31 de dezembro de 2016

Top 2016

Minhas melhores leituras de 2016:

Literatura
  • Garota Exemplar
  • Pequenas Grandes Mentiras
  • Poderoso Chefão
  • Quarto
  • O rouxinol
  • Meio Sol Amarelo

Não ficção
  • Faça acontecer
  • Como pensar mais sobre sexo
  • O resgate do feminino
  • Como encontrar o trabalho da sua vida



Estatística 2016

Em 2016, ainda estou descobrindo o que é ter duas filhas pequenas e arranjar tempo para mim mesma e para leitura - eu realmente acredito que vai ser mais fácil a medida que elas crescerem.

Em números:

- 50 livros;
- 6 livros brasileiros (só... mas faltam promoções de bons autores no kindle);
- 44 estrangeiros;
- 8 livros físicos;
- 42 livros digitais (principalmente no aplicativo do kindle, que dá para ler em qualquer lugar. Meu foco foi comprar livros em promoção);
- 11 livros clássicos (com mais de 50 anos);
- 6 livros da Agatha Christie;
- 32 livros de autoras femininas - mais da metade!



Eu não consegui manter regularidade para os posts no blog esse ano, mas em dezembro consegui colocar tudo em dia.

Mesmo assim, a página no facebook aumentou um pouquinho e agora são 1027 curtidas.

As metas de 2016 eram:

  • Continuar lendo 1 livro por semana, em média - nada ousado, mas exequível, diante da minha rotina.
    • Quase cheguei lá - faltaram 2.
  • Ler os 100 livros mais amados do Reino Unido, uma lista da BBC de 2003 - eu já li 43, e espero ler todos os outros nos próximos 2 anos.
    • Eu li mais 6 livros da lista (total: 49) e percebi que não tenho vontade de ler todos, por exemplo, não quero ler outro livro de Thomas Hardy. Então a meta foi estendida para ler 80% dos livros até 2021.
  • Ler todos os livros da Agatha Christie. A minha meta é que isso aconteça nos próximos 5 anos, para ir lendo em doses homeopáticas.
    • Eu leio Agatha Christie desde os meus 11 anos (o primeiro foi "Os 13 problemas"), mas eu vou considerar só os livros com resenha aqui no blog. Custa nada reler tudo o que eu já li, hahaha. Então, nessa contagem, são 26 livros. 
Eu vou manter as mesmas metas para 2017, com prazo adaptado:

  • Ler 1 livro por semana;
  • Ler 80% dos livros da lista dos 100 livros mais amados do Reino Unido até 2021.
  • Ler todos os livros da Agatha Christie até 2021.

23 de dezembro de 2016

Meio Sol Amarelo

Editora Companha das Letras - Capa Mayurni Okuyama

"Meio Sol Amarelo" é uma história de guerra, guerra feia, mas focada nos personagens humanos, tão humanos.

No Brasil, não estudamos direito a história da África, não conhecemos suas particularidades, e, arrisco eu, mesmo com toda nossa história que nos une a eles, sabemos pouco de sua cultura. Então esse livro é uma ótima janela para um povo, os Ibos, e o que foi a revolução de Biafra contra a Nigéria na década de 60.

A autora Chimamanda Ngozi Adichie deixa claro que há só inspiração, não fatos reais, mas é impossível não entender que relatos jornalísticos podem não ser tão fidedignos assim, e suspeitar do que sabemos sobre conflitos atuais.

Aliás, mesmo dentro do conflito - como acontece nessa história - é possível observar com clareza como o controle das informações para criar o medo pode ser uma ferramenta potente em uma guerra, ao fragilizar tanto as pessoas, mesmo se as pessoas acreditam piamente na vitória.

É uma história tremendamente triste. E bonita. E incrível.

Gathering Shadows

Editora Bethany House - Capa por Dan Pitts

Gathering Shadows é um suspense dramático - uma jornalista aproveita uma oportunidade de reportagem para procurar pelo irmão que foi desapareceu quando era criança. Ela chega nessa cidade chamada Sanctuary, onde vivem cristãos memonitas, que tem várias regras restritivas de comportamento, inclusive relacionadas a tecnologia. Logo de cara, a cidade é apresentada como um refúgio para pessoas com segredos, não necessariamente cristãs, mas é só para dar o clima. 

Esse foi minha primeira incursão na literatura cristã contemporânea, mas o que eu acho mais intrigante é ver o tanto de livros sobre pessoas menonitas e amish que existem. Ser diferente realmente chama a atenção.

Antropólogo em Marte

Editora Companha de Bolso - Capa


Oliver Sacks escrevia sobre neurociência e no livro "Um antropólogo em Marte", não é diferente. Ele descreve com profundidade 7 pessoas com tipos diferentes de problemas neurológicos / psiquiátricos. É bem técnico, então dá para se perder em algumas partes se o interesse não é esse (fisiologia / funcionamento do cérebro), mas tem também dramas humanos, que é a que mais me interessava.

Os casos extremos apresentados aqui não são tão comuns. Quando ele fala de uma pessoa que recupera a visão na vida adulta, depois de ter sido completamente cega, ele diz que fora esse só havia mais um caso reportado na literatura médica em mais de 100 anos. No entanto, ao entender um pouco mais desses casos extraordinários, é possível compreender melhor a maioria da população, e nisso há beleza nessa ciência.

First Comes Love

Editora Ballantine Books
Em "First Comes Love", Emily Giffin fala sobre duas irmãs, muito diferentes, marcadas pela morte acidental de seu irmão aos 18 anos. Elas seguiram caminhos diferentes, e no meio de tantas presunções recíprocas, elas nem conseguem conversar direito. O livro vai pulando de foco ao longo dos capítulos, uma vez com Josie, uma vez com Meredith, e você pode perceber claramente que elas estão erradas uma sobre a outra.

Meredith é casada e tem uma filha, mas está passando por uma crise de identidade e uma crise de casamento. Josie mora com o melhor amigo, desiste de arranjar um namorado / marido, mas quer engravidar mesmo assim. O livro caminha nessa discussão sobre se o amor - o amor conjugal - é importante ou imprescindível ou necessário ou suficiente.

Eu, como romântica, acho que é tudo isso sim. Mas temos um mundo moderno de relações líquidas, e individualidade crescente, então para algumas pessoas, acho que não é nada disso mesmo. A temática desse livro está em linha com esse novo movimento.

