31 de dezembro de 2015

Top 2015

Ficção:
Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos
A garota no trem - Paula Hawkins
The murder at the vicarage - Agatha Christie

Contos:
Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento - Alice Munro

Não ficção:
Filhos: Manual de Instruções - Tania Zagury


Estatística 2015

Esse ano teve licença maternidade e muitas noites com boa companhia insone:

Lia
O resultado: mais livros lidos do que ano passado. Em números:

- 51 livros;
- 12 brasileiros (o mesmo número de livros lidos da Agatha Christie em 2015, os quais pretendo ler todos);
- 39 estrangeiros;
- 29 em português (entre brasileiros e estrangeiros);
- 1 em francês;
- 21 em inglês;
- 9 físicos;
- 42 digitais (a grande maioria no aplicativo do kindle no celular, meu companheiro de todos os momentos).

A página no facebook mais que dobrou em números de curtidas e chegamos a 966 pessoas!

E depois de 6 anos do blog, um gráfico das estatísticas dos livros lidos por ano:

Começo 2016 com 3 metas de leituras:


  • Continuar lendo 1 livro por semana, em média - nada ousado, mas exequível, diante da minha rotina.
  • Ler os 100 livros mais amados do Reino Unido, uma lista da BBC de 2003 - eu já li 43, e espero ler todos os outros nos próximos 2 anos.
  • Ler todos os livros da Agatha Christie. A minha meta é que isso aconteça nos próximos 5 anos, para ir lendo em doses homeopáticas.

A Pocket Full of Rye

Editora Harper

O título do livro "Cem gramas de centeio" (em inglês "A Pocket Full of Rye" - algo como "Um bolso cheio de centeio") já mostra Agatha Christie vai construir um assassinato (na verdade, mais de um) bem estranho: o homem é morto envenenado, com grãos de centeio no bolso.

Mais inusitado é que a Miss Marple se convida ao contexto do crime, pois uma das empregadas da casa do morto também é assassinada, e ela que treinou a garota para o trabalho (assim como ela já fez com tanta gente). Claro que uma senhorinha simpática é bem recebida e mais claro ainda é que ela decifra o mistério. Viva!

They do it with mirrors

Editora Harper

Eu lembrava de ter lido "Um Passe de Mágica", o que significava que também lembrava de quem era o assassino - o que é um pouco inédito para mim, mesmo já tendo lido dezenas de livros da Agatha Christie desde a minha adolescência (esse, particularmente, eu li em 2011). Então foi uma experiência bem interessante reparar nas dicas que a autora dá - ou as pequenas pistas que ela deixa para poder amarrar bem a história depois. Eu costumo achar que ela esconde quase tudo do leitor, porque a revelação sempre é alguém inusitado, mas realmente ela dá pistas!

A Murder is Announced

Editora Harper
No primeiro capítulo do livro "Uma morte anunciada", apresenta-se um anúncio no jornalzinho local da pequena vila:

Convida-se para um homicídio, a ter lugar sexta-feira, 29 de outubro, em Little Paddocks, às 18h30m. Espera-se a presença de todos os amigos da família; não haverá outra convocação.

Agatha Christie nos leva a cada uma das casas que se considera "amigos da família" de certa forma, e inclusive a Little Paddocks, para nos mostrar a reação a tão inusitado convite - e todos acreditam que se trata de uma brincadeira (literalmente, uma brincadeira de salão com morte e detetive), e apenas uma pessoa fica com medo.

Ocorre um blecaute, uma tentativa de homicídio, um homícidio e está pronto um suspense com direito a uma intrincada intriga de herança e um final surpreendente - claro que a maioria dos livros da Agatha Christie são assim, mas esse é bem difícil de acertar. Salve a presença da Miss Marple (graças a uma simpática esposa de vigário na casa do qual ela se hospeda.)

The moving finger

Editora Harper

Em A Mão Misteriosa, os personagens principais são um irmão e uma irmã que mudam para uma pequena vila em busca de sossego (o irmão esteve doente) e são surpreendidos por cartas anônimas com acusações escandalosas e um aparente suicídio. 

Como esse livro faz parte do pacote de livros da Agatha Christie da Miss Marple, fiquei na expectativa de ela aparecer até quase o final - e ela só faz uma participação especial, praticamente. Mesmo assim, temos uma historinha de amor muito fofa, o que sempre vale a pena.

30 de dezembro de 2015

The body in the library

Editora Harper

O livro "Um Corpo na Biblioteca" começa com um prefácio da Agatha Christie explicando que há o clichê do corpo encontrado na biblioteca, e ela, como grande dama do mistério, resolveu brincar com ele. Há um corpo, há uma biblioteca, mas é o corpo errado - que não combina com a casa, que tenha sido simplesmente "desovado" ali. E nada como Miss Marple para conseguir separar o que é estranho do que é verdade das várias histórias entrelaçadas (haverão outros corpos) para desconstruir esse mistério que de clichê não tem nada.

The murder at the vicarage

Editora Harper

É o primeiro livro da Agatha Christie sobre a Miss Marple - já senhora, mas pelo visto vão se passar uns 20 a 30 anos em todos os livros com ela. (Estou lendo um pacote dos 13 livros da Miss Jane Marple na ordem, é maravilhoso ver os personagens recorrentes).

