23 de abril de 2015

Em busca da Espiritualidade

Editora Ultimato - Capa Souto Crescimento de Marca

O título desse livro, Em Busca da Espiritualidade, pode dar uma ideia intimista do tema, mas o subtítulo explica: O Mercado da Fé e o Evangelho da Graça - ou seja, é uma abordagem mais sistêmica ou institucional do assunto (embora todo o ponto do livro seja defender a espiritualidade original dos ensinamentos de Jesus Cristo e não a espiritualidade refletida em algumas igrejas de hoje em dia).

O livro é curto e bem claro, o autor Carlos Queiroz não o deixa se tornar muito complicado ou afastado do leitor comum, sem deixar de ser profundo e verdadeiro. O trecho que eu mais gostei é lindo:

"Uma espiritualidade madura se manifesta na aceitação de nós mesmos e a vida que Deus nos deu. Quem ama a si mesmo consegue reelaborar para o bem as experiências, por mais traumáticas que sejam. Todas as pessoas, em maior ou menor intensidade, passaram por momentos encantadores e frustrantes. Na forma como encaramos essas experiências podemos identificar novas motivações para continuarmos a peregrinação da existência. Com certeza somos ávidos por nos animarmos com as experiências boas. Vários salmos na Bíblia são exemplos de como os eventos favoráveis inspiraram os narradores e nos ensinam a cuidar melhor de todo nosso ser. Nos deparamos também com experiências consideradas negativas, resultantes de pecados; todavia, pela confissão e pelo arrependimento, os salmos mostram que podemos acolher o perdão de Deus. Quando causamos males a nós mesmo ou a outras pessoas, e temos consciência disso, o arrependimento e a reparação da maldade podem gerar paz e segurança interior - e isto também é cuidar de si mesmo."

Atrevo-me a não só recomendar esse livro do autor, como os outros que não li. 


21 de abril de 2015

Hans Andersen's Fairy Tales

Editora Puffin Books

Contos de fadas fazem tanto parte da nossa vida, que esquecemos que um dia eles foram escritos por alguém originalmente. Nessa coletânea de Contos de Fadas de Hans Andersen, da editora Puffin Books, há 12 contos originais, entre eles A Princesa e a Ervilha, As novas roupas do Rei, e A Pequena Sereia, que se tornou símbolo da Dinamarca, país em que Andersen nasceu no início do século XIX. 

Aliás, há uma introdução interessante que fala sobre a vida do autor, explicando que ele é fruto de uma mãe muito supersticiosa e que conhecia muitas narrativas populares e de um pai que lia para ele e o encorajava a questionar visões tradicionais da igreja e da sociedade.

Nessa edição, há o conto Snow Queen (Rainha do Gelo), no qual foi inspirado o grande sucesso Frozen, da Disney. O que eu posso afirmar sem sombra de dúvida é que a história só foi inspirada mesmo, porque não tem nada a ver. Eu já tinha ouvido falar que os nomes dos personagens tinham sido modificados, mas a Rainha do Gelo desse livro nem tem uma irmã, e o personagem principal é Gerda, que sai procurando seu melhor amigo Kay, que foi raptado pela Rainha do Gelo. No entanto, é uma história de personagens femininos, tanto bonzinhos (como a avó de Gerda), como maus (há bruxas e a própria Rainha do Gelo), e a grande heroína é Gerda, que vai salvar o tal mocinho Kay. Girl Power diretamente do século XIX.

14 de abril de 2015

Cranford

Domínio público
A autora Elizabeth Cleghorn Gaskell escreveu muitos livros sobre a Inglaterra Vitoriana, retratando os costumes da época, que são tão diferentes dos nossos em apenas 2 séculos - embora a natureza humana seja exatamente a mesma.

Em "Cranford", temos uma pequena vila em que a "sociedade" é composta só por mulheres. Há o médico, o dono do comércio, mas eles são considerados "outro nível", e são personagens secundários - os outros que poderiam ser esperados, como maridos, filhos, pais, morreram ou foram para outros lugares. Então, nessa socidade basicamente feminina, há fofoca, inquietações, temores, e bastante amizade. (Notável ver como elas se organizam frente a uma crise, com muita discrição e decoro, como se exigia.) 

Com relação ao relato de costumes, o que eu achei mais interessante era que as visitas só poderiam durar 15 minutos. Essa regra deveria ser cumprida sem olhar no relógio, para não ser indelicada. Era simplesmente esperado que as pessoas conseguissem estimar esse período de tempo, e não ultrapassa-lo. (Claro que em "festas" ou "encontros", o tempo junto era maior). É possível imaginar isso atualmente??? 

6 de abril de 2015

O Cavalo Amarelo

Editora L&PM - Capa designedbydavid.co.uk

"O Cavalo Amarelo" é uma histórias da Agatha Christie que eu mais gosto. A base da história envolve o sobrenatural - matar pessoas usando o poder da mente, magia, feitiço, bruxaria, como você quiser definir. É interessante que a Agatha Christie gostava desse assunto, principalmente espiritismo, e há alguns contos dela que tratam do assunto - sem passar perto de crimes e assassinatos (como você pode ver em Miss Marple And Mystery: The Complete Short Stories). 

Nesse livro, não vemos Miss Marple ou Poirot, mas tem a autora Ariadne Oliver, que sempre me leva a pensar o quanto da própria Agatha Christie é relevado através da personagem, que é engraçada sem querer, ao não gostar muito de encontrar pessoas e ser um pouco distraída. Em certo trecho, a Ariadne comenta sobre um dilema na narrativa da história que ela está escrevendo, como tornar plausível uma cena para que o mistério permaneça, e eu imagino a Agatha Christie passando exatamente pela mesma coisa, já que um dos seus maiores trunfos é realmente nos enganar muito bem.

The Turn of the Screw

Editora Open Road

Eu já tinha lido a versão adaptada de "A volta do parafuso" (série Reencontro, com o nome de "Os Inocentes"), e agora li a obra original de Henry James. Confesso que não me impressionou. O título sugere uma tensão (apertar um parafuso), e o mistério vai se intensificando ao longo da trama- relativamente curto, diga-se de passagem, mas maior que um conto - mas eu não me senti realmente envolvida.

A questão toda é se você considera uma história de fantasma ou um drama psicológico sobre uma mulher louca. Pelas análises que eu vi na internet, o autor gostava de escrever histórias sobre fantasmas, então essa é a hipótese mais provável, mas é claro que o texto dá margem para uma interpretação mais realista e complexa. O livro é um clássico, e o autor é ótimo, então aproveite para ler e emitir sua própria opinião a respeito.