Diary of a single Wedding Planner

Editora Charbar Productions
Eu gosto de ler uns livros bestas para variar - refrescar a mente de leituras sérias e rotina cansativa, mas agora eu estou começando a me questionar se realmente vale a pena. 

Violet Howe escreveu uma série de livros sobre Tyler, uma garota que é assessora de casamentos - Diary of a Single Wedding Planner. Nesse primeiro, ela está solteira - tem um melhor amigo que é "só" melhor amigo, um ex-namorado que casou com outra mas agora divorciou e reapareceu, e um diário em que ela escreve diariamente mesmo (e não, ela não é adolescente). Para ser engraçadinho, ela conta causos e ocorridos tanto da etapa de preparativos como da festa de casamento em si, mas que parecem um tico forçado.

Boa parte do livro ela tem crise existencial sobre o que quer da vida, de quem ela gosta, e se casamento vale a pena, e se ela vai morrer solteira, já que está solteira aos 25 anos. 25 anos. Puxa.

Aí eu fico revirando os olhos e achando a personagem principal tão besta, que eu realmente não sei se vale a pena como distração mesmo...

Nemesis

Editora Harper - Capa Sara Wood

Nemesis é a deusa grega da vingança, e é claro que Agatha Christie, em uma ironia nada sutil, traz Miss Marple, a senhorinha fofinha do interior, para representar esse papel nessa história. O ricaço que nossa detetive inglesa preferida conheceu em O Mistério no Caribe morre, e deixa como missão para ela investigar uma história de mais de 10 anos atrás, para descobrir a verdade, e poder vingar o filho - se justo - de ter sido preso por um crime que não cometeu. 

Para isso, ela é enviada em uma excursão, que desencadeia diversos fatos que a levam para até a solução do assassinato, mas é claro que é um pouquinho forçado tanta coisa acontecer relacionado a um crime tão antigo num espaço tão curto de tempo, mas e daí, Miss Marple salva o dia, e nós a amamos!

O Rouxinol

Editora Arqueiro

Logo no começo, o livro O Rouxinol apresenta uma senhorinha e passa para o flash back da vida de duas irmãs francesas na II Guerra Mundial. Então é claro, e não spoiler, que uma delas está viva ainda - apesar de todos os perigos e percalços que elas passaram - mas a dúvida é: quem? E mais do que isso - porque você sempre pode chutar ou pescar evidências - como?

Eu gostei muito de ler um livro na perspectiva da França Ocupada - eu sei que Toda Luz que não podemos ver também era sobre isso, mas aqui falamos da linha de frente da Resistência. De pessoas tendo que ter alemães morando em suas casas. Do dilema diário de resistir, enfrentar, aceitar, fugir. 

Há o lado da vítima, que é perseguida, que é atacada, que é aprisionada e que é morta.

Há o lado do algoz, convicto, consciencioso.

E agora eu posso imaginar quão difícil é ser esse terceiro lado, que é impossível ser imparcial, que ser omisso já é uma decisão para um dos lados, que por vezes demonstra muito mais coragem do que aquele que ataca.

Eu admiro todos aqueles que, um dia, se meteram numa briga para defender o lado mais fraco, para protegerem alguém, para fazerem o que é certo. Ainda há pessoas assim, heróis discretos, valentes, diários. Que Deus possa proteger e ajudar vocês.



Amálgama

Editora Nova Fronteira

Amálgama é uma coletânea de contos do Rubem Fonseca, que mostra o que é autor bom. Autor bom mostra arte e talento ali, em 3-4 páginas. Sempre me impressiono o universo de sentimentos e reflexões que podem ser geradas por narrativas curtas. Desde que, claro, sejam feitas por um autor realmente bom.

21 de dezembro de 2016

Stopping Stress before It Stops You: A Game Plan for Every Mom

Editora Revell

Eu me interessei pelo título e por ser voltado para mães, mas Stopping Stress Before It Stops You foi escrito na década de 80 e realmente aparenta isso, está completamente datado.

Há bom senso com relação a priorizar atividades, ter momentos de folga, e na indicação de que o relacionamento dos pais é a base de uma família saudável.

E embora haja um capítulo focado em mães solteiras (que realmente aguentam uma barra), o autor Kevin Leman ainda advoca que a mãe fique em casa com os filhos, para diminuir o stress de todos os envolvidos (há inclusive uma seção chamada Você realmente precisa daquela jacuzzi? Hahahaha).

The Royal Baby Book

Editora Royal Collection Trust

Amiga que é amiga sabe que você adora a monarquia inglesa e traz um livro só sobre bebês reais desde a rainha Vitória, em 1849. São capítulos curtos que mostram pinturas e fotos, alguns objetos das crianças (tem até bilhetes escritos para os pais), mostrando um pouquinho da cultura da época. Os fatos e fotos foram compilados por Nina Chang e Sabrina Stevenson.

Os Filhos de Anansi

Editora Intrínseca - Capa ô de casa
Eu sei que Neil Gaiman escreve ficção sobre seres mitológicos, deuses, semideuses, etc, mas eu me surpreendi ao começar a ler esse livro "Os filhos de Anansi", que começa de maneira tão corriqueira, tão mundana, tão comum. Devia ser essa mesmo a intenção, para mostrar como os dois filhos de Anansi, tipo um deus aranha, eram tão diferentes. A magia e o poder ficaram com o outro filho, que demora mais a aparecer. 

Eu não lembro de ter lido Neil Gaiman antes, mas gostei de ler essa história divertida de um mundo em que a humanidade e a mitologia convivem.

O Segredo do Meu Marido

Editora Intrínseca 
Lendo pela segunda vez Liane Moriarty, dá para confirmar que a autora escreve sobre o universo das mulheres com filhos, mas colocando ali uma pitada de drama de consequências inimagináveis. Ou melhor, ela imagina e escreve o livro todo com esse fato fora do comum, afetando e mudando a vida do círculo de personagens, mas é difícil prever o que o mesmo fato faria na vida de outras pessoas, ou mesmo na sua.

Em "O Segredo do Meu Marido", você pode achar que sabe que tipo de segredo é esse que marido tem, mas não é bem isso. Aliás, nem perto. Depois, você desconfia antes de ela contar, mas aí você fica com aquela batata quente na mão, sem saber como lidar. Ainda bem - quem precisa lidar são pessoas ali do outro lado do mundo, e você só se recosta, e curte um livro fácil e emocionante. Leitura de férias para entreter mesmo. Mas fica pensando: e se fosse você?

