30 de junho de 2012

As Esganadas

Editora Companhia das Letras - Capa Victor Burton & AngeloAllevato Bottino
Assim como em "O Xangô de Baker Street", o tema de "As Esganadas" de Jô  Soares são os assassinatos em série "de época", aqui, no Rio de Janeiro de 1938, época de Getúlio Vargas e o mundo pré II Guerra Mundial. E foi exatamente isso que eu gostei no livro: a ambientação da época, as citações sobre as ruas, corrida de carros, transmissões de rádio com propagandas de produtos que seriam inimagináveis hoje (ou não, eu sei).

A história inclui um ex-investigador português com características de Sherlock para ajudar o delegado brasileiro a descobrir quem está matando as gordinhas "esganadas", ou seja, sufocadas com comida. Além de dois personagens mais secundários mas igualmente cativantes, o auxiliar do delegado, um pouco medroso, mas com uma vida paralela bem peculiar e a jornalista - repórter de Assis Chateaubriand - corajosa e petulante.

O livro é puro entretenimento, para ler num sábado a tarde, e se divertir enquanto se descobre junto com os personagens quem é esse serial killer brasileiro que nunca existiu.

24 de junho de 2012

1 e 2 Timóteo e Tito - Introdução e Comentário

Editora Vida Nova
As cartas pastorais do apóstolo Paulo são um ponto levemente fora da curva entre os seus outros escritos do Novo Testamento, pela sua própria natureza: 1 e 2 Timóteo e Tito são cartas pessoais, de um homem mais velho para jovens a quem ele quer bem, com orientações, comentários sobre conhecidos em comum e pedidos - como por exemplo, para pedir sua capa e pergaminhos. Esse tipo de expressão não é normal na Bíblia, e particularmente com relação a Paulo, de quem sabemos tanto de sua vida "missionária" ou desua doutrina através do livro de Atos e das outras cartas, é como se o homem Paulo revelasse um pouco de sua vida pessoal, um vislumbre, é certo, que deu margem a muitas especulações, mas um vislumbre.

Esta introdução e comentário de J. N. D. Kelly é um livro de estudo, em que diversas alternativas para interpretação são apresentadas, trecho por trecho e comentadas. Não é um livro novo, então não é a referência última sobre estas 3 cartas, mas foi interessante como uma visão geral e um ponto de partida para estudos mais aprofundados, se houver vontade.  

20 de junho de 2012

The Downing Street Years

Editora HarperCollins
Que eu adoro a Inglaterra e - quase - tudo relacionado é um fato. Mas o que me levou a ler esse livro da Margaret Thatcher, "Os anos em Downing Street", foi obviamente o filme da Meryl Streep e seu retrato de uma mulher líder, que obviamente eu ainda não assisti, porque já que eu comecei a ler o livro, que eu acabe antes de ver uma versão cinematográfica, certo? E isso demorou várias semanas porque esse livro é enorme e levemente intragável dadas as altas doses de política britânica que contém.

Primeiro, vamos deixar claro que eu não entendo nada de política e tenho bem pouco interesse no assunto, ou seja, não me arrisco a dizer que eu concordo ou apoie as ideias dela, ou que possa julgar suas decisões, mas uma coisa é fato: admiro a sua integridade em seguir suas convicções. Nesse livro, ela apresenta suas ideias de conservadora aparentemente pura (no sentido capitalista da coisa) de maneira aplicada em todas as situações que enfrentou como primeira ministra: da greve dos mineiros a disputa das Falklands, das negociações bélicas com a URSS a negociações econômicas dentro da Comunidade Europeia, no trato com a dissidência na Irlanda do Norte às privatizações de praticamente tudo.

Embora ela fale muito sobre sua atuação política, o que eu gostava era quando seu lado feminino aflorava - num comentário sobre a roupa para um evento  ou a decoração da residência oficial na Downing Street. Também achei interessante o fato de ela se preocupar em dizer que a Rainha não tem uma posição de fachada somente, Thatcher fazia reuniões semanais com ela, e disse que não tem como não valorizar a experiência de alguém que esteve tão perto do poder por décadas.

Gostei de aprender um pouco sobre o panorama mundial na década de 80, sabendo que se trata de uma versão da história completamente parcial. Mas é história, que construiu com certeza esse mundo como conhecemos hoje.

16 de junho de 2012

A vida é um jogo

Conrad Livros - Capa JR Ferraz

Ler quadrinhos é um passatempo na sua definição mais clássica: passa o tempo, de maneira leve e descontraída. Nesse livrinho, todas as histórias da turma de Charlie Brown são relacionadas a esportes, mas principalmente basebol e patinação no gelo - bem americano.

Se você considerar que os personagens de tirinha estão "presos no tempo", não crescem, não envelhecem, não mudam de situação, é interessante como a infinididade de situações pode espelhar a vida de todos nós, mesmo, e talvez principalmente, adultos. Charles M. Schulz, assim como outros autores de quadrinhos, tem essa virtude em seus trabalhos, de ao apresentar algo breve, leve, também vão direto ao ponto de expor aspectos particulares dos relacionamentos humanos.

