30 de maio de 2011

The Apostle


Editora Pocket Books
 Esse é um livro de garotos, ou seja, parece um filme de ação com muitas armas, brigas e conspirações - "a thriller". Pela capa, você pode imaginar que é um daqueles filmes americanos, que o mocinho dos states salva o mundo no final e é quase isso. E embora isso tudo possa depor contra o livro, ele é incrivelmente bom.

A história é ao redor de uma médica americana que é sequestrada no Afeganistão e o resgate pedido é um líder do talibã que acaba de ser preso pelos afegães. O detalhe é que a mãe dela é uma super poderosa da mídia que acabou de eleger o presidente americano e o chantageia para se envolver no resgate - já que o povo lá não que o dinheiro que ela ofereceu. Para o negócio não virar público e político, Mr. President contacta um ex-agente SEAL (sim, esses que mataram o Bin Laden), para que ele faça o trabalhinho de maneira secreta. A partir daí, a história se separa em duas - no Afeganistão, em que "O Apóstolo" do título (ou "embaixador" ou "mensageiro", na tradução que melhor lhe apetecer) relaciona-se com americanos, canadenses e afegães para pegar o líder talibã e trocar pela médica sem envolver o nome do governo americano nisso - e a outra parte da história, em que uma agente secreta, que ouviu a super poderosa chantagear o presidente, tenta descobrir o que ele está tentando esconder.

Os personagens e as tramas são muito bem construídos, sem forçar a barra só para a ação acontecer, o que realmente me impressionou. Quando você vê um filme assim, acha que tudo é pretexto para as lutinhas, o que tornaria a leitura um ato de martírio. Mas esse livro de Brad Thor pode virar um filme sim e não seria o dos mais bobos - sem, é claro, esquecer o patriotismo americano e tal - se você não suporta isso, fique longe. (Ah, e realmente ajuda se você é um garoto com interesse em armas, eles citam vários equipamentos por siglas que eu não fazia a mínima ideia do que se tratava).

No entanto, outro ponto surpreendente é a maneira em que o Afeganistão é retratado: como uma cultura diferente, e num pontos difíceis de compreender para os olhos ocidentais (eles tem até o bordão "TIA", ou "This is Afghanistan", "esse é o afeganistão", não questione), mas até com certo respeito. Diferente de livros como O Caçador de Pipas e Cidade do Sol, ele foca mais nesse sub mundo de terrorismo, segurança, e o contato do talibã e do Afeganistão em geral com os ocidentais que já se encontram ali, então você vê o que é um mundo globalizado mesmo. Não é possível dizer se tudo que está descrito no livro é real, mas parece bem convincente.

Esse livro eu ganhei de aniversário de um casal muito querido, o que não o salvou de tomar um caldo nas férias, ao qual ele sobreviveu! Já está disponível para empréstimo.

27 de maio de 2011

Robinson Crusoé

Editora Penguin

Ainda no clima das minhs férias, lembrei do livro Robinson Crusoé, que muita gente deve conhecer a história, sem nunca ter lido o original. Afinal, a história do século XVIII tem um tema simples - o náufrago numa ilha deserta, que é referenciado direta ou indiretamente até hoje, como no filme do Tom Hanks ou mesmo na série Lost.

Na história, Robinson Crusoé é o único sobrevivente de um naufrágio no Caribe (além de 3 animais) e chega numa ilha a princípio deserta, mas que depois descobre que é habitada por canibais. Um dos prisioneiros dos nativos consegue fugir da morte e encontra Robinson, que o chama de Sexa-feira, baseado num calendário que ele mantém desde que chegou na ilha.

É claro que no final ele é resgatado e volta para contar a história - é dito que Daniel Defoe se inspirou numa história real de um escocês que passou 4 anos numa ilha na costa chilena, e embora o cara tenha escrito seu relato, as histórias são bem diferentes, cmo por exemplo o Crusoé ficar por 20 anos na ilha.

Ao ler o original, você se depara também com várias reflexões espirituais do náufrago, que está ali com uma Bíblia (que eu sinceramente acho uma ótima escolha para uma ilha deserta - pelo tamanho e pelo conteúdo). Robinson Crusoé então se aproxima de Deus tanto pela leitura, como pela reflexão e seu contato solitário com a natureza.