Os meninos da Rua Paulo

Editora Cosac-Naify - Foto da Capa Tony Linck - Time Life Pictures / Getty Images

Os meninos da rua Paulo de Ferenc Molnar é um livro curtinho, quase conto, assim tão belo e singular. É um livro sobre guerra, uma disputa de território - entre duas facções de rua - o que inclui, claro, coragem e honra, mas tratam-se de crianças. Não adolescentes ainda. Não homens ainda. Crianças.

Nós podemos lembrar dessa ocasião de nossas vidas. Quando é importante a posse , o status, o fazer parte de um grupo. E nós podemos lembrar de sentir, mais do que saber, que todo mundo é igual, apesar disso.

Realmente, um livro belo e singular.

20 de dezembro de 2016

Tess of the d'Ubervilles

Domínio Público

Tess of the d'Ubervilles é uma tristeza. Um livro longo e lento. E uma história pura de sofrimento da coitada da Tess, que praticamente não faz nada de errado e só apanha por todos os lados. Ao mesmo tempo que eu ~tentava~ ler esse livro, uma amiga lia Far from the Madding Crowd, do mesmo autor Thomas Hardy - e percebemos que realmente ele gosta de dramas novelescos sofridos. Ambos os livros estavam na lista da BBC - como os livros mais amados - mas sério, não dá para entender.

Eu entendo que era uma outra época, outra sociedade, mas eu fiquei com uma raiva profunda desse mundo que eu gostaria que não existisse mais, mas existe sim, e a gente tem que conviver com ele. Só para explicar melhor, vou dar alguns spoilers, então é melhor parar aqui se você por acaso se interessar em ser 'surpreendido' por esse livro.

A tal da Tess é a mais velha de uma família bem pobre, e o pai quer que ela consiga algumas vantagens com um primo rico que eles descobrem que tem. Elá vai para casa desse primo, e ele dá em cima dela repetidamente, e ela vai tentando se manter pura. Uma bela noite, voltando de uma festa do vilarejo local, ela se vê sozinha com ele numa floresta. Ela dorme. Ele a ataca. Ela volta para a casa dos pais, humilhada e arrasada, grávida e, o que é pior para o pai, sem nenhum tostão. Ela nem chega a falar para o cara que ficou grávida. O bebê nasce fraco e morre, e ela vai tentar reconstruir a vida, mas já está ali no meio de reprovações familiares, de amigos, da religião e de si própria. Ela nunca será perdoada por ter sido... a vítima. 

Esse livro tem 125 anos, e eu não sei se fico grata porque - quero acreditar - a maioria das pessoas já não pensa assim, ou se fico decepcionada desse pensamento da culpa da vítima ainda estar por aí, e as pessoas sejam condenadas por sofrerem um crime - penal e moral.

19 de dezembro de 2016

Luzes de emergência se acenderão automaticamente

Editora Alfaguara - Capa Mariana Newlands

Eu gosto de ler novos autores brasileiros e livros com títulos criativos e esses dois requisitos foram atendidos com "Luzes de emergência se acenderão automaticamente", de Luisa Geisler. É possível conhecê-la melhor através dos seus posts no blog da Companhia das Letras, como por exemplo essa linda Carta de Amor.

A autora é do Rio Grande do Sul, e escreve sobre hoje, essa década, Porto Alegre, e isso é muito legal (incrível essa safra de escritores de lá - além dela, Daniel Galera, Carol Bensimon). Nesse livro, um cara escreve cartas para o melhor amigo que sofreu uma queda besta, mas entrou em coma, e os médicos não tem mais o que fazer. Há algumas narrativas em terceira pessoa, mostrando a nós leitores o que o Henrique não sabe, ou não vê. 

É uma trama corriqueira, rotina, quase a vida do seu vizinho, ou de outra pessoa que você conheça bem ou mais ou menos. Eu fiquei meio assim, sem saber se gostava do livro porque é bem escrito, ou se não gostava porque não simpatizei com os personagens. Mas com certeza a Luisa Geisler continua na minha lista de autores a ler.

18 de dezembro de 2016

O voo da Libélula

Editora Arqueiro - Capa Retina78
O Voo da Libélula é um livro de suspense com um ponto de partida bem intrigante: um avião cai nos Alpes, e uma bebê é a única sobrevivente. Havia duas crianças na lista de passageiros. Quem é ela? As duas famílias brigam pela guarda, mas o mistério dura 18 anos, e esconde segredos de ambas as partes...

Sobreviventes de um acidente aéreo são sempre foco de muita curiosidade - destino, proteção divina, acaso? - então esse mote é bem interessante, e o autor Michel Bussi entrega várias reviravoltas adicionais, o que torna bem difícil de prever o final. É uma leitura assim, de férias, sem muito compromisso, com emoção - um filme seria bem legal.

16 de dezembro de 2016

The Runaway Jury

Editora Century Books
Jonh Grisham escreve livros de tribunal e eles são tão instigantes, e eu acredito que um dos motivos é que não temos esse tipo de sistema judicial aqui no Brasil. Em "O Júri", é preciso entender muito de como um júri funciona nos Estados Unidos (e isso vai se revelando ao longo do livro), para entender todas as artimanhas que são colocadas em práticas pelos dois lados e mais alguém interno ao mesmo para manipular e conseguir um resultado específico.

Se não bastasse a trama ser toda sobre esse jogo que é o julgamento, o assunto também era quente: a discussão se o fabricante de cigarros é ou não responsável pela morte de um fumante. Aí são dados e mais dados, de ambos os lados, sobre se cigarro vicia, se causa câncer, se as empresas deliberadamente tornam as pessoas viciadas, etc, etc. Acredito que esse assunto não esteja mais na pauta das discussões como antigamente (não se debate sobre isso em rede social), mas no meio da década de 90, data em que esse livro foi publicado, era bem quente - o filme foi feito em 2003 (e, é claro, eu não assisti).

Quando os Livros foram à Guerra

Editora Casa da Palavra - Capa Sérgio Campante
Eu já li muitos livros sobre a II Guerra Mundial, mas a abordagem desse é completamente diferente: "Quando os livros foram à Guerra - As histórias que ajudaram os aliados a vencer a segunda guerra mundial". 

