31 de dezembro de 2015

Top 2015

Ficção:
Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos
A garota no trem - Paula Hawkins
The murder at the vicarage - Agatha Christie

Contos:
Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento - Alice Munro

Não ficção:
Filhos: Manual de Instruções - Tania Zagury


Estatística 2015

Esse ano teve licença maternidade e muitas noites com boa companhia insone:

Lia
O resultado: mais livros lidos do que ano passado. Em números:

- 51 livros;
- 12 brasileiros (o mesmo número de livros lidos da Agatha Christie em 2015, os quais pretendo ler todos);
- 39 estrangeiros;
- 29 em português (entre brasileiros e estrangeiros);
- 1 em francês;
- 21 em inglês;
- 9 físicos;
- 42 digitais (a grande maioria no aplicativo do kindle no celular, meu companheiro de todos os momentos).

A página no facebook mais que dobrou em números de curtidas e chegamos a 966 pessoas!

E depois de 6 anos do blog, um gráfico das estatísticas dos livros lidos por ano:

Começo 2016 com 3 metas de leituras:


  • Continuar lendo 1 livro por semana, em média - nada ousado, mas exequível, diante da minha rotina.
  • Ler os 100 livros mais amados do Reino Unido, uma lista da BBC de 2003 - eu já li 43, e espero ler todos os outros nos próximos 2 anos.
  • Ler todos os livros da Agatha Christie. A minha meta é que isso aconteça nos próximos 5 anos, para ir lendo em doses homeopáticas.

A Pocket Full of Rye

Editora Harper

O título do livro "Cem gramas de centeio" (em inglês "A Pocket Full of Rye" - algo como "Um bolso cheio de centeio") já mostra Agatha Christie vai construir um assassinato (na verdade, mais de um) bem estranho: o homem é morto envenenado, com grãos de centeio no bolso.

Mais inusitado é que a Miss Marple se convida ao contexto do crime, pois uma das empregadas da casa do morto também é assassinada, e ela que treinou a garota para o trabalho (assim como ela já fez com tanta gente). Claro que uma senhorinha simpática é bem recebida e mais claro ainda é que ela decifra o mistério. Viva!

They do it with mirrors

Editora Harper

Eu lembrava de ter lido "Um Passe de Mágica", o que significava que também lembrava de quem era o assassino - o que é um pouco inédito para mim, mesmo já tendo lido dezenas de livros da Agatha Christie desde a minha adolescência (esse, particularmente, eu li em 2011). Então foi uma experiência bem interessante reparar nas dicas que a autora dá - ou as pequenas pistas que ela deixa para poder amarrar bem a história depois. Eu costumo achar que ela esconde quase tudo do leitor, porque a revelação sempre é alguém inusitado, mas realmente ela dá pistas!

A Murder is Announced

Editora Harper
No primeiro capítulo do livro "Uma morte anunciada", apresenta-se um anúncio no jornalzinho local da pequena vila:

Convida-se para um homicídio, a ter lugar sexta-feira, 29 de outubro, em Little Paddocks, às 18h30m. Espera-se a presença de todos os amigos da família; não haverá outra convocação.

Agatha Christie nos leva a cada uma das casas que se considera "amigos da família" de certa forma, e inclusive a Little Paddocks, para nos mostrar a reação a tão inusitado convite - e todos acreditam que se trata de uma brincadeira (literalmente, uma brincadeira de salão com morte e detetive), e apenas uma pessoa fica com medo.

Ocorre um blecaute, uma tentativa de homicídio, um homícidio e está pronto um suspense com direito a uma intrincada intriga de herança e um final surpreendente - claro que a maioria dos livros da Agatha Christie são assim, mas esse é bem difícil de acertar. Salve a presença da Miss Marple (graças a uma simpática esposa de vigário na casa do qual ela se hospeda.)

The moving finger

Editora Harper

Em A Mão Misteriosa, os personagens principais são um irmão e uma irmã que mudam para uma pequena vila em busca de sossego (o irmão esteve doente) e são surpreendidos por cartas anônimas com acusações escandalosas e um aparente suicídio. 

Como esse livro faz parte do pacote de livros da Agatha Christie da Miss Marple, fiquei na expectativa de ela aparecer até quase o final - e ela só faz uma participação especial, praticamente. Mesmo assim, temos uma historinha de amor muito fofa, o que sempre vale a pena.

30 de dezembro de 2015

The body in the library

Editora Harper

O livro "Um Corpo na Biblioteca" começa com um prefácio da Agatha Christie explicando que há o clichê do corpo encontrado na biblioteca, e ela, como grande dama do mistério, resolveu brincar com ele. Há um corpo, há uma biblioteca, mas é o corpo errado - que não combina com a casa, que tenha sido simplesmente "desovado" ali. E nada como Miss Marple para conseguir separar o que é estranho do que é verdade das várias histórias entrelaçadas (haverão outros corpos) para desconstruir esse mistério que de clichê não tem nada.

The murder at the vicarage

Editora Harper

É o primeiro livro da Agatha Christie sobre a Miss Marple - já senhora, mas pelo visto vão se passar uns 20 a 30 anos em todos os livros com ela. (Estou lendo um pacote dos 13 livros da Miss Jane Marple na ordem, é maravilhoso ver os personagens recorrentes).

Em "Assassinato na Casa do Pastor", temos o início da carreira da Miss Marple, com uma morte na casa do seu vizinho - literalmente, ela divide o muro com ele, em que ela começa a demonstrar seus talentos. Para não povoar St. Mary Mead de assassinatos, os próximos livros levam Miss Marple a passar pela Inglaterra, devido às suas inúmeras conexões. Mas é fato que a sabedoria sobre a natureza humana que ela desenvolveu no vilarejo vale para qualquer lugar do mundo.

Livro

Editora Companhia das Letras - Capa Flávia Castanheira

É realmente ousado que um livro se chama "Livro", o que, na minha opinião, cria a expectativa de que a história também se mostre fora do comum. Vou dizer que essa obra de José Luís Peixoto me surpreendeu, um pouco pelo absurdo que justifica o título lá pelo meio da história (sem spoilers), mas não é algo espetacular, trata-se de um livro bom.

O estilo é diferente, algo como Saramago com pontuação, algo meio fluido, que nos traz para perto das personagens simples que são foco da história e não são lá muito eloquentes. Na contra-capa diz que a história é sobre a imigração portuguesa para a França, mas embora os personagens principais realmente mudem para a França, acredito que seja muito mais uma história de encontros e desencontros.

(Engraçado que a França era para Portugal o que os Estados Unidos são para a América Latina hoje, um ambiente diferente, mais frio, onde se faz dinheiro para mandar para a terra natal - ou para guardar e voltar para lá.)

