31 de dezembro de 2011

Top 2011


É muito difícil fazer um top de livros geral da minha vida (embora eu já tenha feito), então vou fazer um das minhas leituras de 2011, em categorias principais (e em nenhuma ordem em particular).







Livros de Ficção
Uma canção de Fogo e Gelo (os 3 primeiros que eu li)

Livro Brasileiro

Livro Infantil

Livros Cristãos
The Screwtape Letters (Cartas de um diabo ao seu jovem aprendiz)

Livro de auto-ajuda

E para vocês, quais foram as melhores leituras do ano?

Estatísticas 2011

Meu ano de 2011 leitor e blogueiro em números:

67 livros lidos

83 posts, sendo 77 posts sobre livros, (67 lidos/relidos esse ano, e 10 lidos antes), 03 posts genéricos (esse, um de top 2011 e um sobre o Kindle) e 03 posts sobre autores (Moacyr Scliar, Fernando Pessoa, Tomas Transtömer).
60 livros estrangeiros, e só 7 brasileiros (quero aumentar bastante esse número em 2012).
46 livros em português, 20 em inglês e 1 em francês (um tijolo! valeu por muitos!).

35 livros emprestados (obrigada mesmo a todo mundo que me emprestou livros esse ano!!) e 32 próprios (sendo 9 no kindle, aderi totalmente, aposto que ano que vem serão mais).
Visitas pelo Google Analytics: 7443 visitas e 5245 visitantes, de 41 países (até Vietnã, Irã, Cabo Verde e o Qatar). Os 4 países que mais visitaram: Brasil, Portugal, Estados Unidos e França.

E vocês?? Já revisaram o ano de 2011 em números? Quantos livros foram???

28 de dezembro de 2011

Peter Pan Escarlate

Editora Moderna (Salamandra)
Devem existir muitas versões e continuações de Peter Pan por aí, mas esta é a oficial. E sabe o por quê? Depois de ganhar um dinheirão com o livro Peter Pan e Wendy, J.M. Barrie doou os direitos autorais para o Hospital Infantil de Great Ormond Street em Londres, que passou a receber toda a imensa renda, imaginem só. Então, em 2004 (centenário do lançamento do 1o livro), eles fizeram um concurso para ter a continuação oficial, autorizada,e quem ganhou foi Geraldine McCaughrean.

Confesso que eu não me lembro de já ter lido a versão integral de Peter Pan e Wendy (que obviamente é o tipo de história que parece que faz parte do consciente coletivo), mas eu adorei essa continuação. É uma história para crianças, mas não é boba ou escolhe os caminhos mais simples (como se elas não fossem inteligentes).

Os heróis não são sempre bons e os vilões não são sempre maus, mas de maneira leve, claro, como por exemplo Peter Pan e sua síndrome de Filho Único Mimado que não sabe dizer "por favor".

A prosa é leve, quase como uma conversa, com direito a ironias finas que podem também divertir adultos - J. M. Barrie explicou que os Meninos Perdidos caem dos carrinhos das babás distraídas, mas Geraldine inclui também uma explicação para meninos perdidos por pais:

"Mesmo quando são os pais que cuidam deles, muitos bebês se perdem - caem dos carrinhos, são jogados fora junto com a água do banho ou são postos para fora de casa em vez do gato. Enganos acontecem até nas casas mais bem organizadas."

Há várias mensagens de moral ou educativas, mas sem serem forçadas ou artificiais. O principal é que a história é muito bem construída e realmente muito gostosa de ler. Recomendo!

24 de dezembro de 2011

A Bíblia em ordem cronológica

Editora Vida - Capa Douglas Lucas
Quem conhece um pouco a Bíblia sabe que ela é uma coleção de livros que contam uma única história (a relação de Deus com seu povo, ou a salvação da humanidade por Cristo). Historicamente ela se organizou em Antigo Testamento e Novo Testamento, numa ordem que fazia sentido para os compiladores lá trás (e eu não vou explicar aqui). Quando você pega uma Bíblia para ler na "ordem direta", o que acontece é que às vezes você tem "deja vus" - a vida de Cristo é contada por 4 pessoas diferentes, o período do reino dividido de Israel e Judá também "acontece duas vezes" mesmo alguns episódios da caminhada de Moisés no deserto. E os livros de salmos e profecias? Eles foram escritos em momentos históricos também narrados na Bíblia, mas como relacionar? Mesma coisa com as cartas de Paulo - parece que ele viajou bastante em atos dos apóstolos, e depois sentou e escreveu todas aquelas epístolas de uma só vez e nós sabemos que simplesmente não foi assim.