Primeiro, palmas à Molly Guptill Manning para dar o devido valor aos livros e à leitura. Ela desenvolve isso bem dentro do texto, mostrando tanto o valor da distração - estamos falando de soldados ao redor do mundo, sem acesso a redes sociais, jogos virtuais e conversas de whatsapp - como no sentido de divulgar os valores que estavam sendo defendidos ao enfrentar o Eixo, principalmente considerando a saudade de casa e as condições "de trabalho".

Além disso, tem toda a parte técnica de prover livros específicos para as tropas: como escolher os textos (literatura clássica, moderna, técnica, etc), como definir o formato do livro (precisavam ser leves, práticos, legíveis, baratos), quantos produzir (estamos falando de milhares de homens), como pagar e como distribuir.

Foi um trabalhão, mas é incrível ver tantos relatos de soldados agradecendo pelos livros, como foram importantes para eles. Como eles esperavam pelos novos carregamentos, como eles trocavam livros entre si, como eles se agarravam a alguma história em particular, e até como um deles caiu num buraco no meio de um fogo cruzado, e por falta de algum lugar melhor para se proteger ficou lendo ali até os ânimos se acalmarem. Também há uma análise do efeito dessa população "mais lida", já que não acontecia do "homem comum americano" ler tantos livros - uma maior parte deles voltou para fazer curso superior e tinham ótimo desempenho.

Por fim, há todo o contexto da II Guerra Mundial vista dos Estados Unidos, a política e a sociedade da época, claro que relacionado ao assunto principal, mas é um vislumbre importante de outra perspectiva, sem o foco tradicional de judeus e nazistas.

Uma ótima leitura sobre o poder e o alcance dos livros num mundo que não existe mais (e eu realmente não sei julgar se o que temos colocado no lugar do livros muda para melhor ou para pior a sociedade em geral).

She Nailed a Steak Through His Head

Editora Dybbuk Press - Capa Tim Lieder

Fiquei com vontade de descrever o conjunto de ações que me fizeram chegar nesse livro, mas deixa quieto e vamos aos fatos. O título é "Ela cravou uma estaca através de sua cabeça", e alguns podem lembrar desse fato bíblico fantástico de uma mulher matar o cara que estava perseguindo os judeus (Juízes 4, para quem quiser consultar). Então, o subtítulo é "Contos Bíblicos de Terror", e realmente faz sentido nessa história (pelo menos do ponto de vista do morto), mas não para por aí.

A proposta do livro editado pro Tim Lieder é reunir contos de diferentes autores reescrevendo histórias da Bíblia. Em alguns casos, a ideia foi realmente boa, e o conto ficou muito bom - como transformar Ruth em vampiro - ou um ser que consome Noemi - e sem mudar os fatos a história fica completamente diferente. Ou o caso de fazer uma transposição dos eventos para o mundo atual, e então só usar analogias com a Bíblia. Mas um deles é tão violento e aterrorizante, que só me provocou repulsa (Swallowed! by Stephen M Wilson), que realmente não vale a pena.

Eu achei interessante esse desafio de reescrever histórias bíblicas - assim como já fizeram com contos de fadas - para criar novas perspectivas ou "preencher" as lacunas de maneira criativa. Mas o meu temperamento não vai muito com histórias de terror (meu limiar está ali no suspense, suporto mais ou menos livros com guerras), então esse livro despertou meu interesse por esse estilo literário, mas não é um livro que eu realmente tenha curtido.


15 de dezembro de 2016

Love Detectives - the complete Quin & Satterthwaite

Editora Harper - Capa Johner / Photonica
Quando se fala em detetive do amor, lembra-se daqueles que investigam traições e suspeições, mas em "Love Detectives" aqui o foco é outro: Mr. Quin e Satterthwaitee envolvem-se em dramas em que o amor de um casal está em risco, por risco de alguém ser morto ou incriminado por assassinato.

Mr. Harley Quin é o homem misterioso, que está sempre de passagem e interfere de forma mínima para que uma boa solução para os apaixonados - lovers - seja encontrada pelo Satterthwaite. Esse último, por sua vez, é um observador sagaz de pessoas, que tem sua oportunidade de agir para salvar - literalmente salvar - as pessoas. Ele é o senhor cativante, por quem torcemos, mas também gostaríamos de conhecer, conversar, convidar para nossas pequenas reuniões de amigos.

Agatha Christie realmente sabe construir personagens maravilhosos!

14 de dezembro de 2016

Como encontrar o trabalho da sua vida

Editora Objetiva - Capa Adaptação de Trio Studio sobre design de Marcial Mihotich

Auto-ajuda. Literatura de auto-ajuda. Eu sei que pode ser difícil. Chato. Lugar-comum. Mas tem livros que se sobressaem e: "Como encontrar o trabalho da sua vida" é um deles. É um livro moderno, totalmente coerente com a sociedade atual, em que as pessoas buscam trabalhos realmente recompensadores a um nível pessoal (o título original menciona fulfilling work), e não algo só para pagar as contas. Um trabalho que não é para a vida toda, necessariamente, mas para uma determinada fase, ano, mês, ou até meio período. Bem diferente daquela história de fazer carreira em uma empresa só.

Roman Krznaric é um filósofo, então ele mistura seu conhecimento, estudos de sociologia, experiência própria e de amigos emblemáticos, para fazer um passo a passo reflexivo para, se quiser, mudar o rumo da sua vida - na esfera profissional e, claro, em tudo que isso envolve. É inspirador saber as histórias de quem rompeu as barreiras do padrão e foi ser feliz de forma diferente.

Dinheiro? Também é mencionado, faz parte da equação da vida relacionada a trabalho. Cada um sabe as contas que precisa ou quer pagar, já que tudo está relacionado a um estilo de vida. Ou melhor, um propósito de vida. 

Eu recomendo esse livro para todos que querem pensar sobre o assunto "trabalho", ou para quem quer realmente encontrar o trabalho da sua vida.

12 de dezembro de 2016

O resgate do feminino

Editora Reflexão

Acredito que todo mundo tenha uma opinião sobre o tema: posição e papel da mulher na sociedade. Nem que seja um "cansei desse tema" ou "não ligo para isso", já que muito provavelmente já ouviu, leu ou mesmo participou de uma discussão sobre o tema.O debate tende a ser acalorado, principalmente nas plataformas de rede social, onde geralmente quem grita é quem está lá no extremo.

