6 de julho de 2017

Operação Impensável

Editora Intrínseca - Capa Cláudia Warrak

Pode-se escolher um livro pela capa, pela história, por uma recomendação, por uma circunstância. Eu escolhi ler "Operação Impensável" porque a personagem principal chama Lia, igual a minha filha. Critério assim meio torto, mas o fato de ser uma autora brasileira - Vanessa Barbara (e eu gosto de ler literatura local) e também estar bem barato na versão digital do kindle, também pesaram na decisão.

A história é bem simples: o começo, o meio e o fim do relacionamento entre Lia e Tito - a história começa indicando que o casamento acabou. Mas não é um relato linear, parecem mais registros escritos ao longo desses anos, emails, recados, entradas em diários. (Tem muita piada interna do relacionamento deles, referências a filmes que eu não vi, e isso eu não consegui acompanhar - e convenhamos que piada interna não tem graça para quem está de fora mesmo).

A partir daí, é difícil ficar isento - ir apontando o que foi certo, o que foi errado, talvez até escolher algum lado, aquela típica atitude de julgamento ou então de identificação - algo como já passei por isso, ou tenho um amigo que já passou por isso e sei bem como é, olha aqui, ouve esse conselho (mas no caso dos personagens, essa parte de interferir no rumo das coisas não rola).

Um ponto interessante é que os personagens adoram a guerra fria - a Lia é historiadora estudante do assunto, então o livro é permeado por fatos e referência a esse assunto - aliás, Operação Impensável, é uma dessas referências.

Mas o que eu mais gostei é a pequena coletânea de piadas soviéticas da época do regime comunista, e ver como rir de si mesmo é uma característica humana que não depende de posição politica ou econômica. Como por exemplo essas:

Três prisioneiros estão num gulag na Sibéria contando como foram parar lá.
"Eu cheguei ao trabalho cinco minutos atrasado, então fui acusado de sabotagem."
"Eu cheguei cinco minutos mais cedo e fui acusado de espionagem."
"Eu cheguei na hora e fui acusado de possuir um relógio ocidental."

A professora pergunta à classe: "Quem são a mãe e o pai de vocês?"
Um aluno responde: "Minha mãe é a Rússia e o meu pai é Stálin."
"Muito bem!", retruca a professora. "E o que você gostaria de ser quando crescer?"
"Órfão."

Para terminar, o livro vai morno, mas o final é bem interessante. E completando o pacote: eu li por causa da personagem Lia, mas não é que apareceu uma Anna também? (nome da minha outra filha)






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