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O primeiro livro que eu li de Charles Dickens foi As Aventuras do Senhor Pickwick, lá pelos meus 12 anos. Era enorme e antigo, mas foi recomendando por uma amiga (da mesma idade) como sendo divertido, então eu encarei e não me decepcionei. A história é leve e tem o personagem mais engraçado do Dickens, Sam Weller.
O rico senhor Pickwick do título mantém um clube, que não é bem explicado, mas é como uma associação de amigos que trocam ideias sobre a vida em geral (registrando tudo em documentos, os papéis do título em inglês que foram lidos para recontar a história pelo narrador). Este é o mote para colocar em foco e satirizar a sociedade interiorana, a política inglesa, a prática de jornalistas, advogados, pastores e médicos, além de, é claro, os relacionamentos humanos amorosos. No entanto, a narrativa é de um ponto de vista inocente - para não dizer, cínico - em que mesmo bebedeiras (não poucas!) são descritas de uma forma isenta, deixando que a crítica seja formada em nossa mente.
Mas quem rouba a cena mesmo é Samuel Weller que aparece num capítulo como engraxate e faz tanto sucesso que, (como nas novelas atuais), foi promovido a personagem principal ao ser contratado como criado pessoal do Sr. Pickwick. Ele e seu pai tem o tal do sotaque cockney das ruas de Londres (trocam "v" por "w" e vice-versa) e falam frases de sabedoria sobre tudo com uma estrutura particular que, por causa deles, são chamadas de "Wellerismos" (vou citar em inglês, com uma tradução simplificada para português):
“Sorry to do anythin’ as may cause an interruption to such wery pleasant proceedin’s, as the king said wen he dissolved the parliament,...”
"Desculpe-me fazer qualquer coisa que pode causar interrupção a procedimentos tão prazeirosos, como disse o rei quando ele dissolveu o parlamento,..."
"Ven you’re a married man, Samivel, you’ll understand a good many things as you don’t understand now; but vether it’s worth goin’ through so much, to learn so little, as the charity-boy said ven he got to the end of the alphabet, is a matter of taste."
"Quando você for um homem casado, Samuel, você vai entender um monte de coisas que você não entende agora, mas se é válido passar por tanto, para aprender tão pouco, como disse o estudante de bolsa quando ele chegou ao final do alfabeto, é uma questão de gosto."
Gostei muito de reler esse livro, e recomendo para quem quiser começar com algo leve (em conteúdo, não em papel impresso) de Charles Dickens.
Ainda estou-me preparando para ler este livro. Ansioso. hehe
ResponderExcluirOi Taciana, eu também li este livro na adolescência e estou relendo agora. São aventuras deliciosas. Um outro livro que também amei, só que atual, é A Sombra do Vento - de Carlos Ruiz Zafón. Não sei se você já leu, mas é maravilhosamente bem escrito. Recomendo. Um abraço.
ResponderExcluirEstou começando a ler, não estou achando tão interessante, parece monótono. :(
ResponderExcluirEstou no final.Livro maravilhoso,engraçado e inteligente. Vale a pena ler.
ResponderExcluirEstou a ler esse livro, uma pena que em português mesmo, então perderei parte dos "welerrismos" (minha habilidade pouca no inglês não permitiria ousar ler no original).
ResponderExcluirMas o livro se configura muito bom e divertido. Estou na parte em que Pickwick se mete numa confusão com a senhora de meia-idade depois dela ser pedida em casamento por aquele senhor (que não direi nomes para não dar spoiler). É muito bom mesmo. hahahaha
E adorei a resenha!