Editora Companhia das Letras - Capa: Rita da Costa Aguiar |
Tudo começou com a vontade de encontrar mais interlocutores para falar de livros (uma das motivações básicas desse blog também, assim como a divulgação da literatura). Em uma busca na internet por "clube de livros", encontrei o site da Companhia das Letras, com divulgação de várias datas e locais de reunião (inclusive por skype). Considerei bem o nome do autor: "Mia Couto", imaginei ser uma escritora brasileira, e enviei email para me inscrever.
(Três dias depois, é publicada a reportagem da Veja citando justamente esses clubes que começam a se espalhar pela cidade).
Quando fui procurar o livro para comprar, qual a minha surpresa ao descobrir que a brasileira Mia Couto era na verdade um escritor de Moçambique?
No interior de um país (não definido), mora um pai, dois filhos, um agregado, e um tio que vem e que vai. O filho mais novo, Mwanito, por volta de 9 anos, nunca viu o "mundo lá fora", que supostamente acabou - segundo afirmação do pai. Eles foram para esse lugar isolado, depois da morte da mãe, e estão num ambiente criado pela vontade do pai: ele batizou o lugar de Jesusalém (assim mesmo, dizendo que Jesus vai nascer ali de novo), mudou o nome das pessoas do pequeno clã para lhe dar mais significado, e dita as regras que ali reinam. A crise acontece quando chega uma mulher de fora, estremecendo o frágil equilíbrio daquelas relações familiares.
O livro, embora em prosa, é pura poesia. Totalmente lírico, cheio de metáforas que nos apresenta um mundo diferente e encantandor. Mwanito nunca viu uma mulher, e poder vê-lo descrevendo o seu espanto e admiração é algo incrível.
"Foi então que sucedeu a aparição: surgida do nada, emergiu a mulher. Uma fenda se abriu a meus pés e um rio de fumo me neblinou. A visão da criatura fez que, de repente, o mundo transbordasse das fronteiras que eu tão bem conhecia."
Eu lembrei um pouco do Guimarães Rosa ao ler o livro, a mesma cadência musical de leitura, a maneira tão poética e figurada dos personagens falarem, e depois descobri que ele é uma grande influência do Mia Couto mesmo.
A conversa sobre o livro, onde obtive essa informação e outras, ocorreu nessa segunda, num grupo de 10 pessoas (sendo só um homem). O papo fluiu leve, sem nenhum acadêmico fazendo dissertação, um só compartilhar de sensações e impressões. Foi uma experiência muito boa - o livro, o clube do livro - então decidi que vou voltar. Por que você não se aventura também?
olá taciana, depois de 2 anos sem atualizar meu blog - um longo e tenebroso inverno- decidi retomá-lo: amomusicaeliteratura.blogspot.com
ResponderExcluirPaz e Bem,
Ana Maria
Ah, Mia Couto é demais: já leu "O Fio das Miçangas"?
ResponderExcluirPaz e Bem,
Ana Maria