2 de setembro de 2012

So much for that

Editora Harper - Design por Kate Nichols
Eu posso dizer com certeza que esse é um dos livros mais depressivos que eu já li em toda minha vida. "Tempo é dinheiro", numa tradução meia-boca para "So much for that" consegue colocar tanta desgraça junta, que, em certo momento, não dá para saber se alguém - ou se você mesmo - irá sobreviver. Eu comecei a ler, parei, voltei, parei, voltei e - finalmente - acabei de ler. Como a própria autora, Lionel Shriver, diz em seus 10 motivos para ler esse livro o final é alegre em certo sentido, então há esperança para quem está lendo. (É um spoiler não específico, mas em certos momentos você precisa saber que há uma luz no final do túnel, senão é realmente insuportável.)

O livro escancara em suas páginas assuntos familiares complicadíssimos: uma criança com uma doença degenerativa genética incomum, uma esposa com um câncer raro de mortalidade alta, um idoso que quebra uma perna e vai para um asilo por falta de quem tome conta. Mas isso não é o suficiente, porque o ponto é justamente o dinheiro e quanto vale uma vida. O quanto você pode pagar de hospitais, asilos, médicos, procedimentos, remédios para manter alguém vivo? Mais do que você pode, o que você deve pagar? É um assunto extremamente delicado, e apresentado pela autora de uma maneira crua e direta. Realmente de entristecer - até pela proximidade: o câncer, o idoso, estão logo ali, do nosso lado, entre nossos amigos, nossos familiares e quem sabe um dia, até nós mesmos. Como nós iremos agir?

Por outro lado, eu refleti também sobre o que a nossa fé (ou nossa concepção de mundo que seja) pode mudar muito a maneira como encaramos as adversidades que acontecem em nossa vida. Esses personagens, em sua maioria, não tinham nada a se agarrar - o que acontece depois da morte, porque estamos aqui, qual o próposito da nossa vida. E eu não posso evitar pensar que, por eles não terem boas respostas para isso, o mundo estava tão branco e preto nos momentos de crise.

É um livro dolorido, tenso, embora tenha sim seus momentos leves e divertidos (raros, na minha opinião), mas é daquele tipo que não vai deixar você incólume.

Um comentário:

  1. Não sei se consigo ler outro livro dela. We need to talk about Kevin mexeu muito comigo, acho que traumatizei com a autora... rs

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