4 de outubro de 2025

Garota gay, bom Deus

 

Editora Fiel

Jackie Hill Perry é poeta, e o título de seu livro tem uma aliteração em inglês: Gay Girl, Good God, e o subtítulo realmente explica o que ela se propõe: "A história de quem eu era e de quem Deus sempre foi". Ela é bem particular em relatar sobre sua vida, e a experiência espiritual que ela teve e que a fez se afastar das práticas lésbicas - e o suporte que ela teve de pessoas ao seu redor (incluindo uma mentora e namorado e depois marido) para se manter na vida que ela achava melhor.

Na sua narração, ela cita várias passagens bíblicas (não especificamente sobre pecados), mas sobre Jesus, milagres (como do cego que voltou a ver) e santificação.

Os comentários do Goodreads atacam um pouco a autora, mas também quem avaliou bem o livro. É um livro bem particular sobre a trajetória da autora - no final que tem alguns conselhos sobre caminhada cristã, mas achei que passa longe do que falam por aí como "cura gay". Acho, inclusive, que quem for ler esse livro buscando ajuda para alguma situação específica, vai entender que é mais sobre Deus do que qualquer coisa.


2 de outubro de 2025

As Mentiras que as Mulheres contam

 

Editora Objetiva

Luís Fernando Veríssimo primeiro publicou as mentiras que os homens contam, mas em tempos de igualdade de gênero, as mulheres não podiam ficar para trás, então eis aqui As mentiras que as mulheres contam. Com seu humor peculiar, ele nos apresenta a primeira mentira que os homens ouvem: "olha o aviãozinho". E sim, que certeiro!

Não é o seu melhor livro, mas ainda é bom. Que descanse em paz.



30 de setembro de 2025

Trilogia de Copenhagen

 

Editora Companhia das Letras

A trilogia de Copenhagen são três volumes autobiográficos da autora Tove Ditlevsen: Infância, Juventude e Dependência. Ela é poetisa, mas esse livro sobre sua vida que se tornou mais famoso Ele foi publicado na Dinamarca em 1967, mas ficou famoso ao redor do mundo mais recentemente, com muitas traduções.

É incrível como podemos conhecer a menina, a jovem, e depois a mulher adulta - com filhos, obras publicadas, e um vício em opioides que a levou a morte - essa obra em particular termina quando ela está tentando a desintoxicação pela segunda vez.

Ela veio de uma classe baixa, então é interessante também o cenário social - o que são pessoas pobres no pós II Guerra na Europa.

É um livro sofrido e muito bom de ler.


29 de setembro de 2025

O Bom Stálin

 

Editora Kalinka

Víktor Eroféiev escreveu essa obra na década de 2000. Parece um livro de memórias, principalmente centrado na figura do seu pai - o tal Bom Stálin - que fez carreira como funcionário público e perdeu seu prestígio na publicação do almanaque Metropól por seu filho, que também o levou a ser perseguido pelo governo da URSS.

É um bom panorama da sociedade soviética privilegiada, na segunda metade do século XX. Mas a narração é confusa, ela vai e volta, e é fácil se perder sobre quando e com quem os episódios que ele conta acontecem. 

Aprendi bastante de história recente na discussão no clube do livro, mas não recomendo, porque achei meio chato.


Igrejas que Calam Mulheres

 

Editora Mundo Cristão

Este é o primeiro livro que eu leio do Yago Martins, e um claramente conservador sobre o papel das mulheres. No entanto, considerei até que razoavelmente moderado em algumas opiniões, como o fato de admitir diaconisas nas cartas de Paulo.

No começo, fala que é um livro voltado para pastores, mas a medida que ele avança, fala diretamente com mulheres e homens membros da igreja. 

É interessante por desconstruir algumas doutrinas sobre véus, vestes e estética, mas achei um pouco fraco o capítulo sobre trabalho (não é pecado a mulher trabalhar fora de casa, mas também não é necessário). Embora, pelos relatos de seu trabalho pastoral, ele seja bem compreensivo sobre as diferentes configurações das famílias brasileiras. Mas é isso, compreensivo, como se o ideal fosse ainda a casa da mulher de provérbios 31, que inclui, é claro, servos. (Eu sempre me questiono: esses servos tem família? Eles são filhos de Deus? Essas mulheres servas também não deveriam estar em casa e não servindo a mulher virtuosa?)

De qualquer forma, ele cita extensamente as atrocidades que são faladas por outros pastores, líderes e influencers cristãos (se é que são cristãos mesmo), então esse livro é sim uma postura bem moderada e razoável. 






19 de setembro de 2025

Carta à Rainha Louca

 

Editora Alfaguara

O livro de Maria Valéria Rezende, Carta à Rainha Louca, é uma ficção histórica, no final do século XVIII, dando um panorama geral sobre a sociedade brasileira da época - o tratamento dos escravizados, as filhas de família rica, e os outros: as mulheres e homens não tão livres assim.

Apesar da linguagem antiquada, o livro é uma crítica social muito condizente com a atualidade, o que é interessante, mas realmente descaracteriza como romance histórico, na minha opinião. Mas será que é possível não ter esse viés, mesmo quando não for tão óbvio quanto o é nesse livro?

Recomendo a leitura - mas pode ser um pouco cansativo.

14 de setembro de 2025

Wolf Hall

 

Editora Todavia

Eu queria muito ter amado "Wolf Hall", da Hilary Mantel, por diversos motivos: é sobre a realeza da Inglaterra, é um romance histórico, ganhou muitos prêmios... Mas a verdade é que o livro se arrastou pela minha vida nos últimos meses (um pouco por ser um livro físico), e eu acredito que, principalmente, por eu não conhecer tão bem a história inglesa.

Acredito que os leitores locais devem já ter muitas referências sobre os personagens - a começar pelo Thomas Cromwell, e aí algumas piadas internas, ou sacadas de desenvolvimento de personagens, estão além da minha compreensão. 

Mesmo assim, é interessante ver a construção ficcional desse período tão crítico: o momento que Henrique VIII quer se casar com Ana Bolena, e como nada é tão simples como "ele queria o divórcio, então criou a Igreja da Inglaterra separada da Igreja Católica".

É um bom livro, merece seus prêmios, mas incrivelmente me parece muito regional.