O que eu realmente gostei foi a caracterização dos personagens - pessoas peculiares do interior de Portugal há quase 100 anos, que poderiam estar em qualquer lugar do mundo.

17 de dezembro de 2015

A Visita Cruel do Tempo

Editora Intrínseca

"A Visita Cruel do Tempo" ganhou o Pulitzer em 2011 e dá para entender o motivo ao ler o livro. Jennifer Egan inova na narrativa ao descrever pequenos episódios da vida de vários personagens, dando saltos no tempo e na geografia, formando um panorama amplo com clareza só no final da história.

Eu admiro a estética do livro, é bem interessante ler algo bem pensado e construído. No entanto, não achei um livro fácil de fluir, e nenhum personagem me marcou especialmente. Talvez a parte mais interessante é o powerpoint que uma adolescente faz sobre a vida dela. Isso é realmente inovação em formato! E totalmente adequado para a personagem.

Não é um livro longo, então realmente vale a experiência da leitura.

8 de dezembro de 2015

A Maça Envenenada

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow 

Eu realmente gosto do estilo do Michel Laub - ele faz um romance psicológico, escancara crises existenciais, sem ser chato. No livro "A Maça envenenada", o personagem principal relembra da semana que precisava decidir entre em ficar de guarda no quartel ou ir para o show do Nirvana em São Paulo com a namorada. Suas memórias se entrelaçam com a história de uma garota que passou 90 dias presa num banheiro com outras mulheres, refugiadas do genocídio em Ruanda.

O livro trata de perdão e resiliência, arrependimento e vitimização. Sem querer doutrinar ninguém, ou mesmo tirar conclusões moralistas. 

Estou aguardando pelo próximo livro da trilogia, que deve ser mais recente ainda, década de 2000, já que o primeiro se passa primordialmente na década de 80 (e esse, na de 90).

The Peacock Emporium

Editora Hodder & Stoughton

O primeiro livro que eu li da Jojo Moyes foi esse, The Peacock Emporium,que ainda não foi traduzido. Ela realmente caiu no gosto popular - seus livros estão sempre em destaque nas livrarias, e já estava na minha listinha de desejo há meses.

Esse livro não me pegou direito, eu achei ele bem lento e confuso no começo, com várias histórias paralelas em lugares e épocas diferentes, e a personagem principal, Suzanna (demora para ela entrar no livro) não  me conquistou também. O que salva mesmo, na minha opinião, é a Jessie, a amiga que aparece na vida de Suzanna e a transforma completamente.

No entanto, o livro é bem triste e trágico - e ao que parece Jojo Moyes gosta de escrever histórias assim, então não me empolguei muito para emendar outro livro dela na sequência.

2 de dezembro de 2015

A garota no trem

Editora Record

"A Garota no trem", de Paula Hawkins, é o sucesso editorial de 2015, com milhões de livros vendidos ao redor do mundo e uma adaptação cinematográfica engatilhada. A história do livro é realmente boa. A forma de narrar também. Mas é um livro pesado. Não no tamanho (demorei umas 4 horas para ler), mas no conteúdo, ele é quase um soco no estômago.

A classificação do livro é mistério, e vai por aí mesmo. Uma mulher morre, e nós vamos precisar conhece-la melhor antes de entender seu trágico desfecho. A garota no trem é a personagem principal, que fica intrigada e interessada na mulher que é assassinada.Tem também a vizinha, que começa pequena e vai se destacando. Megan, Rachel e Anna. 

Há personagens masculinos importantes, mas a trama é contada em capítulos alternados da visão dessas mulheres. São 3 perspectivas diferentes (e temporalmente não sincronizado - a história da Megan começa bem antes), e a cada página, vamos conhecendo melhor cada uma delas. Sofrendo junto. Temendo junto. Torcendo junto.

O subtítulo da edição é: "Você não sabe quem ela é, mas ela conhece você", contudo posso dizer que o livro todo é sobre o quanto você pode não conhecer alguém... 


29 de novembro de 2015

The Name of the Wind e The Wise Man's Fear

Editora DAW Books - Capas por G-Force Design

Uma grande amiga indicou os livros do Patrick Rothfuss como um "Harry Potter" para adultos. Como somos órfãs do bruxinho (por mais releituras que possamos fazer), resolvemos encarar os livros: "The name of the wind" e "The Wise Man's Fear". E aí está o primeiro ponto de atenção - a trilogia ainda não está completa e o autor não dá nem previsão de quando irá lançar o próximo tijolinho. Sim, cá estamos presas no meio de uma série assim como "Guerra dos Tronos". Não gostamos disso definitivamente, mas já tínhamos começado a ler a série quando descobrimos isso.

O personagem principal Kvothe é um bruxo prodígio e precoce (assim como Harry Potter), que resolve contar a história da sua vida para um "historiador", que viaja pelo mundo recolhendo histórias e as reconta. Ele é realmente um gênio, mas vive como um dono de estalagem, simples e simplório, embora tenha algo como um aprendiz, que sabe quem ele é realmente. O ponto é, claro, como um mágico de alto potencial não está usando seus talentos e conhecimentos para ajudar a si mesmo e talvez até o mundo (que está passando por uma grande ameaça de forças desconhecidas / negras). 

Eu particularmente não gostei muito do primeiro livro - achei o Kvothe um chato metido. Se você não simpatiza com o personagem principal, fica difícil se envolver na história. No segundo livro, um pouco mais maduro, ele realmente fica menos metido, e demonstra melhor suas fraquezas. Então, estou ansiando pelo terceiro para ver como tudo se resolve, e não só como o bruxo chega a dono de estalagem, mas como vai ser sua redenção - porque estou torcendo pelo seu sucesso, e a vitória do bem contra o mal, e a mocinha ficar com o mocinho.

Não substitui o HP no meu coração (nem chega perto), mas vale como um novo mundo de fantasia para se entreter. 



Festa no covil

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa Von Randow

Eu conheci o Juan Pablo Villalobos através do blog da Companhia das Letras, e simplesmente adoro todos os seus posts - são sempre bem humorados, seja com assuntos leves ou pesados - literatura, política, costumes (ele é mexicano e mora aqui no Brasil), férias. Demorei, mas li agora seu primeiro livro: Festa no Covil, lançado em 2012. 

A história é contada do ponto de vista de uma criança, o filho de um chefe de quadrilha, que vive isolado e conhece tantas pessoas que praticamente ele as conta nos dedos das mãos. É mimado, claro, como qualquer criança que tem tudo o que quer e até quer umas coisas estranhas, como um hipopótamo anão. Mas o mais interessante é a distorção de realidade que ele nos apresenta - um tanto por ser criança, um tanto pelo isolamento, um tanto por viver do lado de lá da moral comum.


