3 de fevereiro de 2012

A Delicadeza

Para colorir mais esse blog, convidei uma das minhas grandes amigas para comentar livros aqui também. A Fér, morando na França, vai contar um pouco da literatura daquele lado de lá.

Editora Rocco


Meu primeiro livro do ano foi um livro francês, “La délicatesse”, de David Foenkinos, publicado no Brasil pela editora Rocco. Este é o oitavo livro publicado pelo autor, que eu não conhecia. “La Délicatesse” está em destaque nas livrarias francesas porque ele deu origem a um filme, que estreou por aqui no dia 21 de dezembro, tendo no papel principal a Audrey Tautou (“O fabuloso destino de Amélie Poulain”, “O Código da Vinci”).


O enredo do livro é bem simples: Nathalie, bela e jovem, romântica e que adora ler, um belo dia encontra François. Eles se apaixonam, se casam e vivem felizes... até que (isto vai parecer spoiler, mas não é) em uma manhã de domingo, François sai para correr e é atropelado. Nathalie vira então uma jovem viúva que mergulha no trabalho para esquecer sua dor. Durante anos, sem deixar de ser bela e feminina e assim despertando o interesse dos homens, ela simplesmente não se interessa por nenhum deles. Até que um dia, de uma maneira totalmente repentina, ela beija um colega de trabalho, Markus, que é tímido, estranho, e, segundo descrição do narrador, “tinha um tipo físico um tanto desagradável, mas também não se pode dizer que era feio”. A relação deles evolui aos poucos, causando estranheza de todos os colegas da empresa.


O livro é escrito em uma linguagem simples, fluida, com capítulos curto. Há um toque de originalidade na estrutura do livro, já que o autor intercala capítulos narrativos com capítulos contando fatos aleatórios ligados a algo citado no capítulo anterior, como por exemplo os resultados dos jogos do campeonato francês no dia em que Nathalie sai para jantar com seu chefe, a lista de cidades que Nathalie e François pretendiam visitar em breve, ou a definição da palavra “delicadeza” no dicionário Larousse.


Fiquei um pouco dividida quanto ao estilo do autor, achei algumas frases poéticas e extremamente bem construídas, e ao mesmo tempo algumas bem clichês. A história é simples, mas ao ler a sinopse me pareceu ter potencial – fiquei um tanto decepcionada no final. A personagem principal, Nathalie, e seu romance com François no início são descritos como tão perfeitos, que para mim chegou a ficar irritante, afastado da realidade. O personagem de Markus também me pareceu interessante no início, mas acho que faltaram mais nuances, mais profundidade. De uma maneira geral, acho que o autor fez um livro muito leve, com uma estrutura muito “delicada”, sem uma maior construção dos personagens e das situações. Talvez fosse sua intenção, mas para mim, deixou uma sensação que o livro é “incompleto”.

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