É muito difícil de imaginar 20 anos de alguém num lugar isolado, e é claro que toda a conjuntura de 300 anos atrás é muito diferente da atual - a começar pelo politicamente correto, mas tenho certeza que qualquer um, em qualquer época, seria altamente modificado por um evento desse tipo. Um clássico que vale a pena ler pela literatura e pela curiosidade sociológica.

Para terminar, uma curiosidade para nós, brasileiros, é que o Robinson Crusoé morou no Brasil e era dono de uma plantação e estava no navio para buscar escravos na África.

19 de maio de 2011

Nosso último verão

Editora Objetiva - Capa Silvana Mattievich 
Ok, estou de férias na praia (1 semana), então esse post foi inspirado nesse tema e preparado antes de ir. Depois eu conto das minhas leituras praianas.

Esse livron de Ann Brashares é sobre duas irmãs num triângulo amoroso por um amigo de infância, Paul. Eles se reencontram nas férias, numa daquelas cidadezinhas americanas litorâneas, em que o calor não é tão quente, e que tem mais gente andando de barco do que efetivamente deitado na areia.

É um livro sobre irmãs, família e amizade, mas eu ganhei de aniversário de amigas 3 anos atrás porque tinham duas loiras na capa.

Com esse título, "Nosso último verão", você pode esperar que aí vem tragédia, mas, até ela acontecer, certeza que você já está totalmente envolvida e vai derramar algumas lágrimas.

Sim, é um livro de garotas, sim, é um livro fácil de férias, sim, o final é feliz, sim, nós gostamos disso mesmo.

16 de maio de 2011

Elogio da mentira

Editora Rocco

Segundo livro que eu li da Patrícia Melo, o primeiro foi O Ladrão de Cadáveres, e só confirmou que eu gosto mesmo dela.

Nesse livro, o personagem principal é José Guber, um escritor de romance policial de banca, que mora com a mãe. Ele passa uma sinopse para o editor, que aprova ou não, e aí tem cerca de 2 semanas para escrever o livro todo...  O mais divertido é que ele "plagia" clássicos da literatura internacional, as sinopses são adaptações de casos de Sherlock Holmes, Edgar Allan Poe e até Doistoevski, e o editor odeia! Só serve o que cabe nas leis do Sei-lá-quem, que é um sucesso dos romances policiais.

A história se desenrola quando ele conhece Fúlvia Melissa (sério), que é especialista em ofídios - eles se apaixonam, começam a ter um caso, e ela resolve que eles vão matar o marido dela. Juntos, eles começam a tramar o crime perfeito, ou pelo menos um que não seja descoberto.

O livro é engraçado, não de rolar de rir, claro, mas com pitadas de humor negro e ironia. Uma leitura bem rápida. E ainda meciona a grande Valinhos City! Num hotel no interior de SP, José Guber encontra dois casais amigos, e as mulheres são descritas em 5, não, 6 palavras: Roupas brancas, unhas vermelhas, franjas. E Roliças. Quando eles se apresentam, e elas falam da onde são, ele pensa:

"Valinhos! Com essas franjas só podiam ser de Valinhos."

Se alguém entendeu, favor explicar nos comentários... hahahahahahahaha.

15 de maio de 2011

Milionários Demais

Editora Companhia das Letras

Esse livro me apresentou um detetive na mesma linha de Sherlock Holmes e Hercule Poirot: Nero Wolfe. Assim como os dois, ele usa a capacidade dedutória e a lógica para desvendar os crimes e é um ser humano particular: excêntrico e esnobe - o que não evita que nós simpatizemos com ele.

A narrativa é do ponto de vista do seu auxiliar, Archie Goodwin, que o ajuda na parte prática, quando é preciso colher evidências ou intimidar suspeitos. A maneira em que é narrada também é peculiar porque é escrita com muitos detalhes, mas meio que sem muita emoção, o que dá um tom humorado ao livro. Esse não é o primeiro livro dos personagens (são mais de 30, num período de 25 anos), então ele não explica muito, a história vai acontecendo e eu fui deduzindo algumas coisas.  (E esse Archie é um pegador da época, tem seu charme para fazer sucesso com as mulheres).