6 de outubro de 2015

Divergente

Editora Rocco

O livro "Divergente" marca o fim de uma era na minha vida: aquela em que eu tolero livros de / sobre / para adolescentes. Eu tive a fase de adora-los, e a fase de tolera-los (o que incluía lê-los), mas simplesmente não foi possível ler a série completa da Veronica Roth (mas confesso que apelei para ler spoilers na internet, só para ver para onde a história acabou indo). 

Até que a ideia era boa - o futuro com a humanidade dividida em facções, as especializações, as evidências de que algumas pessoas "especiais" não podem caber nas caixinhas pré-determinadas. Mas os personagens eram muito fracos. Eu queria bater na tal de Tris, que, supostamente, era a mais especial de todos do mundo. Na verdade, quem é fraca mesmo é a autora que coloca a personagem principal em situações assim: no final de um capítulo, a garota diz "oh, eu acabo de fazer algo sensacional e eles me vêem como líder, eu preciso liderar essa turma e decidir quem vai fazer parte da missão", e no capítulo seguinte: "não decidi nada, eles mesmo decidiram quem ia participar".

Então, eu não sei se a intenção era realmente "humaninzar" a tal da Tris, tornando-a uma adolescente padrão (com milhares de dúvidas e inseguranças) apesar do seu dom especial de ter vários talentos, mas eu fiquei decepcionada de ela não ter esse perfil de liderança que aparentemente se espera dela (e não só eu, mas os outros personagens). O tal do Four (amigo e par romântico, também supostamente com talentos especiais) também se omite da liderança e de responsabilidade, e eu fico achando os dois bobos e sem coragem (ok, eu li só o primeiro livro e parte do segundo antes de me irritar completamente e decidir gastar meu tempo com coisa melhor a esperar eles amadurecerem).

E sim, vou comparar com o Harry Potter - que só tinha supostamente um talento especial (para se meter em encrenca, diriam os professores de Hogwarts, ou de ter uma mãe que o protegeu com um feitiço antigo, sem mérito nenhum seu) - e mesmo assim ele teve coragem de agir quando achou necessário (mesmo precipitadamente e fazendo besteiras) e até de liderar quando requisitado. Assim, se for para ser adolescente e se identificar com alguém que seja com Harry Potter e amigos, do que com esses dois bobos da Tris e do Four.

Eu irei me manter longe de livros adolescentes, a menos que sejam realmente bem recomendados. Principalmente se tiverem filmes - porque aí eu assisto o filme, pego os melhores momentos e só invisto 2 horas da minha vida neles, e deixo o meu tempo de leitura para algo melhor. 

24 de setembro de 2015

O Complexo de Portnoy

Editora Companhia das Letras - Capa Jeff Fisher

Em "O Complexo de Portnoy", Philip Roth nos leva para a sessão de terapia de Alexander, um jovem advogado judeu que vai contando sobre sua vida desde a infância. Ele é irônico e direto, sem desviar de assuntos pouco nobres - como a constipação constante do pai - ou íntimos, como sua vida sexual presente (o que é natura se ele está num divã). No entanto, o assunto que mais impressiona é o tanto que ele fala de masturbação - e esse deve ser o complexo do título mesmo. É possível citar muitos livros e filmes em que figuram ou se insinuam cenas de sexo, mas poucos falam de masturbação, ainda mais na vida adulta - no adolescente é algo mais comum. Portnoy, no livro, é completamente obcecado pelo assunto, e é de se espantar como ele extravasa isso em qualquer lugar. O livro não é vulgar, e até por isso deve ter se tornado bestseller e pode ser considerado um clássico, mas eu fiquei espantada com algumas cenas.

Além disso, é o tempo todo ele falando, então nós nos sentimos o terapeuta, tentando analisar o que é dito para quem sabe responder a suas angústias presentes... ou quem sabe esse é o meu lado engenheiro que gosta de resolver tudo. :)

17 de setembro de 2015

"Heretics" e "Ortodoxia"

Domínio Público

Editora Mundo Cristão

Ortodoxia é um clássico da literatura cristã escrito por G. K. Chesterton, que produziu muitas obras ao longo da sua vida. No prefácio dessa edição da editora Mundo Cristão escrito por Philip Yancey, são apresentadas anedotas da vida do autor que o tornam ainda mais fascinante - como a resposta que ele deu a um jornal ao ser perguntado qual era o problema do mundo - "Eu.". Ele era bem popular na sua época (final do século XIX, início do século XX), quando debates filosóficos ainda atraiam o interesse de muita gente - ele era um interlocutor costumaz de Bernard Shaw, por exemplo.

No primeiro capítulo de "Ortodoxia", ele diz que escreveu essa obra para responder a críticas ao seu livro "Heretics", que é basicamente negativo - ou seja, ele critica as filosofias que ele considera hereges frente ao cristianismo. Assim, eu parei por ali mesmo e fui procurar esse livro, que eu encontrei gratuito na Amazon. Eu achei um pouco difícil de acompanhar algumas partes não pela linguagem ou pelo nível de discussão filosófica, mas porque Chesterton considera que você conhece a filosofia ou linha de pensamento que ele está criticando, então é como ouvir só um lado da história (e o lado que só acha furo).

Voltando para "Ortodoxia", ele afirma que irá apresentar um relato pessoal de como o cristianismo fez sentido para a sua vida, discutindo seus principais conceitos, com muitas analogias e figuras para explicar as ideias. É interessante porque muita coisa faz sentido (nos dois livros), mesmo eles tendo mais de 100 anos.

Não é preciso ler Heretics para entender Ortodoxia, o qual é mais atemporal e fácil de entender (daí se entende porque ele é o clássico). Recomendo essa edição da Mundo Cristão por conta do prefácio também.

11 de setembro de 2015

Amor Veríssimo

Editora Objetiva - Capa Crama Design Estratégico

O livro "Amor Verissimo" reúne as crônicas usadas como base para a série de televisão GNT de mesmo nome. Embora a maioria já tenha sido publicada antes, algumas são inéditas (pelo menos em livros). Eu vi alguns episódios e achei interessante comparar como o texto foi expandido (como de costume, as crônicas de Luis Fernando Verissimo são pequenos episódios, rápidos) para ter duração de quase 30 minutos na telinha. Eu gosto da temática de relacionamentos amorosos, que sempre dá pano para manga para o humor. O livro é curto e um entretenimento fácil. Vale a pena para comprar em promoção (como eu fiz, livro digital para kindle). 

