31 de dezembro de 2019

Top 2019

Ficção

Watership Down - Richard Adams

Obra Completa - Raduan Nassar

Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie

I know why the caged bird sing - Maya Angelou

Ratos e Homens - John Steinbeck

Circe - Madeline Miller

The Hand that first held mine - Maggie O´Farrell

Gilead - Marilynne Robinson


Não ficção

Garra: O poder da paixão e da perseverança - Angela Duckworth

A Bíblia - A Mensagem - Eugene H. Peterson

A Jane Austen Education - William Deresiwwicz

As coisa da Terra - Joe Rigney


Estatística

Em 2019, consegui atingir minha meta de 1 livro por semana, e ultrapassa-la. Não assisto tantas séries e filmes, é verdade, mas dei vazão para meus livros, inclusive lendo alguns físicos que estavam na pilha há tempos, sendo protelados pelos digitais que eu acho bem mais fáceis de ler na minha rotina.

Em números:

- 57 livros lidos
- 19812 páginas (em média, são 54 páginas por dia, e livros de 348 páginas)
- 41 livros digitais (dispositivo kindle e aplicativo no celular)
- 8 livros brasileiros
- 33 dos EUA, 10 da Inglaterra, 1 Nigéria, 1 Escócia, 1 Irlanda, 1 Romênia, 1 Índia, 1 Venezuela (sempre considero o lugar que o autor nasceu)
- 33 livros lidos no idioma original (português e inglês)
- 33 livros em português, 24 livros em inglês
- 35 livros escritos por mulheres (não acho difícil mesmo ler autoras, leio várias sem fazer uma busca intencional por elas)
- 44 livros do presente século (muitos livros recentes mesmo, a literatura continua!)

Em gráfico:


Esse é o 10o ano desse blog, 10o ano de estatística e a minha média anual de leituras são 60 livros por ano, puxado pelo começo da década sem filhos... Por enquanto, a minha meta vai continuar sendo 52 livros por ano, mas acredito que vai dar para aumentar essa meta na próxima década.

Com relação a metas, eu não li tantos livros das listas, mas acho bom para ter sempre livros de qualidade como referência. Por isso, estou incluindo também os ganhadores dos prêmios Oceanos (literatura em língua portuguesa) e do Jabuti - ficção, para ler mais autores em português e brasileiros.



30 de dezembro de 2019

Be Frank with me

Editora Corvus

Esse livro eu escolhi pelo título: Be Frank with me, um trocadilho com o nome do personagem principal, Frank, uma criança excêntrica, filho de uma escritora excêntrica. Acho ótimo histórias que trazem um pouco do absurdo (verossímeis ou não) para um pouco mais perto de nós.

Esse livro foi escrito pela Julia Claiborne Johnson e não foi publicado no Brasil, só em Portugal com o título: "Quem não sonha voar, Alice?". É um livro fácil e com a quantidade de certa de eventos e revira-voltas para não ficar maçante e nem tão exagerado.

Há um "problema principal" que é resolvido de maneira bem criativa, e outros probleminhas com indicação de solução, mas eu fiquei incomodada com a falta de solução para o Frank especificamente. Por sua excentricidade, com características de autismo de alto desempenho, ele não se encaixa na escola, e lá pelas tantas é dito que ele já passou por várias escolas e foi convidado a se retirar. Eu acho esse assunto triste e complexo e fiquei um pouco decepcionada do livro não aborda-lo melhor - com uma indicação de solução que seja. Claro que Frank não é um menino real que precisa ser integrado e ter um cuidado específico, mas acredito que seria uma maneira de atingir pessoas que possam ter conhecidos, familiares ou amigos, nessa situação.


27 de dezembro de 2019

Noite em Caracas

Editora Intríseca - Capa Lola Vaz

Karina Sainz Borgo é venezuelana, radicada na Espanha, e escreveu um livro em primeira pessoa sobre uma venezuelana que quer sair do país. Impossível não cogitar o tanto do que ela escreve em "Noite em Caracas" é verdade, mas logo no final do livro é declarado que se trata de uma "história de ficção. Alguns episódios e personagens do romance são inspirados em fatos reais, mas não atendem à exigência dos eventos. Desprendem-se da realidade om uma vocação literária, não de testemunho."