No contexto do cristianismo, o assunto torna-se mais delicado. É um mundo moderno, mas o que diz a Bíblia? O que dizem os costumes? O que "pode" e o que "não pode"? O que é a vontade de Deus? Muitas vezes, falar do assunto nesse contexto é pisar em ovos, cuidando para não tropeçar, não ofender, não se fazer mal entender.

Por isso, gostei muito da voz lúcida da Isabelle Ludovico no livro "O Resgate do Feminismo - a força da sensibilidade e ternura em homens e mulheres". Pelo tema delicado, apresento primeiro seu contexto: ela é francesa - uma cultura declaradamente laica e moderna - fez Economia na França e Psicologia no Brasil, e casou-se com um brasileiro. Cristão. Pastor. Tem dois filhos, já criados, soltos pelo mundo. Passou pelo choque de cultura, passou pela decisão de trabalhar ou não, passou pela discussão do que é a posição da mulher dentro do contexto bíblico.

Ela faz palestras - e quem puder assistir, não perca a oportunidade - mas o livro detalha o cerne de sua tese: existem características tipicamente femininas, criadas por Deus, evidenciadas na mulher, mas que devem fazer parte de todos que buscam uma relação verdadeira com Ele e relacionamentos saudáveis com as pessoas ao seu redor - principalmente o cônjuge.

Isabelle Ludovico cita passagens da Bíblia, mas seu livro não se trata de uma exposição teológica. Ela é prática, mostrando caminhos e implicações de atitudes. Há muita da sua experiência clínica como psicóloga - em suas páginas podem estar retratados conflitos comuns a tantas pessoas, com boas respostas.

É um livro relativamente curto, com muitos conceitos e ideias, então podem existir alguns solavancos nas transições de assuntos, mas nada que comprometa o entendimento e a leitura. Eu recomendo esse livro para todas as mulheres cristãs que se interessam por esse tema - e para os homens também. 

11 de dezembro de 2016

Meio Sol Amarelo

Editora Companhia das Letras - Capa Mayurni Okuyama

"Meio Sol Amarelo" é uma história de guerra, guerra feia, mas focada nos personagens humanos, tão humanos.

No Brasil, não estudamos direito a história da África, não conhecemos suas particularidades, e, arrisco eu, mesmo com toda nossa história que nos une a eles, sabemos pouco de sua cultura. Então esse livro é uma ótima janela para um povo, os Ibos, e o que foi a revolução de Biafra contra a Nigéria na década de 60.

A autora Chimamanda Ngozi Adichie deixa claro que há só inspiração, não fatos reais, mas é impossível não entender que relatos jornalísticos podem não ser tão fidedignos assim, e suspeitar do que sabemos sobre conflitos atuais.

Aliás, mesmo dentro do conflito - como acontece nessa história - é possível observar com clareza como o controle das informações para criar o medo pode ser uma ferramenta potente em uma guerra, ao fragilizar tanto as pessoas, mesmo se as pessoas acreditam piamente na vitória.

É uma história tremendamente triste. E bonita. E incrível.

3 de dezembro de 2016

Bleak House

Domínio Público
Eu realmente gosto do Charles Dickens, adoro sua maneira de contar histórias e construir personagens. Mas eu não fui fisgada por Bleak House, ou A Casa Soturna. O livro se arrastou por vários meses esse ano, e eu não simpatizei muito com a personagem principal, Esther, que é super boazinha e sofredora sem nunca reclamar de nada.

O que eu achei mais interessante é o retrato do sistema judicial da época, com o relato de um caso que se estende por tantas décadas que ninguém sabe qual era mesmo o conflito inicial, e ele tem tanto papel que quem se interessa por tentar resolvê-lo acaba ficando louco. 

Ao pesquisar sobre esse livro, li que ele ajudou a mobilizar as pessoas por pedir reforma no sistema, e que realmente funcionou. Livros gigantes podiam ser o facebook de uma época.

At Bertram's Hotel

Editora Harper

Agatha Christie escreveu por um período de tempo bem longo, então ao ler seus livros, é interessante ver que ela também "passou o tempo" para seus personagens. Nós associamos a Miss Marple a uma vida rural inglesa, bem pacata e provinciana, mas nesse livro ela relata como "o mundo mudou" ao longo da sua vida, ao ir novamente a um hotel em Londres que era referência de requinte na sua infância.

"O caso do hotel Bertram" mostra a sagacidade de Miss Marple em perceber mais do que a superfície das coisas, ou melhor, das pessoas, e, é claro, salvar uma pessoa qualquer de assassinato. É uma análise breve de mudança do tempo e como nunca é possível entrar no mesmo rio duas vezes...

26 de novembro de 2016

The Girl Who Circumnavigated Fairyland in a Ship of Her Own Making

Editora Much-in-Little 

O livro de Catherynne M. Valente tem um título bem poético especialmente em inglês: The Girl Who Circumnavigated Fairyland in a Ship of Her Own Making (e a cena em que isso acontece é realmente significativa), a tradução da Editoria Leya não é exata: A Menina que navegou ao Reino Encantado no Barco que ela mesma fez, e está até errada com o que acontece (a garota chega na Terra das Fadas levada pelo vento criado pelo Leopardo).

Ler a história de uma menina levada pelo vento para a terra mágica de fadas, que recebe uma missão e faz as amizades mais diferentes é ter todo o tempo O Mágico de Oz pipocando na mente. Não é uma versão, mas parece quase uma homenagem, sendo, é claro, muito mais moderno: a garota, Setembro, se dá mal por diversas vezes, não sabe o que fazer, é enganada, mas sua integridade e inteligência a leva mais longe e lhe dá as saídas mais engenhosas, com ajuda dos amigos, claro.

O universo de Fairyland é bem complexo, com várias leis e criaturas diferentes e interessantes. Eu particularmente achei complexo demais, o que tornou o livro cansativo, mas entendo que terá apelo para muitas pessoas (por isso ganhou prêmios e há sequências publicadas) - para quem gosta, é um retrato de girl power, assim como O Mágico de Oz (a coleção completa, também tem a resenha nesse blog).

23 de setembro de 2016

O leitor do trem das 6h27

Editora Intrínseca - Capa Mariana Newlands
A editora Cosac Naify está considerando destruir o estoque de livros restantes, e há bons motivos - comerciais e logísticos - para tanto, e se a maioria das pessoas estranha o ato, o diretor da editora diz que se trata de uma "prática comum de mercado", o que pode parecer mais estranho ainda.

