Editora Todavia |
Em "O amor e sua fome", Lorena Portela apresenta um livro melhor que o seu primeiro, "Primeiro eu tive que morrer". Não sei o quanto é o seu próprio amadurecimento e o quanto é o fato de ter uma boa editora por trás, no caso, a Todavia.
A prosa poética do livro me lembrou a Carla Madeira, com frases postáveis, bonitas em si mesmas. Mas achei a trama mais ousada, com um poliamor bem estabelecido. Muito moderno, muito atual.
No entanto, a protagonista Dora é uma chata - e acredito que isso é um problema da construção do enredo, ou então o fato de eu ser velha considerando o público alvo do livro (ou seja, não sei se foi de propósito ou não, ela ser chata). Ela foi abandonada pela mãe muito pequena, e o pai ficou muito deprimido para cria-la direito (ou seja, por essa trauma, merece nossa empatia). Mas outras pessoas na comunidade assumiram o papel de ser família - a vizinha Inês e a amiga Esmê, e a Dora cresceu para ter inveja e preconceito da filha da Inês (uma pessoa trans), e se posiciona como criança mimada ao ver que a casa "surpreendentemente" parou de ficar limpa e ter comida quando o pai - que ela parece desprezar - fica doente e não levanta mais da cama.
Assim, é um livro e uma história interessante, mas os personagens nem tanto.
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