De qualquer forma, não dá para não ficar impressionada com essa história que se passa num país tão próximo, a tanto tempo numa "ditadura de esquerda", com relatos de miséria, violência, anarquia impressionantes. É uma história forte sobre uma pessoa levada a um extremo por situações extremas, e justamente por não se apegar a realidade, a história fica melhor ainda. Vale a leitura.

26 de dezembro de 2019

Gilead

Editora Virago / Picador

Depois que eu acabei de ler esse livro, que eu achei incrível, fui pesquisar sobre ele no google, e algumas informações chamam a atenção. "Gilead", além de ser ganhador do prêmio pulitzer, é um dos livros favoritos de Barack Obama (que até entrevistou a autora), e é considerado o segundo livro dos 100 melhores deste século pelo The Guardian.

John Ames, um idoso já doente, escreve um relato de suas memórias e do seu dia a dia para o filho, que ele não espera ver adulto (a criança tem 7 anos na história). Ele é um pastor de uma cidade pequena dos Estados Unidos, na década de 1950, e há reflexões sobre a vida, a morte, família, amizades, religião e cristianismo. É incrível como a autora Marilynne Robinson consegue passar por tantos assuntos espinhosos de maneira tão serena e sensata.

Eu estou gostando muito de ler livros com personagens mais velhos, e acho que isso é um reflexo do fato de eu já estar na minha segunda metade da vida, praticamente. É possível apreciar mais a sabedoria e a experiência de quem já viveu muito, e como isso pode ser libertador.

25 de dezembro de 2019

As Doze Tribos de Hattie

Editora Intrínseca

Confesso que eu adorei o título desse livro: "As doze tribos de Hattie", mas foi só isso que eu adorei mesmo. Eu li a sinopse: a história de uma mãe e seus 11 filhos contada em 12 narrativas diferentes, o livro sendo descrito como: épico, angustiante, imprevisível, cheio de vida, de uma autora (Ayana Mathis) madura.

O livro é realmente angustiante: tudo é um drama e uma tragédia. Nada dá certo para praticamente ninguém da família. Então, lá pelo meio do livro dá para perceber que vai ser sempre assim, triste, e essa é a previsibilidade da coisa. Nós ficamos sabendo de episódios curtos de cada pessoa, e no final mal dá para ter um retrato completo da família da Hattie, então não me pareceu muito épico também.

Pode ser que exista mesmo famílias com toda essas tragédias, mas acho que o livro só me deixou com essas situações desoladas, sem esperança, sem uma forma de ruptura, sem nenhuma motivação, e eu acho que a literatura pode ser mais que isso.

21 de dezembro de 2019

Memoirs of a Geisha

Editora Random House - Capa Iris Weinstein

Eu demorei muito para começar a ler esse livro emprestado da Debô, mas aí quando comecei percebi que é daquele tipo que não dá vontade de parar. Mémorias de uma Geisha é uma obra-prima de Arthur Golden, baseada em muita pesquisa, que aparece na consistência das descrições de tudo: das roupas, da comida, dos espaços, dos relacionamentos. 

Logo no começo, a personagem principal Chyio descreve o evento que a levou a ser geisha como o melhor e o pior que aconteceu em sua vida, e o livro vai andando sob essa luz. Ser geisha é quase uma escravidão, mas quais eram as alternativas de uma menina pobre no Japão? Como seria a sua vida? O que é liberdade mesmo? Até comparando os direitos e deveres de uma geisha com uma esposa, tem-se essa dúvida. Embora estejamos falando de uma outra época e uma outra cultura, não faz tanto tempo assim, menos de 1 século.

Eu gostei muito do livro, recomendo para todos que gostam de uma boa história.

