30 de março de 2018

O Conto da Aia

Editora Rocco - Capa Laurindo Feliciano

Eu li O Conto da Aia! Mas ainda não vi a série.

A história de Margaret Atwood é incrível e fantástica - escrita há 30 anos atrás, relata um futuro distópico - quando os Estados Unidos são dominados por um poder religioso cristão que proíbe as mulheres de terem cidadania. A ideia dos líderes é voltar ao tempo bíblico de Abraão, no que é conveniente e da forma que é conveniente, o que dá uma boa discussão sobre tradição, religião, cristianismo e poder.

A narrativa é feita por uma mulher, a Aia do título, rememorando o que se passou. No entanto, a forma em que isso é feito - a velocidade dos acontecimentos, as explicações, mesmo a própria personagem - deixa muito a desejar. Dá para entender porque esse livro ficou no esquecimento por tanto tempo (não havia uma edição disponível para venda aqui no Brasil quando a série foi lançada). Aliás, seu sucesso atual é por conta da série realmente - ouvi muitos comentários positivos - que deve ser mais emocionante que o livro.

Geralmente o livro é melhor que o filme, mas aqui não parece ser o caso. Vale a leitura se você não for assistir a série, ou se quiser mesmo saber detalhes da história.

27 de março de 2018

A girafa, o pelicano e eu

Editora Editora WMF Martins Fontes - Capa Kátia Harumi Terasaka

"A girafa, o pelicano e eu" é o quarto livro do Roald Dahl que eu leio esse ano, e o mais parecido com uma fábula, já que o foco é o relacionamento de um menino com uma Girafa, um Pelicano e um Macaco (não entendi porque ele não faz parte do título) que se tornam amigos e ajudam uma pessoa mal humorada e é recompensada por ela. Tem uma moral, tem uma graça, e tem assunto sério também já que os 3 animais da história tem uma empresa de lavar janelas, ou como usar as características e talentos naturais de cada um para fazer negócio.

23 de março de 2018

As Rãs

Editora Companhia das Letras - Capa Carlo Giovani

O livro "As Rãs" foi escrito pelo autor chinês Mo Yan, ganhador do Prêmio Nobel em 2012. É incrivelmente perturbador por focar a narrativa a médica / parteira de uma região do interior, que também tem a responsabilidade de colocar em vigor a política de Filho Único do governo, o que inclui abortos de "filhos não autorizados", operações de vasectomia, e colocações de DIU em pessoas reticentes.

É chocante.

Incrível que eu nunca tinha parado para pensar no que realmente significava a política de filho único na China. Algo impessoal como: as pessoas só podem ter um filho, e assim elas faziam e pronto. Mas não, óbvio, não basta uma lei para decidir isso - ainda mais para pessoas cujos filhos representam riqueza em mão de obra... Como deve ter sido difícil!

O narrador passa uma ideia de insensibilidade também, não só com essa questão social como nos seus próprios relacionamentos, o que dá um teor estranho para o livro - o que é aprofundado pelas diferenças culturais entre brasileiros e chineses.

Não posso dizer que eu adorei o livro, mas recomendo, claro, porque é sempre interessante ler sobre outras culturas num livro de um bom autor reconhecido.

17 de março de 2018

Dying to Read

Editora Revell

Eu peguei esse livro de graça numa promoção na Amazon, principalmente por causa do título algo como "Morrendo para Ler - uma Novela" (de Lorena McCourtney).

É um livro de mistério, do tipo "whodunit" (quem fez?), ou seja, a linha é descobrir o assassinato do cadáver que aparece no primeiro capítulo. No caso, uma senhora que está morta quando as amigas chegam para um clube do livro na casa dela.

A personagem principal, Kate, não está dando certo na vida e resolve ajudar o tio na empresa de investigação particular e acaba sendo levada para o meio desse "mistério".

Eu achei interessante que a personagem é cristã, então tem uma referência aqui e ali, mas não é o tema do livro nem o assunto principal. No entanto tem algumas partes bem forçadas, principalmente quando aparece o mocinho da história.

O que me decepcionou mesmo foi que, fora a morta estar participando de um clube de leitura, não tem mais nada a ver com "livro" ou "ler", que era o que eu esperava a partir do título.

As bruxas

Editora WMF Martins Fontes - Capa Kátia Harumi Terasaka

O filme "A Convenção das Bruxas" fez parte da minha infância e por muito tempo essa foi a minha definição de bruxas (até Harry Potter, claro).

Então, ler esse livro agora foi uma delícia: lembrar da infância, imaginar lê-lo com as minhas filhas (no futuro, não recomendo para menos de 7 anos) e descobrir outro livro ótimo do Roald Dahl. 

Como é gostoso ler um bom livro infantil - com muitas páginas, poucas ilustrações, e ainda assim para crianças, e para viajar junto com essa história muito louca. 

7 de março de 2018

A Restauração das Horas

Editora Nova Fronteira

A maior vantagem de ler os ganhadores do Pulitzer é que são livros bons. Livros que foram lidos, analisados, e receberam um selo de qualidade, que nem todos - aliás a maioria - tem.

No entanto, não quer dizer que todas as histórias vão ser realmente legais - como esse "A Restauração das Horas", de Paul Harding (em inglês: Tinkers, que pode ser traduzido como Latoeiro). Aqui, um homem está no leito de morte - literalmente a horas de morrer (o autor informa: "faltando 86 horas para que o fulano morra"), e ele começa a divagar sobre a sua vida, e o narrador vai misturando com relatos da vida do seu pai e do seu avô.

É um retrato cultural interessante do interior dos Estados Unidos - como em 3 gerações há tanta mudança de ocupação, convívio familiar, tipo de domicílio - mas não sei se pela profusão de personagens masculinos, não me envolvi tanto com a história como em outros casos. Em li em paralelo com o livro As Horas, e este foi tão melhor!

Mas, é claro, que se trata de um livro bom.


1 de março de 2018

The Hours

Editora Picador USA

Além de ter ganhado um Pulitzer, "As Horas" foi adaptado para um filme de sucesso com Meryl Streep, Nicole Kidman e Juliane Moore. Eu não lembro de ter assistido o filme, então fui me surpreendendo com a história, de um dia na vida dessas 3 mulheres em momentos de vida e épocas tão diferentes, mas tão naturalmente similares.

Michael Cunnigham realmente me surpreendeu pela sensibilidade de apresentar um fluxo de pensamento tão coerente para pessoas do sexo oposto. Eu sei que é isso que os bons escritores fazem: se multiplicam em diversos personagens, mas isso é feito com maestria nessa obra.

Parece ser um dia comum para as três, mas enquanto a superfície é calma e rotineira, por dentro, borbulham inquietações, dúvidas e crises. Com relação a Virgínia Wolf, sabemos o que irá acontecer por ser um fato histórico (mas que ocorre no futuro do tempo do livro), mas para as outras duas, vamos acompanhando passo a passo como vai se desenrolar.

A história começa mais devagar - porque é uma apreciação dessa superfície inócua, mas a medida que os eventos aceleram - na verdade, a medida que as conhecemos melhor (o que inclui lembranças, conversas, reflexões), o livro vai se tornando muito mais interessante e é difícil parar até chegar ao fim.