4 de setembro de 2015

Todos nós adorávamos caubóis

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa Von Randow

Carol Bensimon é uma jovem autora brasileira que vale a pena ler - gostei dos dois livros que li dela, esse "Todos nós adorávamos caubóis" e "Sinuca embaixo d'água". Nascida no Rio Grande do Sul, ela também retratou esse livro de "road trip" (viagem de estrada) no interior do estado. Achei interessante quando fiquei sabendo que o livro era sobre isso, porque associamos road trips aos Estados Unidos e não ao nosso humilde país. Claro que o clima da viagem é outro (a começar por uma estrutura totalmente diferente em estradas e paradas), mas gostei dessa mudança de paradigma.

A história é sobre duas garotas, amigas de juventude, que resolvem fazer a tão sonhada viagem de carro depois de ficarem um tempo separadas e sem muito contato (uma delas até mudou para fora do país). É difícil eu comentar mais sem dar spoiler, mas a história surpreende, sendo atual sem apelar, e eu acho que é a literatura mudando com o mundo, a gente concordando ou não com as mudanças.  

28 de agosto de 2015

O País dos Petralhas

Editora Record

Reinaldo Azevedo escreve na Revista Veja e tem um programa na rádio Jovem Pan sobre política. Ele é conservador e liberal, literalmente mesmo, então é contra o governo atual não só pela corrupção e escândalos em geral mas por posicionamento político. Confesso que não penso muito em política - o que inclui não entrar a fundo nas questões, mas ouvir passivamente as notícias dos veículos de comunicação que mais me agradam - mas acredito que faz sentido várias das suas opiniões, então por isso resolvi ler "O País dos Petralhas", de 2008, que é uma coletânea dos textos do seu blog.

É interessante como ele analisa e vai juntando fatos (o que ocorreu realmente - seja baseado em documentos, ou entrevistas, ou discursos) com inferências do que pode acontecer. Ele já era pessimista - e 7 anos de governo petista depois, e no meio de uma crise, não podemos dizer que ele não tinha um pouco de razão.

No entanto, o que eu mais gosto do Reinaldo Azevedo é seu amor pela literatura e sua capacidade de citar vários trechos de livros e poemas de cor, ou de contextualizar diversas obras e autores. Ele também sabe muito sobre a língua portuguesa - inclusive origem das palavras, outro campo de conhecimento que eu adoro. Ele não gosta de Guimarães Rosa como eu, mas eu admiro e adoro os "momentos culturais" do seu programa na rádio (Pingos nos is, às 18h), e os poucos textos do livro que tratam desse assunto - literatura.

PS: Não estou entrando num debate político, porque não tenho embasamento para tal, então quaisquer comentários ofensivos sobre isso serão apagados. 

20 de agosto de 2015

Sleeping Tiger

Editora St. Martin's Press

Rosamund Pilcher escreveu um livro fantástico: Os Catadores de Concha, mas seus outros livros não são tão bons - como me explicou minha amiga Juliana, que é fã do livro citado. Mas, em promoção, resolvi testar o "Sleeping Tiger" - o Tigre Dormindo - sobre a história de uma garota que resolve ir atrás do suposto pai, que ela não conheceu e disseram que tinha morrido na guerra (sua mãe também faleceu quando ela era pequena). 

A trama é bem forçada e eu não achei os personagens realmente convincentes. Além de tudo, há uma cena em que o "galã" bate na "mocinha" - no meio de uma discussão e tudo bem, faz parte do movimento de aproximação entre eles. Eu entendo que se passa "antigamente" - década de 60, se não me engano - quando o papel feminino era supostamente diferente, mas só aumentou meu desagrado com os personagens.

Esse livro eu realmente não recomendo.

2 de agosto de 2015

MTV, bota essa P#@% pra funcionar!

Editora Panda Books

Zico Goés começou a trabalhar na MTV como estagiário e chegou a vice presidente de conteúdo em 20 anos de empresa. Nesse livro, ele conta algumas histórias e episódios da emissora, tão emblemática da década de 90, e que acompanhou a minha adolescência e de muitos da minha geração.

O título do livro "MTV, bota essa P#@% pra funcionar"  remete a frase de Caetano Veloso no VMB de 2004 quando ele teve que recomeçar a música mais de uma vez por conta de problemas técnicos - Zico explica o que aconteceu e também ressalta a importância da engenharia de áudio ao longo de toda história da empresa e defende que os profissionais da MTV eram os melhores do país, já que essa parte técnica era fundamental para o tipo de conteúdo que eles faziam.

Um dos casos interessantes é quando ele conta como foi fazer o primeiro programa gay do "Beija, sapo" (se não me engano - o programa mudou de nome ao longo dos anos) - que eles não tinham nenhum patrocinador e foi preciso transmitir em um horário diferente do normal para que não se vinculasse aos patrocinadores usuais - e agora, menos de 20 anos depois, temos a propaganda do dia dos namorados do Boticário...

Zico Góes também revela que eles sim manipulavam o resultado do Disk MTV, para não ter muita variação de um dia para o outro (e aí eu penso naqueles grupos de fãs que resolviam passar o dia ligando para lá...). 

Ele também comenta as críticas feitas pelos "crescidos": "na minha época, a MTV era diferente / melhor". Ela deveria ser diferente mesmo para se renovar e continuar jovem, eles não tinham interesse - a princípio - de continuar falando com o público ao redor de 30 anos - mesmo sabendo que adolescente não é o melhor público consumidor para atrair patrocinadores.

O livro não é muito grande, nem tem a pretensão de ser completo ou exatamente linear, mas vale a pena para lembrar um pouco dessa empresa que fez parte da vida de tanta gente, de certa maneira, principalmente se você foi uma dessas pessoas.


27 de julho de 2015

Anexos

Novo Século Editora - Capa Equipe Novo Século
No livro "Anexos" (cujo título fica melhor pelo duplo sentido em inglês - Attachments), a autora Rainbow Rowell (ainda quero descobrir se é nome artístico ou os pais eram realmente hippies) usa uma situação pela qual toda mulher moderna já passou ou ainda passa: a troca de e-mails com amigas - com um pequeno diferencial: o fato de um cara estar lendo tudo - e ele é pago pela empresa para isso - "ler e-mails e dar advertências para quem descumpre as regras". É claro que ele se interessa pela troca de e-mails e faz vista grossa, e daí é um pulo para ele se interessar por uma das garotas. 

É chicklit, despretensioso, divertido e, claro, um pouco forçado para dar tudo certo no final, mas eu gostei. Eu leio para ver tudo dar certo mesmo.