9 de dezembro de 2019

Pilgrim´s Regress

Editora Harper Collins

Vejam bem, eu adoro C.S. Lewis, particularmente seus livros de não ficção. Eu gostei das crônicas de Nárnia, mas eu realmente gosto mais de suas discussões teológicas diretas. Depois de ter lido "Regresso do Peregrino", eu realmente posso dizer que prefiro mesmo os livros de não ficção.

Talvez o fato de ter lido em inglês tenha sido uma dificuldade a mais, mas foi realmente um desafio terminar de ler esse livro (sendo quem é o autor, eu não queria abandonar), mas foi quase um suplício apesar dos capítulos curtos. Eu sabia que tudo deveria ser cheio de significado e profundidade, mas a maior parte da coisas eu não conseguia entender. (Talvez uma edição com notas seja mais fácil.)

Por fim, no epílogo, o próprio C. S. Lewis admite que fez essa história muito complicada mesmo (e ufa, eu não estava boiando sozinha). Esse livro então é para quem estuda mesmo o autor, o contexto social e teológico da época, e sua própria trajetória pessoal.

8 de dezembro de 2019

Bifurcação

Editora UFPR - Capa Paula Cristhyne Figueroa Ferreira

O amigo da minha amiga escreveu um livro, que ganhou um prêmio e foi publicado, e eu ganhei o livro da minha amiga. Eu sempre acho legal aqueles que rompem a barreira da auto-crítica e colocam no mundo sua obra (isso quando o livro é bom, tem alguns publicados por aí que eu receio que a pessoa não pensou direito nem quando escreveu, quiçá quando resolveu publicar).

Mauro Guidi-Signorelli apresenta uma coletânea de contos muito interessante, com alguns conversando entre si, alguns sobre fatos corriqueiros, alguns beirando a ficção científica, muitos trazendo a sua vivência transcultural (do Brasil para a França) para a pauta.

São boas histórias, dignas de serem publicadas, o primeiro passo para outros que virão, com certeza.

1 de dezembro de 2019

Dez de dezembro

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow

O sucesso de "Lincoln no limbo" fez o livro "Dez de Dezembro", de George Saunders, aparecer nas prateleiras das livrarias e foi assim que eu cheguei até ele, gostando muito do livro que ganhou o Man Booker Prize. 

Esse é o primeiro livro do autor, uma coletânea bem construída de contos. São histórias que trazem um certo desconforto, seja pelo estilo em que foram escritas ou pelo tema mesmo. 

O primeiro conto me deixou procurando páginas no livro, querendo que aparecesse uma continuação, uma explicação, mesmo sabendo que ali estava um conteúdo completo, perfeitamente esculpido e intencional do autor.

Outro conto começa normalmente, uma família normal, uma cidade normal, e aí aparece um detalhe estranho, algo diferente, e você tem que entender que se ultrapassou o limite da realidade (assim como Lincoln no limbo), sem maiores explicações.

George Saunders é muito bom mesmo.

A Redescoberta do Mundo

Editora Nova Fronteira

O livro de Thrity Umrigar começa com uma mulher de origem indiana, nos Estados Unidos, descobrindo que possui câncer cerebral em estágio terminal e decide convidar as 3 melhores amigas da juventude (na época da faculdade) a ir visita-la para uma despedida. Duas delas continuam amigas, mais de 20 anos depois, mas a outra "sumiu" e não tem contato nem com os próprios pais. 

A partir daí somos levadas pela retomada da amizade e lembranças da trajetória de cada uma, num momento de reflexão sobre a vida toda que só uma crise como essa proximidade da morte pode trazer. É literalmente "A redescoberta do mundo", título da obra.

Embora com uma carga sentimental bem alta, a história é dinâmica, tocada pelo próprio andamento da doença, que vai se agravando e trazendo urgência para todo processo. Ele nos leva a pensar sobre o que define as amizades da juventude e como elas permanecem (ou não) em nossas vidas. Além disso, é muito interessante o retrato cultural da Índia, um pouco da pluralidade religiosa, das disputas políticas, e as classes sociais. 
 
É mais um romance do que um retrato cultural, mas acredito que isso realmente enriquece a literatura, quando você tem uma ótima história muito bem amparada no seu mundo literário (seja ele real ou imaginário).