Para lidar com essas inquietações, que obviamente já passou pela cabeça de muita gente, Edward Reese e Frank Klassen recortaram trecho por trecho da Bíblia e como num grande quebra-cabeça reorganizaram tudo no que eles consideram a melhor ordem cronológica possível. É outra forma de ler a Bíblia, dessa vez, linearmente (ou, às vezes, paralelamente, no caso dos relatos dos reinos de Israel e Judá).

A linguagem também é a Nova Versão Internacional, que gostei muito. Ela é um meio caminho entre a tradicional Ferreira de Almeida e a um pouco mais moderna NTLH - Nova Tradução da Linguagem de Hoje. Considero muito revelador variar a forma de ler a Bíblia, porque é justamente como se nós víssemos as mesas coisas com outros olhos.

Nesse Natal, essa é a minha dica para vocês, redescobrir a história de Cristo - o homem que mudou a história do mundo tal qual nenhum outro, o Deus que salvou o mundo como ninguém poderia fazer.

E para terminar, qual seria mesmo o começo de tudo, cronologicamente??

"No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio." (Jo 1:1-2, NVI)

Bom Natal! 

22 de dezembro de 2011

Desculpa se te chamo de amor

Editora Planeta - Capa Renata Milan
Sim, eu tenho minhas reservas. Coisas que eu não gosto. Ou não boto fé. Desconfio. Preconceito, se você quiser. Casos de Lolitas são justamente uma dessas coisas. Amor verdadeiro de um cara mais velho, meia-idade, e uma adolescente. 20 anos de diferença. E esse é justamente o tema do livro, que já avisa na contra-capa: E se for amor, amor de verdade?

ok, pode até ser amor de verdade, e tenho certeza que você, caro leitor, conhece alguém ou um amigo de alguém, ou a prima do amigo de alguém, que passou por uma história dessas e deu suuuper certo, então isso é possível e tal. Mas fazer o quê? Eu desconfio.

E não gosto dos clichês: adolescente linda, cheia de vida, animada, mas sentimentalmente madura para a idade; homem de meia idade, inteligente, com boa forma, bem sucedido, precisando de "vida", alguém que o relembre de como é se sentir pleno. E é claro que dá certo. Muito certo, em todas as áreas.

É verdade que eu comecei a ler esse livro com os dois pés atrás, mas acabei me decepcionando com outros detalhes também: como tramas paralelas dispensáveis, personagens caricatos demais, e uma tradução não lá muito boa (como se fosse literal, mas simplesmente não funciona em português. Algumas construções de frases pareciam bem estranhas).

Por outro lado, há vantagens também, como poder ler um romance contemporâneo italiano e ver como é um pouco da socidade (se alguém souber mais sobre o que se trata o tal exame de maturidade que eles fazem, contem aí - é um nome bem engraçado para um exame final de colegial) e da paisagem (descrições de Roma e algumas redondezas), e mais que isso, vale para ter a visão de um homem italiano - que, receio, atende a todos os esterótipos também, a ponto de ter a seguinte frase sobre uma noite do casal em Paris:

"E uma noite que perde os seus limites. E por fim até aquelas estrelas francesas devem admitir. Sim. É mais uma vitória. Os italianos o fazem melhor."

rá-rá-rá.

Bom, se você quiser saber um pouco mais sobre a história lendo outra crítica desfavorável (com a qual eu concordo), clique aqui. Sem mais.

20 de dezembro de 2011

The Confession

Editora Dell - Capa Jonh Fontana
Assim como o último livro que eu li do John Grisham, The Chamber, este também é um pocket, em inglês, da Debô e principalmente, o assunto principal é a pena de morte.

Na história, estamos a cinco dias da execução de um jovem, quase uma década depois do crime pelo qual foi condenado (uma garota que sumiu, provavelmente assassinada). Em outro estado, um pastor recebe a visita de um preso em condicional confessando o crime pelo qual o outro - então inocente - será executado. A partir daí a trama corre para ver se é possível parar o sistema judiciário com a confissão do verdadeiro assassino.

