustadoramente possível. 

Daria um ótimo filme também, e tenho certeza que faria sucesso em qualquer lugar do mundo.

8 de maio de 2025

A Consulta

 

Editora Fósforo

Lá pelas tantas nesse livro, A Consulta, de Katharina Volckmer, eu comecei a pensar: não gosto do narrador personagem ou não gosto do livro? E, se chegamos a esse ponto, senhoras e senhores, é porque o livro é bom - não importa quão incômodo ele seja (menos de 100 páginas, e eu resolvi lê-lo aos pouquinhos).

Porque é realmente incômodo, então não vou sair por aí recomendando para todo mundo, ou para qualquer um, ou para ninguém. 

4 de maio de 2025

O parque das irmãs magníficas

 

Editora Tusquets

Um livro triste, tristíssimo.

3 de maio de 2025

O Caderno de um ausente

 

Editora Alfaguara

João Anzanello Carrascoza é o autor desse livro que o narrador já se coloca na ausência: porque é um privilégio de pai já olhar para a criança pensando em não estar e isso não ser automaticamente condenado. O narrador, cheio de lirismo e imagens poéticas, sofre por ser mais velho e, por isso, mais perto da morte, quando sua filha nasce. Não é uma ausência planejada (como do primeiro filho, cuja mãe ele traiu e se divorciou e não está mais presente), mas, mesmo assim é a ausência de uma pessoa de 50 anos que pode viver até os 80, mas já avisa que não estará.

Olha, o livro tem passagens bonitas e é meloso de ser um risco para diabéticos, bem escrito, mas não gostei desse narrador, não gosto dessa paternidade que já se desculpa antes mesmo de ir embora, e acha tudo lindo maravilhoso de longe. (Não parece que é isso que ocorre, pela sinopse dos outros 2 livros da Trilogia do Adeus, mas realmente ainda não sei se vou dar uma chance para eles).

2 de maio de 2025

Uma família feliz

 

Editora Companhia das Letras

No último mês, esse é o terceiro livro que eu leio que fala de família: tivemos a família de margarina de O que é uma família?, uma história real de uma família disfuncional de A Menina da montanha, e este ficcional, Uma família feliz.

Raphael Montes escreve histórias de mistério e terror, e este não é diferente. Aliás, é diferente pois veio depois do filme de mesmo nome, que foi lançado em 2024, e parece mesmo que tem algumas pontas soltas, ou, na verdade, pontos mal explicados mesmo, do que foi feito na pressa (apesar das 350 páginas).

Mas o que eu achei interessante, nesse meu período particular de leitura, é pensar sobre o que é ser uma família feliz atualmente - o que mostra nas redes sociais, o que aparece pelo whatsapp, o convívio em escolas e condomínios, é como tudo isso é um recorte da realidade - embora também real - mesmo se você não fizer parte de um thriller psicológico como esse livro.


27 de abril de 2025

A menina da montanha

 

Editora Rocco

Foi muito interessante ler as memórias de Tara Westover - "A Menina da Montanha", na mesma semana que eu li "O que é uma família?". Há paralelos óbvios: viver numa área rural, ter muitos filhos, a fé cristã (na verdade, a igreja mórmon no caso da família de Tara Westover - o que eu considero heresia), os limites claros entre quem é "família" e os de fora, e o que deve ser feito para se preservar, mas também o que pode ser feito para "evangelizar" os de fora.

Mas enquanto um livro é o tradicional comercial de margarina, o outro é praticamente um livro de terror - violência, abuso psicológico, trabalho infantil, doenças mentais não diagnosticadas e não tratadas.

Em certos momentos, fiquei chocada pelos paralelos com eventos mundiais muito recentes como a virada do ano 2000 e o ataque às torres gêmeas, pois às vezes realmente parecia algo descolado da realidade. Há também a fé irracional em óleos medicinais, um fenômeno que chegou ao Brasil e tomou a comunidade evangélica também (mas não na escala da família Westover).

Eu acredito que a pergunta O que é uma família? é extremamente pertinente para a atualidade, e sei que há respostas cada vez mais diferentes, mas é impossível não concluir que isso também da vivência que cada um teve.

Afinal, todas as famílias felizes se parece, mas as famílias infelizes são infelizes cada uma a seu modo (citação que eu não verifiquei a acurácia - Anna Karenina, Leon Tolstói).