Em "Assassinato na Casa do Pastor", temos o início da carreira da Miss Marple, com uma morte na casa do seu vizinho - literalmente, ela divide o muro com ele, em que ela começa a demonstrar seus talentos. Para não povoar St. Mary Mead de assassinatos, os próximos livros levam Miss Marple a passar pela Inglaterra, devido às suas inúmeras conexões. Mas é fato que a sabedoria sobre a natureza humana que ela desenvolveu no vilarejo vale para qualquer lugar do mundo.

Livro

Editora Companhia das Letras - Capa Flávia Castanheira

É realmente ousado que um livro se chama "Livro", o que, na minha opinião, cria a expectativa de que a história também se mostre fora do comum. Vou dizer que essa obra de José Luís Peixoto me surpreendeu, um pouco pelo absurdo que justifica o título lá pelo meio da história (sem spoilers), mas não é algo espetacular, trata-se de um livro bom.

O estilo é diferente, algo como Saramago com pontuação, algo meio fluido, que nos traz para perto das personagens simples que são foco da história e não são lá muito eloquentes. Na contra-capa diz que a história é sobre a imigração portuguesa para a França, mas embora os personagens principais realmente mudem para a França, acredito que seja muito mais uma história de encontros e desencontros.

(Engraçado que a França era para Portugal o que os Estados Unidos são para a América Latina hoje, um ambiente diferente, mais frio, onde se faz dinheiro para mandar para a terra natal - ou para guardar e voltar para lá.)

O que eu realmente gostei foi a caracterização dos personagens - pessoas peculiares do interior de Portugal há quase 100 anos, que poderiam estar em qualquer lugar do mundo.

17 de dezembro de 2015

A Visita Cruel do Tempo

Editora Intrínseca

"A Visita Cruel do Tempo" ganhou o Pulitzer em 2011 e dá para entender o motivo ao ler o livro. Jennifer Egan inova na narrativa ao descrever pequenos episódios da vida de vários personagens, dando saltos no tempo e na geografia, formando um panorama amplo com clareza só no final da história.

Eu admiro a estética do livro, é bem interessante ler algo bem pensado e construído. No entanto, não achei um livro fácil de fluir, e nenhum personagem me marcou especialmente. Talvez a parte mais interessante é o powerpoint que uma adolescente faz sobre a vida dela. Isso é realmente inovação em formato! E totalmente adequado para a personagem.

Não é um livro longo, então realmente vale a experiência da leitura.

8 de dezembro de 2015

A Maça Envenenada

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow 

Eu realmente gosto do estilo do Michel Laub - ele faz um romance psicológico, escancara crises existenciais, sem ser chato. No livro "A Maça envenenada", o personagem principal relembra da semana que precisava decidir entre em ficar de guarda no quartel ou ir para o show do Nirvana em São Paulo com a namorada. Suas memórias se entrelaçam com a história de uma garota que passou 90 dias presa num banheiro com outras mulheres, refugiadas do genocídio em Ruanda.

O livro trata de perdão e resiliência, arrependimento e vitimização. Sem querer doutrinar ninguém, ou mesmo tirar conclusões moralistas. 

Estou aguardando pelo próximo livro da trilogia, que deve ser mais recente ainda, década de 2000, já que o primeiro se passa primordialmente na década de 80 (e esse, na de 90).

The Peacock Emporium

Editora Hodder & Stoughton

O primeiro livro que eu li da Jojo Moyes foi esse, The Peacock Emporium,que ainda não foi traduzido. Ela realmente caiu no gosto popular - seus livros estão sempre em destaque nas livrarias, e já estava na minha listinha de desejo há meses.

Esse livro não me pegou direito, eu achei ele bem lento e confuso no começo, com várias histórias paralelas em lugares e épocas diferentes, e a personagem principal, Suzanna (demora para ela entrar no livro) não  me conquistou também. O que salva mesmo, na minha opinião, é a Jessie, a amiga que aparece na vida de Suzanna e a transforma completamente.

No entanto, o livro é bem triste e trágico - e ao que parece Jojo Moyes gosta de escrever histórias assim, então não me empolguei muito para emendar outro livro dela na sequência.

2 de dezembro de 2015

A garota no trem

Editora Record

"A Garota no trem", de Paula Hawkins, é o sucesso editorial de 2015, com milhões de livros vendidos ao redor do mundo e uma adaptação cinematográfica engatilhada. A história do livro é realmente boa. A forma de narrar também. Mas é um livro pesado. Não no tamanho (demorei umas 4 horas para ler), mas no conteúdo, ele é quase um soco no estômago.

A classificação do livro é mistério, e vai por aí mesmo. Uma mulher morre, e nós vamos precisar conhece-la melhor antes de entender seu trágico desfecho. A garota no trem é a personagem principal, que fica intrigada e interessada na mulher que é assassinada.Tem também a vizinha, que começa pequena e vai se destacando. Megan, Rachel e Anna. 

Há personagens masculinos importantes, mas a trama é contada em capítulos alternados da visão dessas mulheres. São 3 perspectivas diferentes (e temporalmente não sincronizado - a história da Megan começa bem antes), e a cada página, vamos conhecendo melhor cada uma delas. Sofrendo junto. Temendo junto. Torcendo junto.

O subtítulo da edição é: "Você não sabe quem ela é, mas ela conhece você", contudo posso dizer que o livro todo é sobre o quanto você pode não conhecer alguém...