Ou seja, é possível  encarar como passatempo ou como análise da sociedade, mas com certeza, é para se divertir.

10 de junho de 2012

Para sempre

Editora Alfaguara - Capa Victor Burton
Fazia tempo que eu não me apaixonava a primeira vista por um livro, como esse, da Ana Maria Machado: "Para sempre". Olha o começo do livro:

Pode chamar de amor eterno. Tem muita gente que chama.
Com mais frequência em poemas, novelas e romances do que ensaios. E isto não é um ensaio. A rigor, também não é uma novela. Mas numa época que vem abolindo cada vez mais as distinções entre os gêneros masculino e feminino, também é natural que as fronteiras entre os gêneros literários deixem de existir. Chamemos, portanto, de amor eterno.
Claro que depende do que se entende por eterno. E por amor.

Eu simplesmente adoro narrador que conversa com o leitor - pode ser de maneira mais direta,  chamando de "você" e fazendo perguntas ou dando sugestões (como Brás Cubas), ou assim, num diálogo mais sutil, que pode parecer uma voz na sua cabeça costurando o pensamento, ou uma conversa entre amigas - daquelas compridas, que se aprofundam e se superficializam sem perder o tema condutor.

E nesse caso, o tema também é um dos meus preferidos: o amor. Sem teorizar muito, através de histórias "de gente de verdade", pouco romantizadas, mas românticas em si, a autora apresenta a sua tese sobre o amor que é para sempre, o tal do amor eterno.

Eu que conhecia a Ana Maria Machado da literatura infantil, já estou empolgada para ler outros livros da sua literatura adulta - esperando que todos sejam lindos como esse. Acredito que não vou me decepcionar...

6 de junho de 2012

Pollyanna

A prima Letícia Waller comentou sobre o livro Pollyanna, um clássico de Eleanor H. Porter, no blog / novo negócio dela, e eu resolvi compartilhar aqui com vocês!

Companhia Editora Nacional
Eu escolhi a dedo a minha segunda leitura de 2012, na verdade foram duas releituras que eu fiz questão de fazer para me lembrar do que é importante na minha vida e de como eu quero vivê-la daqui pra frente. O primeiro, “Amor além da razão” de John Ortberg fala do amor que Deus tem por nós, sua criação, e foi um livro que mudou muito o modo que eu encarava a minha fé até uns 10 anos atrás, e o segundo, Pollyanna de Eleanor H. Potter, foi um livro que eu li a nada menos do que 30 anos atrás e foi o primeiro que me influenciou a ponto de querer ser uma pessoa melhor.

Engraçado como hoje em dia a expressão “dar uma de Pollyanna” é usada pejorativamente para descrever uma pessoa muito feliz, uma otimista boba que não consegue ver o lado ruim da vida. Eu só posso concluir que quem pensa assim nunca leu o livro, pois a pequena heroína é tudo menos boba. Ela pode ser ingênua, concordo, mas sabe muito bem porque o seu pai inventou esse jogo que nasce na verdade de uma profunda tristeza e de uma realidade muito dura, pois Pollyanna era muito pobre, filha de um missionário que já tinha passado por momentos tristes depois da morte da mãe que não aguentou ao perder outra criança no parto. Um dia ao receber as doações que viam numa barrica, ela “ganha” um par de muletinhas ao invés da sonhada boneca que ela tanto queria. É ai que nasce o jogo do contente e nasce também a que pra mim é uma das melhores técnicas de auto-ajuda que alguém já inventou. O jogo consiste simplesmente em achar um motivo para se ficar contente com qualquer situação. Veja bem, o uso da palavra aqui é muito importante: é o jogo do contente (em inglês: the glad game) e não o jogo do feliz. Estar contente é estar satisfeito com o que se tem, é analisar a situação claramente e se esforçar para encará-la da melhor maneira possível. Ficar feliz é fácil, mas ficar contente é algo que requer um esforço consciente.

2 de junho de 2012

Graça Divina

Editora Fôlego
Estudando o livro de Efésios, não poderia perder a oportunidade de ler "Graça Divina", o livro do mais novo pastor da minha igreja, Alcindo Almeida - um leitor ávido e um escritor frutífero. Ele alterna capítulos com o Pastor Gilberto Moraes, fazendo um estudo abrangente e claro da carta de Paulo aos Efésios, mais fácil de ler do que a obra sobre o mesmo assunto de John Stott (cuja dificuldade está mais relacionada a densidade e a profundidade que o assunto é apresentado, não da maneira que é escrito).

Eu recomendo a leitura deste, porque, além de um livro de estudo, pode ser considerado como um guia prático de conduta, referenciando-se outros livros da Bíblia e aproximando as escrituras da nossa vida hoje. Esse livro faz parte da série "Intimidade com a Palavra", que eu imagino que deve ser na mesma linha.

É muito bom saber que a literatura cristã brasileira  pode contar com um autor como o Pr. Alcindo, jovem, contemporâneo, que escreve sobre a luz da Bíblia e a sã doutrina para todo mundo, sem ser floreado ou acadêmico demais. E melhor ainda é ter o privilégio de escutá-lo aos domingos também!