25 de julho de 2015

Anna and the French Kiss

Editora Usborne - Capa por Lindsey Andrews

Eu me atrai por esse livro graças ao nome - Anna e o beijo francês - não pela parte do beijo, ou pela parte francesa, mas sim pelo nome Anna, que eu acho lindo. E aí que é um romance adolescente, claro. É aquela história básica que toda adolescente gostaria que acontecesse com ela - vai para um colégio interno (a contragosto, claro, afinal se é moderna, etc, etc), em Paris (a cidade romântica por excelência), encontra um cara lindo e rico e popular e britânico e todos os adjetivos positivos possíveis (mas, para dar mais "verossimilhança", a autora encaixou um "defeito": é baixinho), que tem uma namorada (claaaaro, olha o drama), e ainda uma melhor amiga que também é sua amiga (ops, duas concorrentes!), mas no fim ele se apaixona mesmo por você (no caso, a Anna) (ops, spoiler surpreendente), e no fim fica tudo bem (ops, outro spoiler - mas sinto muito, se você não começa a ler um livro assim sabendo que no fim o mocinho fica com a mocinha, que mundo você vive?).

A questão é que não tem nada demais - é uma história simples, sem chamar a atenção para nenhum personagem em especial ou para o humor ou para a trama em si. Adolescentes vão amar (e talvez algumas pessoas mais velhas, claro), mas é para adolescente mesmo. A autora Stephanie Perkins tem mais livros inclusive com alguns personagens secundários desse livro, mas não me atraiu para ler outros livros dela. Gente, passei da idade. Eu li mais alguns livros de adolescentes que ainda vão aparecer aqui no blog, mas eu parei. Sério. Realmente não dá mais.


21 de julho de 2015

Amiga de Juventude

Editora Globo - Capa Mariana Newlands

O segundo livro da Alice Munro que eu li foi "Amiga de Juventude", título do primeiro conto dessa coletânea (e também disponível no kindle unlimited). 

Há muitos livros atuais cujas personagens principais tem 20 e poucos anos (ou menos) e fazem parecer que as mulheres de 30 anos, balzaquianas, ainda são as "velhas" da literatura. A vida é muito mais do que isso, certo? Ainda mais no século XXI. Por isso, é ótimo ver Alice Munro colocar em foco mulheres com mais de 40, 50, 60, vivendo e acontecendo. 

É incrível como ela descreve a vida e os conflitos das personagens com leveza, como se fosse um mergulho lento no universo pessoal de alguém, até você esquecer que o que está ali é só um pedacinho da história e ficar um pouco órfã no final. Há uma conclusão, é claro, mas depois de se aproximar tanto da personagem, é estranho quando acaba. Não é uma delícia ler histórias assim?  

20 de julho de 2015

Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento

Editora Globo - Capa Mariana Newlands

Alice Munro ganhou o Nobel de Literatura de 2013 e assim mostrou a importância dos contos. Talvez isso faça sentido nos dias atuais, de correria e enxurrada de informações - a literatura também se apressando, mas o fato é que ela é muito boa. Seus contos são acessíveis e mostram a complexidade da natureza humana de forma simples e direta.

Vários livros dela estão disponíveis para quem assina o "kindle unlimited", e é uma das poucas coisas boas desse catálogo. Eu gostei muito de ler "Ódio, amizade, namoro, amor, casamento", livro no qual esses sentimentos estão em foco - mas quando é que não estão?


5 de julho de 2015

The Moonstone

Domínio Público - Edição Kindle

A Amazon me sugeriu a leitura de The Moonstone, de Wilkie Collins, e como era de graça, resolvi experimentar. Trata-se de uma história de detetive (a primeira publicada em inglês, no século XIX!), o mistério do desaparecimento de uma pedra muito valiosa e amaldiçoada. Há vários personagens escusos ou com segredos suspeitos, há a mocinha em perigo, e indianos tentando recuperar seu tesouro roubado (a pedra), mas embora seja interessante, não é algo como Agatha Christie. 

O personagem mais legal é o mordomo Gabriel Betteredge, um velhinho teimoso e bem conservador em seus pensamentos, o que o torna engraçado não intencionalmente. Ele parece uma personagem de Downton Abbey, que não quer nada de modernidades, e tem visões bem preconceituosas com relação às mulheres, e mesmo tendo sido casado, o fez por pura comodidade - já que a candidata em questão lavava sua roupa e se ele casasse com ela, não precisaria mais paga-la. Um dos seus traços mais curiosos é a obsessão pelo livro Robinson Crusoé, o qual ele lê e relê e utiliza como "livro de sabedoria", abrindo em páginas aleatórias e relacionando frases soltas a sua situação ou ao que está ocorrendo na casa. Embora esse seja um livro bem interessante, é engraçado ver como ele força a barra para que esse "uso" faça sentido. Mas acredito que com qualquer livro, mesmo a Bíblia, essa leitura aleatória é descontextualizar e forçar a barra, mas pode fazer sentido para muita gente...

29 de junho de 2015

Guia Prático de Programação Neurolinguística

Editora FocusLife

Eu peguei esse livro para ler porque era de graça, confesso (através do trial do kindle unlimited), e porque eu tenho uma certa curiosidade a respeito do tema. O título também dá a entender algo bem direto: "Guia Prático de Programação Neurolinguística (PNL)". Na verdade, ele é superficial, não acho que dá para realmente aprender PNL, mas é uma introdução ao tema.

Um ponto interessante é o otimismo do autor Luiz Felipe Carvalho em relação ao seus leitores - em certo ponto, ele afirma que se você está lendo esse livro é porque é diferenciado e inteligente (mas talvez isso já seja aplicação de PNL, hahahaha).

22 de junho de 2015

Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo

Editora Leya - Ilustrações da Capa Gilmar Fraga

Continuando o sucesso da série, depois de algumas ramificações laterais como Filosofia e Futebol, esta aí a sequência natural Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo, de Leandro Narloch (tivemos Brasil e América Latina antes). 

Novamente, o autor escolhe alguns episódios da história para colocar uma perspectiva diferente do que já conhecemos, fruto das nossas aulas de história tão enraizadas no pensamento de esquerda. Com certeza deve ter muita gente que não gosta desse ponto de vista, mas que Leandro Narloch se esmera para apresentar fatos baseados em documentos e evidências, é verdade. Algumas coisas são só fofoquinhas, para tirar a aura de herói de pessoas como Gandhi (que gostava de dormir com jovens nuas para resistir a tentação) e Madre Teresa de Calcutá (cuja instituição na Índia, de acordo com alguns relatos, mantinha os pacientes em dor por motivos religiosos, mesmo tendo condições de comprar remédios e anestésicos). Nesses casos, o próprio autor afirma que não muda o que eles conseguiram de bom para muita gente, mas nos ajuda a colocar homens em seus devidos lugares - como homens.