Nisso, lembrei do livro "O leitor do trem das 6h27", em que o personagem principal trabalha num lugar de destruir os livros, em Paris. Caminhões chegam todo dia carregados de obras que são jogadas na máquina chamada "A Coisa", e o operador principal - o tal leitor do título - sente a gravidade do "crime" contra os livros - mas é o seu trabalho, e sua ação é salvar algumas folhas diariamente que ele lê no trem do dia seguinte, para quem quiser ouvir.

Esse é só o contexto da história, depois temos um manuscrito misterioso, uma busca pela autora, uma cruzada por todas as impressões de um livro, duas velhinhas simpáticas, eventos e pessoas que enriquecem esse pequeno livro de Jean-Paul Didierlaurent. 

Gosto do mundo em que destruir livros é polêmica. Gosto mais ainda do mundo que lê os livros.


7 de setembro de 2016

A Vida do Livreiro A.J. Fikry

Editora Paralela - Capa estúdio insólito
"Nenhum homem é uma ilha, cada livro é mundo" é o slogan da livraria do personagem título de "A vida do livreiro A. J. Fikry", e eu concordo com isso mesmo - em cada livro, um universo. 

O que mais me atrai nos livros é a possibilidade de observar várias vidas, diferentes trajetórias, complexas interações. Esse livro de Gabrielle Zevin apresenta, obviamente, o livreiro A. J. Fikry, mas ela também inclui personagens secundários muito interessantes, com suas histórias que traçam uma rede em torno da livraria - todos estão interconectados, às vezes de maneiras ainda mais profundas do que eles jamais saberão. (Sim, eu gosto de histórias bem amarradas - e o gênio dessa arte é Charles Dickens).

Além disso, no começo de cada capítulo há uma indicação literária, sincera e direta, da maneira como você recomenda um livro para um amigo. Eu mesma fui anotando os que mais me chamaram atenção na minha lista de desejos de leituras (que só cresce).

O livro é curtinho e gostoso de ler. Depois fiquei sabendo que essa autora escreve livros "Young Adult", mas esse é só "adulto" mesmo, com todos seus dramas, sem ser dramático. 

6 de setembro de 2016

A Caribbean Mistery

Editora Harper Collins
Mais um livro da Agatha Christie sobre a Miss Marple: Mistério no Caribe - sim! a senhorinha mais fofa e perspicaz da Inglaterra viaja para o Caribe e, claro, desvenda um assassinato lá. Como era de se esperar, o que aparenta ser não é verdade, e temos a Miss Marple clamando por Nêmesis (a deusa grega da vingança) durante a noite. Quem conhece sabe que a Nêmesis Marple ainda volta mais uma vez (num livro com o mesmo nome).
Vale também a variação do cenário: da chuvosa vila St. Mary Mead para o calor das ilhas caribenhas - tem gostinho de férias esse livro.

24 de julho de 2016

The mirror crack'd from side to side

Editora Harper

Eu li "A Maldição do Espelho" da Agatha Christie há muitos anos, e o reli agora, e eu nem sei dizer se realmente gosto dele, pois o que mais me impressiona e deixa desconfortável é o motivo do assassinato. Algo assim que pode acontecer com qualquer pessoa... E talvez entrar no rol de "motivos justos", embora eu não acredite em motivos justos para matar alguém.

17 de julho de 2016

Limites sem Trauma

Editora Record - Capa Leonardo Iaccarino

Eu realmente gostei da filosofia educacional da Tania Zagury, equilibrada e coerente, por isso recomendo mesmo seus livros (alguns estão no kindle unilimited). "Limites sem trauma - Construindo cidadãos" explora o tema de como criar e defender os limites para as crianças, tão necessários, sem apelar para o famoso cantinho do pensamento ou mesmo para as também famosas palmadas. 

Tania Zagury é adepta principalmente de um reforço positivo, mas é claro que sem exageros - sem apelar a toda hora para presentes comprados ou uma chantagem (se você fizer isso, ganha isso, se você me obedecer, eu te dou isso), que torna tanto o pai como a criança reféns do negócio.

Sinceramente, eu gosto realmente de ouvir a minha filha de 3 anos dizer: "mãe, não fala brava comigo, fica feliz, eu vou obedecer você", porque ela está aprendendo que os sentimentos das pessoas ao redor é o que há de mais importante nos relacionamentos.

12 de julho de 2016

A probabilidade estatística do amor à primeira vista

Editora Galera - Capa Izabel Barreto

Ok, eu tenho uma queda por livros com títulos nerds como "A probabilidade estatística do amor à primeira vista" de Jennifer E. Smith. Fora o mega título (em tamanho, vai, sei que não é uma genialidade), o livro não é algo marcante, faz algumas semanas que eu li e lembro só de algumas coisas da trama (sim, o blog está meio atrasado).

O mote é garota vai viajar dos Estados Unidos para Inglaterra para o casamento do pai ainda cheia de mágoa do divórcio da sua mãe, mas se atrasa, perde o voo, e encontra o amor da sua vida. É romance adolescente, nada profundo, para se distrair e esquecer.

4 de julho de 2016

Como pensar mais sobre sexo

Editora Objetiva - Capa adaptada por Trio Studio sobre design original de Marcia Mihotich
Eu posso dizer que não cheguei nesse livro pelo título e vocês podem discordar, certo? Afinal, trata-se de uma coleção chamada "A Escola da Vida", que procura discutir questões fundamentais sobre o indivíduo e esse livro é claro: "Como pensar mais sobre sexo".

O fato é que Alain de Botton, o autor e filósofo em questão, não dá essa receita de bolo. Ele discute o sexo sim, em cada um dos capítulos, mas explicando porque a sociedade moderna está tão enrolada com esse assunto delicado, mesmo ele estando cada vez mais escancarado em nosso dia-a-dia.

É interessante que não se trata de um estudo científico e sim filosófico. Ou seja, o autor não procura mostrar estatística ou dados de estudos clínicos / psicológicos controlados, mas sim discute com razão e lógica as questões apresentadas. É possível argumentar contra, claro, e então tem-se um debate. 