Há vários complicadores na trama:

1) O jovem inocente que foi acusado é negro no Texas - ou seja, num lugar cheio de preconceitos, a cidade torna a execução uma batalha racista com direito a passeatas na rua e incêndios de carros e igrejas;
2) O corpo da garota assassinada nunca foi encontrado - todo o julgamento se baseia numa confissão arrancada a força do jovem, depois de muita pressão psicológica (ele diz que acreditava que eventualmente iam descobrir o verdadeiro culpado, por isso que aceitou "confessar");

3) Há muitos loucos de última hora nesses casos, então como provar que o cara que está confessando a verdade agora (porque está doente terminal e resolveu se sentir culpado pela execução do outro) não é mais um desses doidos querendo atenção?

4) A mãe da garota assassinada é uma cristã que pede e luta por justiça e isso significa sim a execução daquele que foi condenado pelo crime.

Eu não sou especialista em política e justiça norte-americana, mas o que dá para entender desses livros é que os maiores defensores da pena de morte são brancos e cristãos, a extrema direita que nós não vemos com tanta proeminência aqui no Brasil petista-social-democrata. O ponto de vista do narrador é extremamente parcial, ou seja, a ótica na qual a mãe da vítima é apresentada é totalmente negativa, mas ele cita que um dos argumentos citados é que Deus disse "não matarás", mas há uma exceção aberta para o "Estado".

O ponto é que, se a sua teologia não é deturpada pela condição social que você quer manter, o "não matarás" não tem exceção. O que existia - e continua existindo - é o coração endurecido do homem, que não sabe amar o próximo, não sabe conviver em paz, não sabe servir a Deus, então justifica ações injustificáveis com teorias que podem vir de qualquer lugar, menos da Bíblia. É impossível ler os evangelhos, ver o que Jesus Cristo disse e veio fazer e achar sinceramente que esse Deus considera a pena de morte como algo adequado e aceitável. Isso é o que mais me entristece.

18 de dezembro de 2011

Quando coisas ruins acontecem a bons casamentos

Editora Vida
Continuando no mesmo tema do post anterior, agora um livro em português da biblioteca da minha igreja, IPAlpha. O título já é bem direto: Quando coisas ruins acontecem a bons casamentos, e logo na introdução, os autores (um professor de psicologia e sua esposa - Les e Leslie Parrot) já afirmam que todo casamento, num momento ou em outro, pode sofrer com coisas ruins. É algo que diz: "se você está enfrentando problemas no seu casamento, você não é o único", o que por si só pode ser consolador e motivador para conseguir superar alguma crise.

O livro é bem leve, não tenta explicar a origem das coisas ruins, ou mais especificamente como achar e castigar o culpado. E embora passe por coisas complicadíssimas, como o alcoolismo e a infidelidade, também fala sobre "coisas boas que podem se tornar ruins" como a chegada dos filhos que começa por mudar uma esposa em mãe e um marido em pai, e pode até provar que "três é demais" se não houver maturidade e um preparo psicológico para os papais nessa situação.

Assim como o livro do post anterior, ele também reforça o papel da responsabilidade de cada um em manter o compromisso do casamento - é algo racional, uma decisão que deve se refletir em ações positivas, e não algo que depende do romantismo, de um frio na barriga ou atração sexual. Um exemplo disso é a resposta de um senhor casado há 70 anos para a pergunta "qual é o segredo para o casamento durar tanto?" - "Determinação".

O livro tem alguns "exercícios" para serem feitos individualmente por cada cônjuge ou pelos dois, motivando diálogos sobre as expectativas e emoções de cada um, o estado atual do relacionamento, e o que os dois estão dispostos a fazer para se acertarem ou melhorarem. São DR - discussões de relacionamento, que podem ser muito úteis principalmente para os casais que não sabem mais o que é ter uma conversa de verdade, sem machucar um ao outro.

A mensagem também é que se o casamento era bom, depois de uma crise bem resolvida, ele pode se tornar melhor como nunca foi, não importa o tamanho do problema, o que é um fator determinante é como os dois envolvidos vão encarar isso. No final do livro, há um capítulo altamente inspirador sobre afinal, por que querer ter um bom casamento? São citadas várias pesquisas que mostram que pessoas casadas vivem mais e melhor, tem menos depressão, sentem-se mais felizes do que solteiros, divorciados ou viúvos. (Para quem duvida, como curiosidade, esse link compila citações se determinada coisa ajuda a prevenir ou causar câncer cita 2 fontes para dizer que casamento - Marriage -  previne.)