Primeiro, que Nero Wolfe é muito gordo - Archie sempre o descrevia procurando uma cadeira adequada para sentar-se ao chegar em qualquer ambiente. E claro que em vários momentos podemos perceber que ele é um gourmet, e apreciador da culinária bem feita. Ele também é cultivador de orquídeas e, nessa história, ele sai de casa especialmente para participar de um concurso com um "inimigo" nessa área. (O meu amigo que me emprestou o livro disse que esse é um dos melhores justamente por isso - geralemente Nero não sai de casa para o mundo perigoso lá fora).

Outra dica do enredo é quando Archie diz que 2 dólares são suficientes para um bom almoço para duas pessoas - e aí eu percebi o quanto esse livro deve ser antigo, porque aposto que hoje em dia não se deve comer bem com esse valor nos Estados Unidos, onde se passa a trama (o detetive é de Nova Iorque).

Para quem gosta de história de detetive, recomendo mesmo, uma leitura fácil e divertida. (Mas deixo o registro aqui: Poirot ainda é o meu favorito!!!)

10 de maio de 2011

A Princesinha

Editora Penguin Books

Gostei da sugestão da minha irmã no último comentário e resolvi escrever sobre um dos meus livros preferidos de todos os tempos - A Princesinha.

Eu primeiro vi o filme de Alfonso Cuarón, que é muito bonito, tanto pela história como pelas imagens. O filme conta em paralelo uma história de um deus indiano, e isso rende imagens maravilhosas e cheias de fantasia (algo que não tem no livro). Eu estava numa fase sensível e chorei o filme inteiro... Aliás, eu já assisti n vezes esse filme (n tendendo ao infinito) e chorei várias vezes. É um filme infantil, claro, mas tão sensível!

Depois eu li o livro nessa versão pocket em inglês e adorei também. Várias partes são diferentes do filme, mas a ideia do filme é mantida e eu gostei da adaptação ao cinema (o que é meio difícil de acontecer). A autora, Frances Hodgson Burnett, escreveu outros livros sobre a mesma época com crianças como o hit da sessão da tarde O Jardim Secreto. (Eu gosto muito do século XIX na Inglaterra!)

A história é sobre Sarah, que perde a mãe quando bebê na Índia e depois é levada para Londres (no filme é NY) para estudar num colégio interno só para garotas. O pai a cerca de boas roupas e brinquedos, e a diretora do colégio - uma chata - a escolhe para ser sua "aluna de destaque", o que rende ciúmes de algumas garotas. Mas suas boas maneiras, sua gentileza e o dom de contar histórias conquista a maioria das amiguinhas. No meio tempo, o pai morre na Índia (no filme, é numa guerra) e ela fica sem dinheiro algum e agora precisa trabalhar no colégio fazendo limpeza em troca apenas de moradia e o mínimo para sobreviver.

O que eu acho mais legal é que a Sarah diz que gosta de se imaginar uma princesa para então se comportar como uma - e ser uma princesa significa ter valores morais muito elevados e agir de acordo com eles. (No filme, o pai diz que ela é uma princesa, porque todas as garotas são princesas). Mesmo na pobreza e no luto, ela continua acreditando nos seus princípios e valores, e que não importa a situação - ela é uma princesinha. Percebam o detalhe no título em inglês: Uma princesinha, que se perdeu na tradução - A little princess.
Além disso tudo, a música tema do filme é uma das minhas preferidas e tocou no meu casamento, logo antes de eu entrar (a letra só começa depois do primeiro minuto).
Kindle My Heart  - Patrick Doyle

As the moon kindles the night
As the wind kindles the fire
As the rain fills every ocean
And the Sun the Earth
your heart will kindle my heart

Take my heart
Take my heart
Kindle it with your heart
And my heart cannot be
Kindled without you
with your heart kindle my heart

Acende meu coração

Como a lua acende a noite
Como o vento acende o fogo
Como a chuva enche cada oceano
E o Sol, a Terra
O seu coração acenderá o meu coração

Pegue o meu coração
Pegue o meu coração
Acenda-o com o seu coração
E o meu coração não pode ser
Aceso sem você
Com seu coração acenda meu coração

Kindle: quer dizer "acender", "colocar fogo em", "estusiasmar", "estimular" - é uma palavra muito bonita, não?