No entanto, seus pensamentos sobre relacionamento amoroso, expectativas, traições ficaram muito próximo dos ensinamentos cristãos que eu tenho escutado, e então concordei animadamente com o que era dito, vendo reflexos da minha própria vida e de amigos (sem, é claro, ser um livro cristão, ou mencionar a Bíblia).

Definitivamente, um dos melhores livros sobre sexo que eu já li (não que eu tenha lido vários, claro, mas aí está a minha opinião).

7 de junho de 2016

O Poderoso Chefão

Editora Record - Capa Leonardo Iaccarino

Paradoxalmente, eu não consigo assistir filmes violentos (eu literalmente fecho os olhos), mas ler até que rola (mas eu me permito pular algumas linhas das partes mais sangrentas). Sendo assim, foi ótimo ler O Poderoso Chefão, um livro realmente espetacular, daqueles de ficar órfã no fim (no entanto, não gostei da sinopse das continuações). Deu para entender porque tanta gente adora os filmes (embora eu tenha desistido de assistir no primeiro - era muita gente apanhando e morrendo para a história fazer sentido nas partes que eu conseguia assistir, hahaha).

Mário Puzo retratou de forma admirável o que foi a máfia italiana nos Estados Unidos, com direito a explicação das origens. Dá para ter um vislumbre da realidade italiana nas primeiras décadas do século passado também, já que tem um trecho da história que se passa lá (e mesmo sendo ficção, é possível imaginar o que era realidade de tudo o que foi contado).

Um dos pontos interessantes é como Don Corleone se tornou poderoso - é um pouco do que ele era capaz de fazer, e muito de ter a postura correta, e conseguir arrebanhar seguidores fiéis (até por isso, o nome original - The Godfather / O Padrinho, é melhor do que o nome brasileiro - ele não aceitaria ser chamado de O Poderoso Chefão, embora ele o fosse sim e soubesse disso). 

É preciso muita inteligência e capacidade de liderança para conseguir a quantidade certa de temor - a base de recompensa e ameça - que mantenha os seguidores obedientes sem que eles se considerem merecedores de assumir o poder, ou mais privilégios (o que acontece, claro). 

Dá para imaginar o que não tem de Don Corleone no cenário do crime brasileiro - com requinte menor ou igual ao original...

O diário da Princesa

Editora Record - Design de capa adaptado de Ray Shappell

Entre os 100 livros da lista da BBC, estavam listados os dois primeiros da série O Diário da Princesa, de Meg Cabot. Aproveitei o Kindle Unlimited para ler, rapidinho, em menos de 5 dias, os dois. Eu não assisti o filme (para variar), mas sei que foi feito com a Anna Hathway jovem, o que já mostra uma boa diferença para os livros: a garota que se descobre princesa tem uns 11-12 anos de idade, ainda na pré-adolescência. 

Acredito inclusive que o filme deve ser um compilado dos primeiros livros, porque a historinha é curta, um conflito simples, nada muito intricado, de duração de uns 2-3 meses. Livro para pré-adolescente ler e crescer junto (e deve crescer bastante, já que são mais de 10 livros publicados sobre a personagem.) (Mas, na minha opinião, se for para crescer junto, que seja com Harry Potter). 

3 de maio de 2016

Quarto

Editora Verus - Capa André S. Tavares da Silva e Fearn Cutler de Vicq

Emma Donoghue escreveu um livro impressionante e impactante, daqueles de prender a atenção e dar pesadelos depois: "Quarto", A história é tão boa, que, transformada em filme - O Quarto de Jack - foi nomeado e ganhou prêmios importantes (embora isso (livro bom - filme bom) claramente não seja uma regra). 

A narrativa é do ponto de vista de Jack, que nascido no cárcere privado em que sua mãe é mantida, nunca viu "o mundo lá fora", e realmente achava que nada existia - o que passa na TV é "de mentirinha". Sua mãe fez o melhor que podia nas suas circunstâncias, já que, o filho dela, (tadinha), não veio com manual de instruções para situações difíceis.

Eu mesma mãe de crianças pequenas me impressiono sempre como somos nós (pais, educadores, adultos ao redor) que construímos o universo da criança, explicando e interpretando o que ela vê, o que é dito, o que acontece e até o que ela sente. São inúmeros os "por que aconteceu isso?", "por que você disse isso?", "por que ela fez aquilo?", e cada resposta é um tijolinho na realidade daquela pessoa pequena. Para ser confirmado, desconstruído, derrubado e refeito ao longo da vida, mas sendo formado mesmo assim.

Eu gosto da literatura que nos leva ao extremo da realidade - e se acontecesse esse absurdo? - e coloca gente de verdade ali - não heróis perfeitos, mas pessoas que procuram fazer o seu melhor, e possuem fraquezas, medos e erram. Gosto de ver uma mãe que tenta proteger ao máximo o filho, fazer o melhor por ele, mas não é a mãe perfeita sempre, porque ninguém é. E não deixa de ser fantástica por isso.

25 de abril de 2016

Fim

Editora Companhia das Letras - Capa Alceu Chiesorin Nunes

O livro Fim é exatamente sobre isso: o fim, o derradeiro, a morte. Do último para o primeiro, Fernanda Torres descreve os momentos finais de cada um de um grupo de amigos - morte trágica, por acidente, doença, suícidio, diferentes fins. 

É interessante que vamos tendo uma perspectiva de como foi a vida de cada um dos personagens ali pelo que acontece um pouco antes do fim, pelo que eles lembram (numa descrição mais longa do que a vida inteira num piscar de olhos).

Dá para refletir também sobre o que mantém juntos os amigos - ou o que os separam. Quando somos jovens, acreditamos que as amizades são eternas, principalmente aquelas de colégio, principalmente se você for uma garota - com melhores amigas para sempre e tal. Mas a vida muda muito, a gente muda um pouco, e descobre que manter amizade - considerando as da escola, as da faculdade, as da hidroginástica, as da igreja, as do trabalho anterior, etc - dá o maior trabalho (mesmo se for gerenciar boa parte delas por whastapp e facebook - encontros ao vivo é melhor nem citar).

No fim, quem vai estar com a gente? Ou melhor, quem a gente vai querer que esteja com a gente?

24 de abril de 2016

An abundance of Katherines

Editora Speak

Eu queria ler o livro O Teorema Katherine porque eu gostei do título em inglês: An Abudance of Katherines, inusitado pelo uso da quantificação e por também gostar desse nome próprio (mas mais das versões Catarina e Catherine).

