Editora Geddes & Grosset |
Depois de muito tempo sem ver a última página de um livro, hoje eu terminei Vinte mil léguas submarinas, da minha coleção de "Livros para Meninos", da qual eu também li "Sequestrado". E tanto esse como aquele são livros clássicos, antigos (séc. XIX) e difíceis de ler, seja pela linguagem seja pelo ritmo narrativo. Não sei se em francês Julio Verne é mais simples, mas numa busca rápida por capas de livros na internet, percebi que é muito mais fácil encontrar versões "condensadas" ou "adaptadas" em português do que o texto original.
Se você encarar o texto integral, vai se deparar com muitos detalhes científicos que explicam o funcionamento do submarino, navegação, a geografia submarina, a vida de diferentes espécieis embaixo da água e até um pouco de história. Se você quiser só ver a ação mesmo, a versão deve ser muito mais agradável. Ou mesmo um filme! Porque o livro é realmente cheio de aventura.
Um dos pontos interessantes é ver como a cultura mudou nesses 150 anos: existia muito mais formalidade e todo o conceito de "senhor" e "servo" era bem claro. O Prof. Aaronax, seu criado e um marinheiro são levados para dentro do submarino: o professor é honrado com cabine especial e conversas particulares, entre iguais, com o capitão do Nautilus, já o criado e o marinheiro dividem uma cabine, e embora sejam muito elogiados pelo professor, são claramente de uma classe inferior. O criado está disposto a morrer pelo professor, e este o chama de amigo, mas a situação social não muda... Agora fico imaginando: a sociedade realmente mudou, ou simplesmente somos mais politicamente corretos na superfície?
Outro ponto é a linguagem extremamente formal e polida, já que a história é narrada em 1a pessoa pelo professor, parece de uma afetação tamanha! Isso já é realmente diferente do que já estamos acostumados, com internet e twitter.
O livro é mesmo para garotos: não há nenhum - NENHUM - personagem feminino. Nada de romancezinhos, ou passagens fofas. E o trecho mais romântico do livro é esse:
"Assim os antigos, observando seus olhares suaves e expressivos, que não podem ser sobrepujados pelo olhar mais maravilhoso que uma mulher pode dar, os seus olhos claros voluptuosos, suas posições charmosas, e a poesia de seus trejeitos, os metamorfoseia, o macho em um tritão e a fêmea em uma sereia."
E ele está falando de uma foca. Pode?
Vale a nota: se você lembra do Nemo, do filme da Pixar, o capitão Nemo do livro é totalmente diferente no quesito doçura.
Por fim, eu sempre achei que as 20 mil léguas submarinas eram no sentido vertical: ou seja, eles iam até a profundidade de 20 mil léguas submarinas e encontravam vários bichos estranhos e tal. Mas não, caro leitor, admito a ignorância: essa distância (que no livro é especificado 1 légua como 4km, ou seja 80 mil km) é o que o submarino percorre durante a história nos 7 mares incluindo até o Polo Sul - a viagem ao centro da terra (outro livro!) é bem mais curta...
eu AMO!! Mas não achei difícil a leitura, mas também li em Inglês.
ResponderExcluirTaci, ele estava falando de uma foca!!! Você tinha que ter achado a melhor parte do livro!
ResponderExcluirBeijos.
Foca
Hahahahahhhaha.... morri de rir com a parte da foca!!! Hahahahah...
ResponderExcluirEu confesso que, na minha loucura, fiquei com certa dor de cotovelo dessa foca. Homem nenhum me descreveu com tantos detalhes!
ResponderExcluirAcho Verne muito bom pra imaginação. Quando eu tiver filhos, vou tirar as partes complicadas, dar uma condensada e contar as estórias para a molecada!
Adorava nos meus tempos de infãncia. Adorei te blog.
ResponderExcluircitacoesecia.blogspot.com