25 de abril de 2016

Fim

Editora Companhia das Letras - Capa Alceu Chiesorin Nunes

O livro Fim é exatamente sobre isso: o fim, o derradeiro, a morte. Do último para o primeiro, Fernanda Torres descreve os momentos finais de cada um de um grupo de amigos - morte trágica, por acidente, doença, suícidio, diferentes fins. 

É interessante que vamos tendo uma perspectiva de como foi a vida de cada um dos personagens ali pelo que acontece um pouco antes do fim, pelo que eles lembram (numa descrição mais longa do que a vida inteira num piscar de olhos).

Dá para refletir também sobre o que mantém juntos os amigos - ou o que os separam. Quando somos jovens, acreditamos que as amizades são eternas, principalmente aquelas de colégio, principalmente se você for uma garota - com melhores amigas para sempre e tal. Mas a vida muda muito, a gente muda um pouco, e descobre que manter amizade - considerando as da escola, as da faculdade, as da hidroginástica, as da igreja, as do trabalho anterior, etc - dá o maior trabalho (mesmo se for gerenciar boa parte delas por whastapp e facebook - encontros ao vivo é melhor nem citar).

No fim, quem vai estar com a gente? Ou melhor, quem a gente vai querer que esteja com a gente?

24 de abril de 2016

An abundance of Katherines

Editora Speak

Eu queria ler o livro O Teorema Katherine porque eu gostei do título em inglês: An Abudance of Katherines, inusitado pelo uso da quantificação e por também gostar desse nome próprio (mas mais das versões Catarina e Catherine).

Mas o livro repete um pouco do Looking for Alaska ou Paper Towns, um adolescente comum, sem sorte com as garotas, um pouco nerd, de coração partido e por isso, meio chato. Nesse caso, o garoto quer criar uma equação para estimar o sucesso ou o fracasso de um relacionamento, considerando como dados de entrada todos os relacionamentos que ele teve com Katherines - 19.

É um livro adolescente, e com ele fecho meu ciclo John Green, ufa! Esse realmente não vale a pena (a menos que você tenha menos de 17 anos).



19 de abril de 2016

A Lua de Mel

Editora Record

Lottie tem 30 e poucos anos e quer casar. Depois de alguns anos de relacionamento sério, uma série de mal entendidos a levam a crer que será pedida em casamento - mas o tal do namorado só quer saber como eles podem usar as milhas nas próximas férias (an-ham, você tem que aceitar que ela é delirante). Ela termina o relacionamento, e logo em seguida reencontra um ex-namorado que está numa fase reflexiva e propõe que eles se casem mesmo sem terem se visto nos últimos dez anos (ou mais) porque o namoro deles foi ótimo e eles são "almas gêmeas". 

Em paralelo, sua irmã Fliss está passando por um divórcio traumático e tem que dar conta de sua própria recuperação emocional, do emprego, do filho e da preocupação com a irmã que acaba de tomar uma decisão precipitada e errada ao aceitar casar com o namorado da juventude em plena fase de rebound (alguém lembra o termo em português?). 

"A Lua de Mel", de Sophie Kinsella é um chick lit leve e bem forçado para cair na comicidade (e por isso é melhor que o livro do post anterior, Simplesemente Acontece), mas dá vontade de bater nas duas irmãs de vez em quando. Delirantes e obcecadas, tomam atitudes que pelamor, viu. No entanto, as duas são bem sucedidas em suas profissões, principamente a Fliss que é a editora principal de uma revista renomada de turismo. Post isso, me pergunto se é comum que mulheres com tanto sucesso na carreira possam realmente ser tão limitadas em sua inteligência relacional...

(De qq forma, daria um filme lindo - já que boa parte da trama se passa na Grécia, o tal lugar da lua de mel).


Simplesmente acontece

Editora Novo Conceito

Muitos conhecem Cecelia Ahern do livro (e filme) P.S. Eu te amo, que é bom. Então foi com ele em mente que eu fui ler "Simplesmente Acontece", que é ruim. Simplesmente ruim. 

E a partir daqui, spoilers sem controle. É um favor para você não ler o livro.

A história começa com a amizade entre um menino e uma menina - Alex e Rosie, que viram adolescentes, e obviamente poderiam se tornar namorados, mas "isso nem passa pela cabeça deles", Alex se envolve com outra pessoa, Rosie morre de ciúmes, e antes de resolver tudo, ele muda de Dublin para os Estados Unidos. No dia da formatura, ele viria para a festa, mas perde o voo, e Rosie fica com qualquer um aí e engravida. A partir daí, tudo - simplesmente TUDO - que remotamente poderia acontecer acontece postergando que eles fiquem juntos. A autora se dá ao trabalho até de - ironicamente - repetir o enredo do casal original com a filha de Rosie e um amigo da escola - a amizade "improvável" entre menino e menina, o menino que quer ser dentista (Alex queria ser médico), o romance que fica na berlinda. Sério? Apelação.

Talvez o único ponto interessante é que a história toda é contada através de bilhetes, cartas, mensagens, diário dos personagens, etc, qualquer forma de comunicação e registro por escrito. Fico pensando se a nossa história poderia ser contada dessa forma - mas acho que o recurso de áudio do whastapp já corta boa parte do registro escrito atualmente...   

13 de abril de 2016

Toda luz que não podemos ver

Editora Intrínseca
É fácil criar expectativas a partir de um título tão poético: "Toda luz que não podemos ver". Melhor ainda é descobrir lá pelo meio do livro que é uma alusão ao espectro não visível da luz - física pura. Anthony Doerr faz um livro assim: poético com um toque de tecnologia - no caso, o rádio.

A maior parte da história se passa durante a segunda guerra mundial, e embora eu concorde que esse tema já tenha sido bem explorado, eu gostei da abordagem do autor: tem um pouco de Alemanha, um pouquinho da fuga de Paris frente a Ocupação, e a convivência forçada com o Eixo numa cidadezinha litorânea, Saint Malo.

Além disso, temos duas personagens muito carismáticas - Werner Pfennig, um garoto pobre alemão que se mostra um técnico de rádios incrível e por isso tem as portas abertas para uma carreira promissora - no caso, no exército alemão, e Marie-Laure LeBlanc, uma garota cega que é filha do chaveiro do museu do Louvre, e que foge com o pai para Saint-Malo. É claro que as histórias estão entrelaçadas, mas o como eu vou deixar você descobrir. 

É um livro mais leve do que se pode esperar (considerando que estamos falando da Europa em guerra), e ficção descarada (até com um elemento fantástico), mas com uma visão diferente do evento histórico de quem está acostumando a ler sobre os judeus, os campos de concentração e o front de batalha. Daria um belo filme!