23 de junho de 2025

The Wedding People

 

Editora Henry Holt and Co.

A premissa do livro é interessante: uma pessoa resolve se suicidar depois de curtir os seus últimos momentos num hotel maravilhoso, mas a noiva que vai ter seu casamento ali nos próximos dias pede que ela mude de ideia para não estragar a semana perfeita que ela planejou - e que não envolvia alguém morrendo em um dos quartos. A personagem principal então resolve aguentar mais uns dias (que envolvem ficar no quarto de graça, já que ela mesma só tinha dinheiro para uma noite). Aí que a história vai tomando um rumo cada vez mais bizarro, e encaminha-se para um romance padrão (previsível sobre quem vai ficar com quem, e todos felizes no final).

O que cansa, realmente, é o tanto que o narrador explica o que os personagens estão sentido, como se fosse uma contínua sessão de terapia. Dá para entender o apelo, e o que é discutido muitas vezes é muito pertinente para as situações dos personagens, mas, mesmo assim, fica tudo parecendo forçado.


17 de junho de 2025

Se eu fechar os olhos agora

 

Editora Record

Ao contrário do primeiro livro que eu li do Edney Silvestre, A felicidade é fácil, esse eu não gostei tanto. Até fui ver que eu achei umas partes cansativas - e esse livro "se eu fechar os olhos agora" é quase todo cansativo. Eu geralmente gosto de personagens idosos, mas o idoso da trama e os dois garotos são muito autoconscientes, esclarecidos até demais, numa época que não condiz com o discurso. As partes violentas são muito gráficas - principalmente sexuais, então é um sofrimento grande.

Além disso, o prefácio é de algum diretor da globo que adaptou o livro para uma minissérie (que eu não assisti), e logo de cara ele já fala das alterações que fez na história - então realmente parece que o livro está aí publicado para quem primeiro viu na TV (e, olha, pela quantidade de diálogo, parece que o autor já estava focando essa adaptação).

Realmente, não sei como ganhou um Jabuti.

10 de junho de 2025

Daisy Jones & The Six

 

Editora Paralela

Cheguei um pouco tarde para essa festa (o livro é de 2019, a série é de 2023), mas estava precisando de uma leitura mais leve e o livro Daisy Jones & The Six caiu muito bem. Não que a história seja totalmente leve em si - há drogas e rock n'roll - mas Taylor Jenkins Reid escreve de maneira fluida, e entrega um ótimo romance de entretenimento.

A estrutura do livro também é muito interessante: a narrativa é só feita através de trechos de entrevistas das pessoas que fizeram parte da banda ou que conviveram com ela, como se fosse uma história real.

A descrição dos personagens e de algumas cenas é tão boa, que chegou a decepcionar quando eu busquei na internet como foram feitas as imagens da minissérie - PUXA! a capa do disco parecia perfeita mesmo - sem o rosto de Daisy e Billy - e a foto da piscina também. 

A Daisy talvez exista por aí, a Camilla também, e o Billy definitivamente não - alguém sabe de onde estão saindo esses caras de livros de romance?

E sim, eu recomendo para férias, distrair e entreter.


6 de junho de 2025

A Polícia da Memória

 

Editora Companhia das Letras

Yoko Ogawa escreveu uma distopia delicada sobre memória e identidade, um livro muito bonito, para pensar sobre.

Adultos

 

Editora Bertrand

Eu adoro os livros da Marian Keyes - mas esse realmente deixou bastante a desejar... Não simpatizei com nenhum personagem, e o livro foi se arrastando por semanas até eu finalmente encarar as últimas 2 horas que faltavam (num total de 600 páginas)

Os temas sérios da vez são bulimia, gestão de negócios, imigração na Europa, pobreza menstrual e fidelidade conjugal. E sim, muitos temas sérios e muitos personagens, e a parte do humor foi muito pouca. 

E, para coroar, aparece um brasileiro filho de banqueiros chamado Tristão!


3 de junho de 2025

O Grande Mentecapto

 

Editora Record

Mentecapto é definitivamente uma palavra que não se usa mais, assim como todo o mundo d'O Grande Mentecapto de Fernando Sabino. Publicado em 1979, temos um louco "de carteirinha" passeando pelo estado de Minas Gerais numa viagem nonsense digna de D. Quixote. 

O livro tem aquele humor pastelão, inocente e violento, que é engraçado, mas me deu um nervoso também (tadinho do Geraldo Viramundo!)

Certamente faria sucesso com adolescentes, e boas discussões sobre humor, bullying, respeito e preconceito.





Caderno de Ossos

 

Editora Companhia das Letras


O livro de Julia Codo, Caderno de Ossos, pode ser sobre a ditadura no Brasil, sobre a busca dos desaparecidos da ditadura, sobre o fim de um casamento, sobre crises de família, sobre envelhecimento, sobre luto, mas é muito sobre memória e lembrança. 

O que sobra de alguém?

Seus ossos, seus registros num caderno, suas fotos, suas histórias contadas por outras pessoas. 

O que vai sobrar de nós?

Nessa narrativa reflexiva, acompanhamos um presente muito recente e um passado muito doloroso, tudo muito realista - parece mas não é auto ficção - sem cair em clichês ou pieguice, sem ser muito violento ou cru, mas deixando aquele desconforto de temas difíceis.

Literatura brasileira contemporânea de qualidade.

Agradeço a editora pela cópia pré-lançamento.