Os autores são cristãos, e eles sabem que, embora para alguns casais o divórcio não seja uma opção por causa da sua fé, isso não significa que o casamento se torna maravilhoso só por causa da crença deles ou da disposição de ir a igreja. Então também há um capítulo para falar de questões espirituais e como é importante entender o posicionamento de cada um com Deus para que juntos, eles possam se aproximar ainda mais do Senhor e construir um relacionamento mais forte. Em todos os sentidos, esse livro é uma mensagem de esperança.


PS: Eu realmente gosto desse tema, relacionamentos e aconselhamento conjugal - então, amigos que lêem esse blog, não precisam se preocupar com o meu casamento agora :) e se preparem para vários posts até o final do ano - a falta de tempo para escrever no blog não implicou em falta de tempo para ler, e já tem mais 3 posts de livros já lidos até o Natal.

16 de dezembro de 2011

Desperate Marriages

Editora Northfield Publishing - Capa The DesignWorks Group
Eu ia começar escrevendo que "um casal amigo meu está enfrentando dificuldades no casamento...", mas vocês não iriam acreditar, claro, né? Então não vou falar nada de motivos para comprar esse livro no Kindle, vou focar no livro mesmo, que é muito bom.

O título é "Casamentos desesperados - caminhando em direção a esperança e cura em seu relacionamento", do mesmo autor de As Cinco Linguagens do Amor, Gary Chapman. Ele já foi piblicado em 1998 com o título de "Loving Solutions", e como tradução de título de livro aqui no Brasil é complicado, eu acho que se trata do livro "Castelo de Cartas" da editora Mundo Cristão.

Como todo livro de auto-ajuda, ele apresenta uma fórmula simples, e nesse caso, mostra como ela pode ser aplicada nas mais diversas situações que podem levar um casamento a uma crise: como um cônjuge workaholic ou alcoólatra, controlador ou infiel, que abusa verbal ou fisicamente seu parceiro, ou então que foi abusado sexualmente no passado. O livro pode ser lido pelos dois (quem está sendo magoado ou quem magoou e agora está querendo mudar), mas reforça que um dos dois pode começar a mudança pela restauração do casamento sozinho e que há muitos casos de sucesso em que o outro foi tocado e também se comprometeu a batalhar pelo relacionamento.

Primeiro, ele apresenta 4 mitos em que as pessoas acreditam:

1) O meu estado da mente é determinado pelo meu ambiente.
2) Pessoas não podem mudar.
3) Quando você está num casamento ruim, você só tem duas opções: se resignar a uma vida de miséria ou cair fora.
4) Algumas situações são sem esperança.

E então ele apresenta o que chama de Reality Living, ou Vivendo na Real, baseado em 6 princípios que podem realmente mudar a sua vida:

1)  Eu sou responsável pelas minhas próprias atitudes (pare de culpar o mundo!)

2) Atitudes afetam ações. (atitudes positivas geram ações positivas.)

3) Eu não posso mudar os outros, mas eu posso influenciar os outros (não devemos manipular o outro, mas suas ações positivas podem gerar mudanças no outro.)

4) Minhas ações não são controladas pelas minhas emoções (nem que você tenha que respirar fundo antes de falar alguma besteira, você consegue.)

5) Admitir as minhas imperfeições não significa que eu sou um fracasso (isso é realmente verdade, sempre.)

6) Amor é a arma mais poderosa para o bem no mundo (ou seja, não tente conseguir um bom retorno com ações de ódio e raiva.)

É realmente inspirador poder ver as as histórias que foram modificadas por meio dessa "formulinha", que obviamente envolve também muita força de vontade e às vezes meses e meses de terapia e aconselhamento. Não há mágica, claro. Mas casamento nenhum se sustenta com mágica mesmo.

11 de dezembro de 2011

Os miseráveis

Editora Cosac Naify
Eu já fiz um post sobre esse livro, combinando com a semana em que eu conheci Paris, 9 anos depois de ler pela primeira vez e pedindo para ganhar de presente. No mês seguinte, dia dos namorados de 2010, eu ganhei e, desde então, virou meu livro de cabeceira, para ir lendo aos pouquinhos, em alguns momentos mais intensamente, em outras semanas, quase nada.