Há também um capítulo interessante em que frases do manual ideológico sobre fascismo de Mussolini foram apresentadas para políticos brasileiros para ver se eles concordavam com elas ou não (leia sobre a experiência nesse relato do autor do livro). De acordo com o senso comum, espera-se que os deputados de "direita" sejam os mais fascistas, no entanto, os que concordaram com o maior número de afirmações são de esquerda (partidos como PT, PDT, PCdoB), com exceção do Dep. Jair Bolsonaro (Que é declaradamente de direita). O que isso mostra? Que as pessoas em geral (incluso deputados) não sabem o que é o fascismo, que foi banalizado em um mero xingamento moral, e que as ideias de esquerda encontram eco em uma das causas de uma das maiores guerras da humanidade...

Eu gostei da leitura e recomendo como curiosidade e com senso crítico. O único ponto é que eu li no kindle, como e-book, e a diagramação é confusa para esse tipo de aplicativo. Quem já viu o livro em papel, sabe que essa série possui notas de rodapé e notas laterais que escapam um pouco do ritmo normal de leitura, e isso ficou bem confuso na versão digital.


25 de maio de 2015

Os cinco porquinhos

Editora Globo - Capa: Rafael Nobre / Babilônia Cultura Editorial

Hercule Poirot tem um grande desafio: investigar um crime ocorrido 16 anos antes, pelo qual uma mulher foi condenada, praticamente sem alegar defesa. O ponto de partida é a carta que ela escreve para a filha dizendo que é inocente... Assim, através de entrevistas com os presentes no dia do assassinato (que ele associa a uma música infantil, e por isso o título "Os cinco porquinhos"), Poirot pretende descobrir a verdade, mesmo que pareça inviável que qualquer outra pessoa tenha cometido o crime. 

Interessante que ele pede para que as pessoas escrevam relatos do dia do ocorrido, assim como elas o lembram, tendo certeza de que o que permaneceu em suas memórias depois de tanto tempo, mesmo que trivial, é o que importa para descobrir a verdade. É claro que no livro dá certo, mas desconfio que a nossa memória é inteligente assim mesmo, o tempo filtra só o que mais nos marcou, e que importa para o futuro. 

Os relógios

Editora Globo - Capa Rafael Nobre / Babilônia Cultura Editorial

Em "Os Relógios", Agatha Christie, para variar, faz uma pegadinha com a gente. Como essa mulher pode ser tão inteligente e - de certa forma - cheia de ironia para escrever livros??? ADORO!

Nesse livro, Hercule Poirot ajuda a desvendar um assassinato de um homem desconhecido, que ocorre na casa de uma mulher cega, cujo cadáver é descoberto por uma pessoa que não conhece nenhum dos dois (nem a dona da casa, nem a vítima). Há também tramas paralelas de espionagem e um romancezinho foooofo, além de uma detetive mirim. Como não amar?

Três ratos cegos e outros contos

Editora Globo - Capa Rafael Nobre / Babilônia Cultura Editorial

Agatha Christie escreveu não só dezenas de livros, como dezenas de contos, então sempre existirão compilações de contos como nesse livro - Três ratos cegos e outros contos. A história que dá título ao livro, eu não conhecia, e é bem emocionante, com direito a pessoas isoladas pela neve numa hospedagem com o pretenso assassino (que, é claro, só é revelado no finalzinho). Há também contos da Miss Marple, e esses eu já conhecia, por ter lido um livrão com todas as suas histórias, que eu comprei fora do país. Não seria legal mais edições completas de contos de cada personagem (como meu amado Hercule Poirot) aqui também? #ficaadica  

21 de maio de 2015

Filhos: manual de instruções para pais das gerações X e Y

Editora Record

Para uma engenheira, nada como um livro que usa a expressão: "manual de instruções", ou seja, propõe-se claro e objetivo. Tania Zagury não decepciona com o seu livro "Filhos: manual de instruções para pais das gerações X e Y", ou seja, para nós, agora aos 30 e poucos anos, colocando gente no mundo.

Ela logo explica que depois de uma fase super autoritária e por consequência uma fase muito permissiva, essa geração sabe o que não fazer (não bater, não deixar tudo), mas ficou meio perdida com relação a como então educar e criar limites. Para propor alternativas, Zagury é bem direta: para os tópicos principais de educação ("alimentação", "escola", "birra", etc), ela explica quais as vantagens e motivos para atuar, e o que fazer. Em tópicos, senhoras e senhores, em tópicos! Sem blá blá blá. 

A autora não promete milagres, nada como a super nanny que resolve tudo em 3 dias. Com relação a birra, por exemplo, suas estimativas vão de 3 semanas a 3 meses, dependendo da criança - e dos pais, claro. É um manual de instruções, que entende que cada família tem um modelo diferente em casa - mas semelhante o suficiente para que o método funcione. Esta, é claro, é a promessa dela baseada em sua experiência como educadora.

Eu realmente gostei do livro, da filosofia da autora, e usarei como livro de referência.

20 de maio de 2015

O livro da Maternagem


Ser mãe e atuar como mãe hoje em dia são motivos suficientes para polêmicas em redes sociais - a começar pelo parto. "O Livro da Maternagem" segue uma linha específica que eles próprios chamam de "Pediatria Radical" - e extrapolando o uso da palavra radical, a autora Thelma Oliveira assina a capa com o pseudônimo Dra. Relva (ela é pediatra). Agora mãe de duas, posso afirmar que não me identifico com a filosofia deles - não considero prática. Eu sou o tipo de mãe de rotina, manual e disciplina (e aí o livro que eu li em seguida e postarei em breve fez muito mais sentido). Mas eu entendo que muitas mães vão encontrar eco de seus anseios com esse tipo de "maternagem" - que envolve dedicação exclusiva, colo todo o tempo, cama compartilhada, aleitamento até os dois anos e etc. Assim, não vou criticar o conteúdo em si do livro, mas a forma. 