5 de maio de 2011

Youth


Nos últimos tempos, eu esbarrei figurativamente em J. M. Coetzee três vezes. Na primeira, um amigo poeta me sugeriu o livro "Mecanismos Internos", depois eu vi a reportagem na veja falando sobre o mesmo autor e o lançamento desse livro, e então eu vi o Youth na mão de um amigo do trabalho. Pronto, modo cara de pau on, pedi emprestado para "experimentar" o autor.

E adorei! J. M. Coetzee é um escritor sul africano, que ganhou o Nobel em 2003. Ele escreve ficção, mas também é conhecido por ser um ótimo crítico literário (que é o assunto de Mecanismos Internos). Esse livro em questão, "Juventude", é uma auto-biografia ficcional, ou seja, ele escreve sobre si mesmo em 3a pessoa e não sabemos se tudo que é dito é verdade ou não. (E esse é o 2o livro em que ele faz isso, o primeiro chama "Boyhood" ou "Infância", e ainda tem um outro, chamada Springtime.)

A história é sobre um rapaz da África do Sul, Jonh, estudante universitário que quer se tornar um artista  - poeta - e faz matemática porque ele a considera como o pensamento mais puro que se pode ter... (Vai entender!) Estamos na década de 60, e como ele não vê muito futuro num país que promete ser destroçado pelos embates em volta do apartheid, ele vai para Londres - "onde a vida pode acontecer".

Ele gosta muito de literatura e estuda bastante o assunto, então no livro há várias partes em que ele comenta sobre os autores, compara estilos, discute obras de uma maneira impressionante, e torna o livro delicioso.  Ele incita a nossa vontade para ir atrás desses escritores e ver por nós mesmos o que ele viu.

No entanto, Jonh parece ser muito ingênuo, com relação a carreira de escritor e principalmente com as mulheres. No primeiro tópico, ele acha que a inspiração para fazer uma obra espetacular virá como mágica. No segundo, ele espera que magicamente encontre a mulher de sua vida - e ele acha que precisa de uma, porque todos os artistas possuem amantes. No entanto, quando uma garota se interessa por ele, Jonh desconfia que é por ter visto a chama de artista que existe dentro de si, a qual as mulheres (todas, em geral) não tem, e que quando elas fazem amor com um artista é para roubar essa chama... (hein?)

Eu recomendo esse livro para todos que tiverem interesse em literatura, ou para quem quer ver um retrato de uma época via uma pessoa não lá muito normal...  A leitura é fácil, nada do que você possa imaginar de um Nobel - simplicidade é uma arte!

2 de maio de 2011

Diário de Bordo: China

Esse é um livro muito especial! Foi escrito por um amigo meu, o Leonardo Alves, ou Leo Branco, ou Leo - e isso é muito louco! Conhecer alguém, mas conhecer de verdade, que já publicou um livro, está disponível na Saraiva... Muito louco.

O Leo adora viajar, e já conheceu diferentes lugares do mundo, mas em 2009 ele foi para o lugar mais louco de todos: China, para passar um mês estudando mandarim, convivendo com chineses e conhecendo todos os pontos turísticos de Pequim. Ou Beijing.

Parênteses: Por que passamos a chamar Pequim de Beijing? Nós chamamos "London" de Londres, não? E "New York" de Nova York (ou Iorque!), não? Fecha parênteses.

É a visão da China e do mundo oriental de um estudante brasileiro de 20 e pouquinhos anos, bem aberto a conversar com as pessoas (mesmo se for uma chinesa na fila para ver o corpo embalsamado de Mao perguntando sobre Jackie Chan), bem aberto para experimentar coisas novas (literalmente, de cérebro de cavalo - booooom - a bicho de seda - nojeeeeento), e escrever um diário bem aberto sobre o que está pensando de toda situação e fazendo comparações com a cultura ocidental e nosso modo de pensar. Tudo de uma maneira bem informal e sincera, como emails enviados para amigos devem ser (e foram, literalmente).

Dá vontade de conhecer a China pessoalmente, mas é ótimo ter a visão de uma outra pessoa, que faz jus ao título de turista, fazendo coisas que eu nunca faria (como comer coisas estranhas). (E para relativamente corajosos para ir até lá: há opções de pizza hut e macdonalds a restaurantes brasileiros).

É uma leitura fácil, rápida e divertida. Eu recomendo e faço propaganda: é possível comprar o livro na Saraiva e na Loja Singular.

PS: Hoje é o dia dos parênteses.
PPS: (Hoje.)
PPPS: (Adoro!)