Continuo muito impressionada por esse trabalho hercúleo de Victor Hugo, ele demorou anos para escrever "Os Miseráveis" entre estudos sobre temas específicos que seriam tratados, como o próprio enredo e a construção dos personagens. É um livro em que a história vai sendo contada, mas de repente o autor se interrompe para "explicar" algum ponto, ou para voltar alguns anos na vida de um personagem que está ali por poucas cenas, um coadjuvante totalmente secundário, só para entrelaçar uma história muito mais consistente e coerente.

A história começa no interior da França, mas a maior parte se passa em Paris, e realmente o cuidado com que Victor Hugo descreve essa cidade magnífica, quase que como um personagem da trama, é incrível. E e não pude deixar de imagina como seria fantástico, a medida que se fosse lendo essa história, ir pessoalmente às ruas e aos bairros em Paris que são citados. Uma Paris sem Torre Eiffel, mas com todo charme que existe até hoje...

Se alguém se aventurar a fazer isso, depois me conta? (Fér, que tal você???)

6 de dezembro de 2011

A Concise History of Christian Thought

Editora Baker Academy
Eu peguei esse livro (Uma história concisa do pensamento cristão) há uns 6 meses atrás, na biblioteca da minha igreja (IPAlpha) para ajudar a fazer um trabalho sobre história da teologia para  o curso de estudos teológicos a distância do Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper do Mackenzie que eu estive fazendo esse ano (too much information, mas acabei de contar o que mais ocupou meu kindle este ano: textos do curso online).

Na época eu fui direto ao ponto, usando o índice, li o que precisava e pronto. Mas achei tão interessante, um resumo tão bem feito (a parte concisa), que resolvi ler inteiro - mas aos poucos, bem aos poucos, eu diria.

O autor, Tony Lane, começa ali com os Pais da Igreja, e vai seguindo com teólogos tanto da Igreja Católica Ocidental, como Oriental, passa pelos protestantes e chega até bem recentemente (essa edição revista vai até o começo do século XXI). Para cada um, poucas páginas, no máximo 4 ou 5, dando um panorama geral sobre o contexto, as ideias principais da pessoa e um trecho da sua obra principal. Não há nada de enrolação, então cada frase contém muito conteúdo mesmo, é preciso prestar bastante atenção para entender - principalmente porque se trata de discussões filosóficas e teológicas, coisa que a maioria das pessoas nem considera muito, então é todo um esquema diferente de pensar. (Sem mencionar que é em inglês, então é bom um certo conforto com a língua).

Eu gostei muito desse livro mesmo, pois me ajudou a entender bem melhor "como chegamos até aqui", a evolução do pensamento cristão, influenciado pela e influenciando a cosmovisão da humanidade. Não sei se eu teria paciência de estudar cada um dos pensamentos e cada uma das construções doutrinárias com profundidade, por isso a abordagem mais abrangente e breve deste livro me foi suficiente para aprender sobre o contexto da minha fé. Recomendo como introdução para quem tem interesse sério no assunto.

3 de dezembro de 2011

Peixe Dourado

Ed.  Companhia das Letras - Capa: Silvia Ribeiro
Esse livro é de J.M.G. Le Clézio (haja iniciais!), escritor francês, ganhador do prêmio Nobel em 2008. E para ganhar Nobel, não basta contar uma boa história, precisa fazer isso de uma maneira diferente, uma linguagem diferente e este não é exceção.

O livro é sobre Laila, uma garota que foi roubada aos 6 anos de idade de algum lugar na África e levada para ser criada para e por uma senhora no Marrocos. Em pouco tempo - quando se vê ela tem apenas 21 anos - ela passa por um prostíbulo (sem se prostituir, só sendo cuidada pelas garotas), por uma casa da família, foge para a França via Espanha (imagina a galera entrando nos Estados Unidos via México), depois chega aos Estados Unidos onde vira cantora... Tanta coisa acontece, num livro que nem é tão grande assim, que parece uma verdadeira maratona.