Pelo que é explicado no livro, tudo começou numa comunidade do Orkut (pois é, e pela minha breve pesquisa, eles não sobreviveram no facebook), em que as pessoas debatiam como cuidar de bebês, como criar os filhos, como ser mãe, etc. "Surgiram" "especialistas" que participavam dos fóruns e esse livro é um compilado de textos sobre diversos assuntos relacionados a crianças. Em geral, os textos são muito superficiais, para não dizer mal escritos. É possível encontrar informações úteis e fidedignas -  como o calendário de vacinação, breve descrição das doenças mais comuns, amamentação - mas sempre bem superficiais ou breves. Há também textos estranhíssimos como um que a mãe cita quando a filha começou a falar, quais palavras foram, que isso ocorreu precocemente, olha que maravilha e é só - não vi propósito nenhum, nem um comentário sobre o que é considerado "normal", que seria bem mais útil do que descobrir que a filha da fulana é precoce, e sem também instigar aquele instinto materno competitivo que sobrepuja por aí (ok, não consegui e critiquei o conteúdo).

De qualquer forma, eu li inteiro mesmo pensando em desistir e posso dizer que não recomendo. É um livro para fãs da maternagem mesmo, depois que descobrirem exatamente do que se trata nesse caso.


14 de maio de 2015

O adversário secreto

Editora Globo - Capa Rafael Nobre / Babilônia Cultura Editorial

Adversário Secreto é o primeiro livro da Agatha Christie com o casal de detetives Tommy e Tuppence. Nessa edição da Editora Globo (eu li digital), tem uma introdução muito interessante, que explica que os 5 livros em que eles figuram abrangem praticamente toda sua vida - da solteirice até a aposentadoria com netos (escritos também num grande período de tempo, entre 1922 e 1973, 51 anos).

Nesse livro, Tommy e Tuppence são pessoas comuns, sem emprego no pós guerra, que decidem trabalhar com "aventuras", e uma rapidamente se apresenta - é uma trama de espionagem internacional, com identidades secretas e tudo o mais. É uma aventura bonitinha, por assim dizer, perfeita para iniciar o romance desses dois. Legal também ler um livro da Agatha Christie que o foco não é um assassinato (ou vários), e sim um outro tipo de suspense. 

1 de maio de 2015

A mocinha do Mercado Central

Editora Globo - Ilustrações Laurent Cardon

O livro "A mocinha do Mercado Central" ganhou o prêmio Jabuti de melhor ficção em 2012, e ao le-lo é possível ver a característica inerente a maioria da literatura premiada: bem escrito, e um tanto quanto complexo (porque ser bom e simples é coisa de gênio mesmo). 

Stella Maris Rezende conta a história de Maria Campos, resultado do estupro de sua mãe numa viagem de ônibus, que mora em Dores do Indaiá, no interior de Minas Gerais. Ela resolve conhecer um pouco do mundo, muda para outras cidades, e assume novos nomes e identidades de acordo com eles - e é possível dizer que ao se tornar uma pessoa diferente, Maria está mesmo se auto-conhecendo. 

Esse é um livro infanto-juvenil para adolescentes, e acredito que com muito conteúdo para ser discutido numa sala de aula. Eu não consegui me envolver muito com o livro (eu me perdi sem saber se ela estava imaginando ou realmente vivendo algumas coisas), mas achei a história interessante e muito bem amarrada - além do fato, é claro, de apresentar vários nomes e seus significados, tema que eu adoro!

23 de abril de 2015

Em busca da Espiritualidade

Editora Ultimato - Capa Souto Crescimento de Marca

O título desse livro, Em Busca da Espiritualidade, pode dar uma ideia intimista do tema, mas o subtítulo explica: O Mercado da Fé e o Evangelho da Graça - ou seja, é uma abordagem mais sistêmica ou institucional do assunto (embora todo o ponto do livro seja defender a espiritualidade original dos ensinamentos de Jesus Cristo e não a espiritualidade refletida em algumas igrejas de hoje em dia).

O livro é curto e bem claro, o autor Carlos Queiroz não o deixa se tornar muito complicado ou afastado do leitor comum, sem deixar de ser profundo e verdadeiro. O trecho que eu mais gostei é lindo:

"Uma espiritualidade madura se manifesta na aceitação de nós mesmos e a vida que Deus nos deu. Quem ama a si mesmo consegue reelaborar para o bem as experiências, por mais traumáticas que sejam. Todas as pessoas, em maior ou menor intensidade, passaram por momentos encantadores e frustrantes. Na forma como encaramos essas experiências podemos identificar novas motivações para continuarmos a peregrinação da existência. Com certeza somos ávidos por nos animarmos com as experiências boas. Vários salmos na Bíblia são exemplos de como os eventos favoráveis inspiraram os narradores e nos ensinam a cuidar melhor de todo nosso ser. Nos deparamos também com experiências consideradas negativas, resultantes de pecados; todavia, pela confissão e pelo arrependimento, os salmos mostram que podemos acolher o perdão de Deus. Quando causamos males a nós mesmo ou a outras pessoas, e temos consciência disso, o arrependimento e a reparação da maldade podem gerar paz e segurança interior - e isto também é cuidar de si mesmo."

Atrevo-me a não só recomendar esse livro do autor, como os outros que não li. 


21 de abril de 2015

Hans Andersen's Fairy Tales

Editora Puffin Books

Contos de fadas fazem tanto parte da nossa vida, que esquecemos que um dia eles foram escritos por alguém originalmente. Nessa coletânea de Contos de Fadas de Hans Andersen, da editora Puffin Books, há 12 contos originais, entre eles A Princesa e a Ervilha, As novas roupas do Rei, e A Pequena Sereia, que se tornou símbolo da Dinamarca, país em que Andersen nasceu no início do século XIX. 

Aliás, há uma introdução interessante que fala sobre a vida do autor, explicando que ele é fruto de uma mãe muito supersticiosa e que conhecia muitas narrativas populares e de um pai que lia para ele e o encorajava a questionar visões tradicionais da igreja e da sociedade.

Nessa edição, há o conto Snow Queen (Rainha do Gelo), no qual foi inspirado o grande sucesso Frozen, da Disney. O que eu posso afirmar sem sombra de dúvida é que a história só foi inspirada mesmo, porque não tem nada a ver. Eu já tinha ouvido falar que os nomes dos personagens tinham sido modificados, mas a Rainha do Gelo desse livro nem tem uma irmã, e o personagem principal é Gerda, que sai procurando seu melhor amigo Kay, que foi raptado pela Rainha do Gelo. No entanto, é uma história de personagens femininos, tanto bonzinhos (como a avó de Gerda), como maus (há bruxas e a própria Rainha do Gelo), e a grande heroína é Gerda, que vai salvar o tal mocinho Kay. Girl Power diretamente do século XIX.

14 de abril de 2015

Cranford

Domínio público
A autora Elizabeth Cleghorn Gaskell escreveu muitos livros sobre a Inglaterra Vitoriana, retratando os costumes da época, que são tão diferentes dos nossos em apenas 2 séculos - embora a natureza humana seja exatamente a mesma.

