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Eu só conhecia o autor Ian McEwan de ver o filme Desejo e Reparação, que foi adaptado do livro Reparação, que foi realmente um chute no estômago - principalmente para quem, enganada como eu por um título brasileiro e a mesma Keira Knightkey, se remeteu ao fofíssimo Orgulho e Preconceito. Aí a mediadora do meu clube de leitura fez uma analogia dos livros desse autor como uma bala de puxar: ele pega uma situação comum e puxa, estressa, até ver quando vai romper. E o pessoal comprou a ideia de ler Na Praia (On Chesil Beach) para esse mês de março.
A história se passa no comecinho da década de 60, antes da revolução sexual, e começa com um casal, virgem, num hotel na sua noite de núpcias. A gente entra na cabeça dele, e entra na cabeça dela, e pode ver como eles estão totalmente descompassados: ele está louco para consumar o ato e ela sente nojo de sexo (a começar por beijo na boca) e gostaria de fugir da situação, mas não quer desapontá-lo como esposa.
Há alguns flashbacks para entender melhor os personagens, e mesmo sendo uma história curta, ela é um mergulho profundo nesses dois, Edward e Florence, e também um retrato de uma época, principalmente do que se tratavam os namoros. No entanto, há algo de atemporal no casal: o ponto principal de conflito é que eles não sabem conversar. Simplesemente assim, não sabem. Pensam algo e falam outra coisa, não sabem expressar seus sentimentos. Embora a relação sexual seja a base para mostrar a crise de diálogo do casal, eu tenho tanta certeza que há tantos casais por aí hoje em dia, sofrendo e debatendo-se (struggling, é o que me vem a cabeça) exatamente com o mesmo problema...
Eu me apaixonei realmente pelo autor, gostei do estilo, da forma de apresentar os personagens, da trama bem traçada, da linguagem. Recomendo mesmo, e outros dele já estão na minha lista por ler. Aguardem...
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