Além disso, a história incomoda por ser contada em primeira pessoa, e nós ficamos de cara com alguém perturbado por não conhecer suas origens, não saber quem é, e que não sabe lidar bem com relacionamentos, o que é amizade, e o que é cuidado, e o que é vontade de prender e sufocar. Achei engraçado que várias vezes ela tem "surtos", momentos em que para de fazer tudo, de sair na rua, só fica deitada, sem falar, sem comer direito. E sempre - sempre - tem alguém que recebe "a loca" sem fazer perguntas sobre esses períodos negros.

Laila também é uma personagem que adora ler, e cita vários livros clássicos e contemporâneos, acredito que isso é uma das maneiras de ela aprender as línguas que fala - árabe, espanhol, francês, inglês. Mas o seu livro preferido é de Frantz Fanon, escritor ligado ao tema de opressão (que é bastante do que a personagem sente).

Até que esse é um Nobel fácil de engolir, mas pode não ser muito palatável para muitas pessoas.

30 de novembro de 2011

Memorial de Aires

Machado de Assis, o autor
De vez em quando, é ótimo voltar aos clássicos da literatura brasileira, para mudar de tom, de linguagem, ir para uma época diferente, mas aqui nesse mesmo lugar. Principalmente para aqueles autores que você aprende a apreciar, como o Machado de Assis. Para isso, é preciso transpor a barreira da linguagem e perceber sua ironia, a caracterização dos relacionamentos humanos e da sociedade ao seu redor. É muito bom!

Esse Memorial de Aires ainda é um caso especial de leitura, porque eu baixei do site que o MEC fez para os 100 anos do Machado de Assis em 2008, com sua obra completa para download em pdf, ou para ler na internet em html. Para ficar mais fácil, eu converti e li no kindle, e aí era só alegria...

Memorial de Aires é o diário do Conselheiro Aires, um diplomata aposentado durante o período um pouco maior que um ano morando no Rio de Janeiro, em que o foco é a Viúva Noronha (sim, o personagem é chamado assim), muito jovem ainda, que, com a mãe morta e o pai fazendeiro, é "adotada" com carinho por um casal sem filhos, os Aguiar. Logo em uma das primeiras cenas, Aires aposta com a irmã, mana Rita, que a Viúva Noronha vai se casar em um ano, enquanto a irmã acredita no que a própria fala, que nunca se casará novamente.

A história é simples, poucos personagens, com o próprio Aires comentando sobre o que acontece e a sua vida, uma leitura leve e distrativa.

26 de novembro de 2011

Dear John

Hachette Book Group
Este é terceiro livro que eu leio do Nicholas Sparks e o estilo fica cada vez mais evidente. Histórias com uma alta carga emocional, em que há o romance mas também algum conflito paralelo de outro gênero, um personagem paterno terá certo destaque, e, claro, por que não?, uma lição de moral. Em "Querido John", há também um componente fortemente contemporâneo, que é queda das torres gêmeas e a guerra do Afeganistão.

Eu pensei em assistir o filme depois que eu li o livro e tive a "sorte"de falar com duas pessoas que não gostaram dele, então, oras, deixa para lá... Só pela capa do livro, cartaz do filme, dá para saber que algumas modificações foram feitas, já que a Savannah do livro é morena (descrita especificamente com cabelos escuros) e lá temos a Amanda Seyfried loiríssima. De qualquer forma, podem não ser as alterações do filme que o tornam chato, mas justamente alguns pontos da história que não criam empatia com o leitor... Por exemplo, eu nem me emocionei a ponto de chorar...

E aí vem os spoilers...

Na história, John e Savannah se conhecem, se apaixonam instanteamente, se identificam como "o amor da minha vida". A questão é que ele está servindo ao exército por mais 1 ano e meio na Alemanha, então eles precisam ficar separados. A ideia é ele acabar o serviço e ela a faculdade, para depois ficarem unidos para sempre. Depois, acontece 11 de setembro e ele resolve se alistar por mais 2 anos, ou seja, mais tempo de espera do qual, obviamente, ela cansa e manda a tal da carta do Querido John. Nesse processo, ela se apaixona por alguém mais perto e acessível, com o qual ela se casa. Ele, porém, nunca deixa de amá-la. (E esse é o meu comentário sobre amor: você decide amar. E parar de amar. O frio na barriga sempre passa. E volta periodicamente. Ou não. Mas o amor pode ficar).