Em "Cranford", temos uma pequena vila em que a "sociedade" é composta só por mulheres. Há o médico, o dono do comércio, mas eles são considerados "outro nível", e são personagens secundários - os outros que poderiam ser esperados, como maridos, filhos, pais, morreram ou foram para outros lugares. Então, nessa socidade basicamente feminina, há fofoca, inquietações, temores, e bastante amizade. (Notável ver como elas se organizam frente a uma crise, com muita discrição e decoro, como se exigia.) 

Com relação ao relato de costumes, o que eu achei mais interessante era que as visitas só poderiam durar 15 minutos. Essa regra deveria ser cumprida sem olhar no relógio, para não ser indelicada. Era simplesmente esperado que as pessoas conseguissem estimar esse período de tempo, e não ultrapassa-lo. (Claro que em "festas" ou "encontros", o tempo junto era maior). É possível imaginar isso atualmente??? 

6 de abril de 2015

O Cavalo Amarelo

Editora L&PM - Capa designedbydavid.co.uk

"O Cavalo Amarelo" é uma histórias da Agatha Christie que eu mais gosto. A base da história envolve o sobrenatural - matar pessoas usando o poder da mente, magia, feitiço, bruxaria, como você quiser definir. É interessante que a Agatha Christie gostava desse assunto, principalmente espiritismo, e há alguns contos dela que tratam do assunto - sem passar perto de crimes e assassinatos (como você pode ver em Miss Marple And Mystery: The Complete Short Stories). 

Nesse livro, não vemos Miss Marple ou Poirot, mas tem a autora Ariadne Oliver, que sempre me leva a pensar o quanto da própria Agatha Christie é relevado através da personagem, que é engraçada sem querer, ao não gostar muito de encontrar pessoas e ser um pouco distraída. Em certo trecho, a Ariadne comenta sobre um dilema na narrativa da história que ela está escrevendo, como tornar plausível uma cena para que o mistério permaneça, e eu imagino a Agatha Christie passando exatamente pela mesma coisa, já que um dos seus maiores trunfos é realmente nos enganar muito bem.

The Turn of the Screw

Editora Open Road

Eu já tinha lido a versão adaptada de "A volta do parafuso" (série Reencontro, com o nome de "Os Inocentes"), e agora li a obra original de Henry James. Confesso que não me impressionou. O título sugere uma tensão (apertar um parafuso), e o mistério vai se intensificando ao longo da trama- relativamente curto, diga-se de passagem, mas maior que um conto - mas eu não me senti realmente envolvida.

A questão toda é se você considera uma história de fantasma ou um drama psicológico sobre uma mulher louca. Pelas análises que eu vi na internet, o autor gostava de escrever histórias sobre fantasmas, então essa é a hipótese mais provável, mas é claro que o texto dá margem para uma interpretação mais realista e complexa. O livro é um clássico, e o autor é ótimo, então aproveite para ler e emitir sua própria opinião a respeito.

28 de março de 2015

"If I Stay" e "Where She Went"


Editora Speak

Acredito que a relativa popularidade do livro "Se eu ficar" (If I stay) de Gayle Forman vem do lançamento do filme baseado na obra no ano passado, já que o livro é de 2009, e já tem a continuação "Para onde ela foi" (Where she went). Eu li os dois rapidinho, a leitura flui e é interessante - principalmente o primeiro livro. Nele, acompanhamos Mia, que sofreu um acidente de carro com a família e vai ter que decidir se fica ou se vai, enquanto repensa a sua vida (longa vida, aos 17 anos). Um ponto legal é que ela é a "ovelha negra" de uma família de roqueiros, ela toca violoncelo e curte música clássica ao invés do rock dos pais (o pai tinha até banda). 

Na continuação (há spoiler maior de um livro com esse nome do que uma continuação, prezados leitores?), o ponto de vista muda, acompanhamos o namorado de Mia, que também é um tipo de roqueiro (emo, punk, uma dessas variações, não me atentei ao detalhe). Eu particularmente achei esse mais chato - ele é muito cheio de mi mi mi, mas vale a pena ler para ver o que acontece mesmo.

A autora Gayle Forman parece gostar muito de criar histórias com um dilema central crítico E depois destruir o suspense ao fazer uma continuação (e aí, prezados leitores, só de fuçar nas descrições das obras você já descobre o final do anterior). Bom, se você acha que o que importa é a jornada e não a chegada, tudo bem. Eu não me empolguei tanto para ler outros livros dela, embora ela pareça dominar bem o estilo de young adult - talvez seja eu que já passei da idade.

23 de março de 2015

Toda Poesia

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow

Eu não gosto muito de ler livro de poesia. Eu gosto de poesia, mas não consigo ler um livro de poesia como leria um livro de prosa, de uma vez só. Então vou lendo em conta-gotas, quando o humor casa. Esse livro do Paulo Leminski, Toda Poesia (muito bem editado e diagramado), ficou no meu criado mudo por meses e há várias páginas marcadas dos poemas que eu mais gostei, e vou compartilhar com vocês aqui.

das coisas
que eu fiz a metro
todos saberão
quantos quiômetros
são

aquelas
em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos
não?

****

amor bastante

quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

****

     um bom poema
leva anos
     cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
     seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
    sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
    três mudando de cidade,
dez trocando de assuntos,
    uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

19 de março de 2015

Blue Smoke

Editora Jove Books
E aí que a gente estava viajando pelo interior da Califórnia, quase ficamos sem combustível e depois de ser levado a alguns lugares errados pelo GPS, chegamos a um posto! Alívio e alegria. Na lojinha, onde explicamos que não foi a Olimpíada no Brasil e sim a Copa do Mundo, encontrei alguns livros usados por uma pechincha, incluindo "Blue Smoke", da Nora Roberts, por 2 dólares.

Nessa história, acompanhamos Reena (um apelido inusitado do ponto de vista brasileiro para Catarina), que testemunha um incêndio na pizzaria da família quando é criança, e isso define o rumo da sua vida de mais maneiras do que ela pode imaginar, além de se tornar investigadora policial em casos de incêndios. Confesso que esperava um romance mais menininha, mas quando morreu uma pessoa lá pela página 100 e ainda tinha 300 pela frente, senti que ia ser mais tragédia do que comédia, ou melhor, romance (e sim, eu leio o livro sem me importar em ver a sinopse).

O livro é um suspense longo, não só pela quantidade de páginas, mas por durar praticamente 20 anos da vida das personagens. É interessante também tudo o que fala sobre incêndios criminosos - até por aparentar ser bem comum nos Estados Unidos, aqui eu não sei.