Mas o livro repete um pouco do Looking for Alaska ou Paper Towns, um adolescente comum, sem sorte com as garotas, um pouco nerd, de coração partido e por isso, meio chato. Nesse caso, o garoto quer criar uma equação para estimar o sucesso ou o fracasso de um relacionamento, considerando como dados de entrada todos os relacionamentos que ele teve com Katherines - 19.

É um livro adolescente, e com ele fecho meu ciclo John Green, ufa! Esse realmente não vale a pena (a menos que você tenha menos de 17 anos).



19 de abril de 2016

A Lua de Mel

Editora Record

Lottie tem 30 e poucos anos e quer casar. Depois de alguns anos de relacionamento sério, uma série de mal entendidos a levam a crer que será pedida em casamento - mas o tal do namorado só quer saber como eles podem usar as milhas nas próximas férias (an-ham, você tem que aceitar que ela é delirante). Ela termina o relacionamento, e logo em seguida reencontra um ex-namorado que está numa fase reflexiva e propõe que eles se casem mesmo sem terem se visto nos últimos dez anos (ou mais) porque o namoro deles foi ótimo e eles são "almas gêmeas". 

Em paralelo, sua irmã Fliss está passando por um divórcio traumático e tem que dar conta de sua própria recuperação emocional, do emprego, do filho e da preocupação com a irmã que acaba de tomar uma decisão precipitada e errada ao aceitar casar com o namorado da juventude em plena fase de rebound (alguém lembra o termo em português?). 

"A Lua de Mel", de Sophie Kinsella é um chick lit leve e bem forçado para cair na comicidade (e por isso é melhor que o livro do post anterior, Simplesemente Acontece), mas dá vontade de bater nas duas irmãs de vez em quando. Delirantes e obcecadas, tomam atitudes que pelamor, viu. No entanto, as duas são bem sucedidas em suas profissões, principamente a Fliss que é a editora principal de uma revista renomada de turismo. Post isso, me pergunto se é comum que mulheres com tanto sucesso na carreira possam realmente ser tão limitadas em sua inteligência relacional...

(De qq forma, daria um filme lindo - já que boa parte da trama se passa na Grécia, o tal lugar da lua de mel).


Simplesmente acontece

Editora Novo Conceito

Muitos conhecem Cecelia Ahern do livro (e filme) P.S. Eu te amo, que é bom. Então foi com ele em mente que eu fui ler "Simplesmente Acontece", que é ruim. Simplesmente ruim. 

E a partir daqui, spoilers sem controle. É um favor para você não ler o livro.

A história começa com a amizade entre um menino e uma menina - Alex e Rosie, que viram adolescentes, e obviamente poderiam se tornar namorados, mas "isso nem passa pela cabeça deles", Alex se envolve com outra pessoa, Rosie morre de ciúmes, e antes de resolver tudo, ele muda de Dublin para os Estados Unidos. No dia da formatura, ele viria para a festa, mas perde o voo, e Rosie fica com qualquer um aí e engravida. A partir daí, tudo - simplesmente TUDO - que remotamente poderia acontecer acontece postergando que eles fiquem juntos. A autora se dá ao trabalho até de - ironicamente - repetir o enredo do casal original com a filha de Rosie e um amigo da escola - a amizade "improvável" entre menino e menina, o menino que quer ser dentista (Alex queria ser médico), o romance que fica na berlinda. Sério? Apelação.

Talvez o único ponto interessante é que a história toda é contada através de bilhetes, cartas, mensagens, diário dos personagens, etc, qualquer forma de comunicação e registro por escrito. Fico pensando se a nossa história poderia ser contada dessa forma - mas acho que o recurso de áudio do whastapp já corta boa parte do registro escrito atualmente...   

13 de abril de 2016

Toda luz que não podemos ver

Editora Intrínseca
É fácil criar expectativas a partir de um título tão poético: "Toda luz que não podemos ver". Melhor ainda é descobrir lá pelo meio do livro que é uma alusão ao espectro não visível da luz - física pura. Anthony Doerr faz um livro assim: poético com um toque de tecnologia - no caso, o rádio.

A maior parte da história se passa durante a segunda guerra mundial, e embora eu concorde que esse tema já tenha sido bem explorado, eu gostei da abordagem do autor: tem um pouco de Alemanha, um pouquinho da fuga de Paris frente a Ocupação, e a convivência forçada com o Eixo numa cidadezinha litorânea, Saint Malo.

Além disso, temos duas personagens muito carismáticas - Werner Pfennig, um garoto pobre alemão que se mostra um técnico de rádios incrível e por isso tem as portas abertas para uma carreira promissora - no caso, no exército alemão, e Marie-Laure LeBlanc, uma garota cega que é filha do chaveiro do museu do Louvre, e que foge com o pai para Saint-Malo. É claro que as histórias estão entrelaçadas, mas o como eu vou deixar você descobrir. 

É um livro mais leve do que se pode esperar (considerando que estamos falando da Europa em guerra), e ficção descarada (até com um elemento fantástico), mas com uma visão diferente do evento histórico de quem está acostumando a ler sobre os judeus, os campos de concentração e o front de batalha. Daria um belo filme!

19 de fevereiro de 2016

Garota Exemplar

Editora Intrínseca

Considerei, adiei, relutei, decidi aguardar o filme, desencanei, e então, finalmente, peguei para ler Garota Exemplar. O livro é daqueles que não dá para parar de ler mesmo. Narrado do ponto de vista do marido - a partir do desaparecimento - e da esposa, num diário de anos anteriores, você vai se envolvendo com a história, os personagens, ora acreditando numa coisa, ora em outra, até perceber que o esquema é desconfiar de tudo e de todos até revelações melhores.

Gillian Flynn realmente criou uma personagem incrível - a Garota Exemplar, ou a garota que foi (Gone Girl, em inglês) - Amy. Já o marido, sei lá - uma hora parece normal, na outra idiota, na outra espertinho. 

Dá vontade de conversar sobre esse livro com alguém, discutir, xingar as pessoas, e pensar em finais alternativos - eu particularmente não gostei muito do final real. No entanto, é difícil de não dar spoiler - então, minha dica é: leia junto com algum amigo / amiga! 

(E eu acho que não vou ver o filme. Eu já li o livro visualizando Ben Affleck e Rosamund Pike, está bom, né?)