3 de maio de 2016

Quarto

Editora Verus - Capa André S. Tavares da Silva e Fearn Cutler de Vicq

Emma Donoghue escreveu um livro impressionante e impactante, daqueles de prender a atenção e dar pesadelos depois: "Quarto", A história é tão boa, que, transformada em filme - O Quarto de Jack - foi nomeado e ganhou prêmios importantes (embora isso (livro bom - filme bom) claramente não seja uma regra). 

A narrativa é do ponto de vista de Jack, que nascido no cárcere privado em que sua mãe é mantida, nunca viu "o mundo lá fora", e realmente achava que nada existia - o que passa na TV é "de mentirinha". Sua mãe fez o melhor que podia nas suas circunstâncias, já que, o filho dela, (tadinha), não veio com manual de instruções para situações difíceis.

Eu mesma mãe de crianças pequenas me impressiono sempre como somos nós (pais, educadores, adultos ao redor) que construímos o universo da criança, explicando e interpretando o que ela vê, o que é dito, o que acontece e até o que ela sente. São inúmeros os "por que aconteceu isso?", "por que você disse isso?", "por que ela fez aquilo?", e cada resposta é um tijolinho na realidade daquela pessoa pequena. Para ser confirmado, desconstruído, derrubado e refeito ao longo da vida, mas sendo formado mesmo assim.

Eu gosto da literatura que nos leva ao extremo da realidade - e se acontecesse esse absurdo? - e coloca gente de verdade ali - não heróis perfeitos, mas pessoas que procuram fazer o seu melhor, e possuem fraquezas, medos e erram. Gosto de ver uma mãe que tenta proteger ao máximo o filho, fazer o melhor por ele, mas não é a mãe perfeita sempre, porque ninguém é. E não deixa de ser fantástica por isso.

2 comentários:

  1. Olha, de todas as coisas que experimentei lendo esse livro, confesso que não me deu pesadelos, mas volta e meia ainda ouço o Jack dizendo que “monstros são grandes demais pra existir”. Tem uma crítica, não sei de qual revista americana, Newsweek, acho, em que ele diz que você leva o Jack consigo, muito tempo depois da leitura (e ele estava certo). Esse é mesmo um belo livro, e ainda me surpreende ser tão desconhecido por aqui, sendo tão premiado mundo afora. Já faz algum tempo que o li, e ainda vejo o seu efeito nas pessoas (mesmo nas que apenas assistiram ao filme). Já li muita coisa na vida, não só por prazer, mas também por profissão, sendo tradutor e revisor de textos. Mas confesso que nunca li um livro como esse, não encontrei em nenhum outro livro palavras como as de Jack. Nunca me senti tão profundamente tocado por palavras tão simples como as de um menino de cinco anos, sua singularidade, sua visão de mundo (não apenas aquele mundinho restrito do Quarto, mas o mundo do "Lá Fora", como ele diz. É uma história difícil? sim, concordo, mas como você descobre nas palavras da Mãe "tudo tem dois lados". O filme é belo, poético, emociona, faz pensar, mas o livro é muito melhor, e tem muito mais do que aparece no filme. Senti falta em especial do senso de humor do Jack. Mesmo sendo uma leitura tensa às vezes, não da pra não morrer de rir com as coisas que ele fala, seja por sua ingenuidade ou por sua perspicácia diante de coisas que nem nos damos conta em nossa correria diária. É uma leitura que faz toda a diferença, quando você assiste a um filme como este. Um abraço.

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  2. Vi o filme apenas, mas achei lindo, poético, sofrido, ótimo. Me interessei pelo livro.

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