Editora Companhia das Letras - Capa Hélio de Almeida sobre relevo de Arthur Luiz Piza |
O meu livro preferido do José Saramago é esse, uma verdadeira história de amor. Ou duas: nos dias de hoje, a tensão crescente entre Raimundo Silva e Maria Sara, e na época do ataque mouro a Lisboa, em 1147, entre Moogueime e Ourona. As histórias se entrelaçam porque Raimundo Silva, revisor de texto, resolve colocar um "não" numa frase de um livro da história de Portugal - que os cruzados NÃO ajudaram os portugueses a retomar Lisboa das mãos dos muçulmanos, e daí surge toda uma história paralela considerando que isso é verdade.
Meio contemporâneo, meio histórico, mas inteirinho Saramago, com muitos diálogos e orações curtas dentro de frases e parágrafos gigantes, a narração vai encantando e envolvendo. Esse livro tem um dos diálogos mais românticos que eu já li, e que me dá frio na barriga toda vez que eu releio. Para ver a genialidade de Saramago, o clímax da conversa é a simples frase "eu gosto de si".
Então vem um grão de sabedoria: quando a pessoa resolve falar, logo em seguida a essa primeira declaração, "Posso dizer-lhe que o/a amo?" (estou tentando não dar um spoiler muito nítido, por isso os dois possíveis gêneros), a conversa continua assim:
"Não, diga só que gosta de mim, Já o disse, Então guarde o resto para o dia emque for verdade, se esse dia chegar, Chegará, Não juremos sobre o futuro, esperemo-lo para ver se ele nos reconhece, ..."
(Fica subentendido, é claro, que a pontuação em Saramago é assim, sem ponto final ou de interrogação, as pessoas do discurso mudam na letra maiúscula, o que eu acho que dá muita agilidade ao texto - procure ler em voz alta.)
Gosto dessa abordagem de que o amor é algo que vem com o tempo, um sentimento construído em cima do relacionamento e um pouco de destino - desconfio das pessoas que saem amando assim a primeira vista (ao contrário da paixão, é claro, que geralmente é súbita). Mas ver o romance surgindo - que delícia que é! - é viver junto com os personagens, é aquecer o coração, é lembrar da nossa própria história ou sonhar com emoções futuras (repetidas ou novas). Genial, esse Saramago.
Oi Taci!
ResponderExcluirEu também adoro Saramago! Este livro ainda não li, mas esta na minha fila (comprei quando fui para Portugal).
Engraçado que hoje eu também acho que este jeito de escrever agiliza o texto, mas lembro que o primeiro Saramago que li (na oitava série, se eu não me engano), foi difiiiiiicil para pegar o jeito... Parecia muito mais pesado, frases infinitas sem fim! Mas é questão de costume, acho.
Bjs!
Fér
Concordo com a Fernanda, ler Saramago e uma questão de costume sim,.. E eu tbm adoro, mas esse livro ai eu nao li ainda... Vou comprar... Algum dia! Depois q eu ler tudo q tá na minha lista.... Rsrs... Bjos!
ResponderExcluirDebo