Ed. Companhia das Letras - Capa: Silvia Ribeiro |
Esse livro é de J.M.G. Le Clézio (haja iniciais!), escritor francês, ganhador do prêmio Nobel em 2008. E para ganhar Nobel, não basta contar uma boa história, precisa fazer isso de uma maneira diferente, uma linguagem diferente e este não é exceção.
O livro é sobre Laila, uma garota que foi roubada aos 6 anos de idade de algum lugar na África e levada para ser criada para e por uma senhora no Marrocos. Em pouco tempo - quando se vê ela tem apenas 21 anos - ela passa por um prostíbulo (sem se prostituir, só sendo cuidada pelas garotas), por uma casa da família, foge para a França via Espanha (imagina a galera entrando nos Estados Unidos via México), depois chega aos Estados Unidos onde vira cantora... Tanta coisa acontece, num livro que nem é tão grande assim, que parece uma verdadeira maratona.
Além disso, a história incomoda por ser contada em primeira pessoa, e nós ficamos de cara com alguém perturbado por não conhecer suas origens, não saber quem é, e que não sabe lidar bem com relacionamentos, o que é amizade, e o que é cuidado, e o que é vontade de prender e sufocar. Achei engraçado que várias vezes ela tem "surtos", momentos em que para de fazer tudo, de sair na rua, só fica deitada, sem falar, sem comer direito. E sempre - sempre - tem alguém que recebe "a loca" sem fazer perguntas sobre esses períodos negros.
Laila também é uma personagem que adora ler, e cita vários livros clássicos e contemporâneos, acredito que isso é uma das maneiras de ela aprender as línguas que fala - árabe, espanhol, francês, inglês. Mas o seu livro preferido é de Frantz Fanon, escritor ligado ao tema de opressão (que é bastante do que a personagem sente).
Até que esse é um Nobel fácil de engolir, mas pode não ser muito palatável para muitas pessoas.
Fiquei muito interessada em ler. Valeu pela dica!
ResponderExcluirBjus!