Editora Companhia das Letras |
Quando me perguntaram no Clube do Livro se eu tinha gostado desse livro, minha resposta imediata foi "não". Depois, eu articulei um pouco mais: eu não gostei dos personagens. Eles são tão diferentes da minha concepção de mundo, que fica muito difícil compreendê-los e empatizar com eles. E o autor, J.M.Coetzee, não se dá ao trabalho de explicá-los muito, então fica mais difícil ainda - ou por outro lado, mais interessante, e isso rendeu várias discussões no clube.
O personagem principal, David Lurie, foi classificado de tonto ou arrogante, miserável ou obcecado, dependendo da leitura que a pessoa fez dos acontecimentos. Toda essa interpretação psicológica variada, que obviamente é influenciada pela nossa visão de mundo, é a grande riqueza de uum clube do livro, e por isso, novamente, eu estimulo a quem gosta de ler procurar um.
Sobre a história? Na África do Sul, num momento não muito bem definido, mas pós-apartheid, o descendente de holandês David Lurie é um professor frustrado de uma universidade que se envolve com uma aluna, e depois é acusado por ela de estupro. Verdade ou não, ele assume, e é expulso da faculdade, e resolve visitar a filha, que mora numa fazenda no interior - antes uma comunidade de hippie, na qual ela tinha uma namorada, agora vive a vida sozinha ali vendendo flores e hospendando cachorros. Pronto, nesse cenário pouco complexo, vem o fato que é o soco no estômago propriamente dito.
O livro flui bem e eu li em dois dias. Dá para discutir muito - sobre o homem, a mulher, a vida, a cultura tribal africana, o mundo ocidental, a moral, a honra, etc, etc, mas não é um livro confortável, de nenhuma maneira.
Fiquei curiosa!
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