 Por mais que a gente possa torcer para um final entre os dois, principalmente quando o marido dela fica super doente, e você, amoralmente mesmo, espera que ele morra para que o pobre do John tenha sua chance, isso não acontece. O tal do John dá toda sua fortuna (parte da trama paralela) para que o cara tenha um tratamento experimental que, claro, funciona. E pronto. John para um lado, Savannah para outro, e teoricamente um amor entre eles que dura para sempre independente do que houver, e, infelizmente, não é o que queremos ver num romance. Acho que se um deles morresse, a gente teria a mesma sensação de falta de saciedade, mas com uma justificativa boa, não só o fato de que ela cansou de esperar e casou com o vizinho amigo sem ter por ele o mesmo sentimento que ela uma vez nutriu pelo John ou sem ao menos perder o sentimento que teve por ele.

Fiquei com uma impressão meio assim desse livro mesmo, um misto ... O que vocês acharam?

22 de novembro de 2011

Eu, aos pedaços

Editora Leya - Capa Mariana Newlands
Mudando completamente de estilo das últimas leituras, peguei esse livro de crônicas de Carlos Heitor Cony da minha prima de 15 anos, que precisou ler para a escola. Trata-se literalmente do autor aos pedaços, são várias de suas crônicas, organizadas por temas, para que possamos ter um panorama da sua vida - sua infância, seu trabalho, suas viagens, seu breve envolvimento com a política, sua família e amigos.

No entanto, o autor é um melancólico, então tudo se arrasta e parece estar em preto e branco. NADA recomendado para adolescentes atuais! Ok para a iniciativa de trazer algo mais moderno para a sala de aula, mas um livro com o qual é difícil criar empatia não vai incentivar em nada o prazer da leitura.

No meu caso, que já gosto de ler, passei pelo livro incólume em minhas convicções e com duas partes das quais mais gostei:

- Personagens: retrato feito de algumas pessoas famosas com as quais o autor teve contato: Glauber Rocha, Nelson Rodrigues, Adolpho Bloch, etc, com algumas anedotas, trouxe-me mais curiosidade a elas do que ao próprio autor do livro, que parece insistir em anular-se de certa forma.

- Viagens: relatos curtos e não convencionais de lugares como Roma, Jerusalém, Andaluzia, Mikonos, que só aumentaram minha vontade de viajar mais pela Europa!

18 de novembro de 2011

Crepúsculo

Editora Intrínseca
A febre em relação a série Crepúsculo (e sim, eu me refiro a todos os livros como "Crepúsculo") chega a um novo auge hoje com a estreia da parte I do filme referente ao último livro. (É um filme em duas partes ou são dois filmes?) Aguardem ver grande partes das salas de cinema passando Amanhecer - parte I, longas filas e, se for repetir o que aconteceu com Harry Potter, até algumas pessoas fantasiadas.

Toda essa sensação (digamos, modinha) recente com relação a vampiros teve início com esses 4 livros da Stephanie Meyer, lançados a partir de 2005, e até que está resistindo bem a medida que outros autores embarcaram nessa onde de reinventar o mito dos vampiros de forma a atingir um público específico.

Bem específico aliás: garotas entre 12 e XX anos, que se encantam com o conto de fadas moderno, em que o príncipe não só é bonitão e rico, mas também misterioso e dotado de super poderes. Escrito exatamente para arrancar suspiros e criar sonhos nessas mentes, que pode ser bem gostoso, mas podem chegar a um ponto que eu não acredito nem ser saudável, já que, como algumas críticas divulgadas na internet comentam, Edward e Jacob não existem por aí, e não é só pelo fato de eles serem criaturas lendárias.

Quando eu li o primeiro livro em 2009, tinha certeza que eu ia precisar de insulina. O livro é doce, tão doce, tããããoooooo melaaaaaaaado, que eu realmente achei que ia desenvolver diabetes. Mas ele é fácil de ler, vai super rápido, cria curiosidade a respeito dos personagens, um certo encantamento, e os títulos são tão legais (adorei a brincadeira com a lua e as noite), que eu continuei lendo, claro. A história vai ficando interessante a medida em que a gente se posiciona: "Essa Bella é uma idiota, como ela pode fazer isso??", "Quero só ver o que o Jacob vai fazer", "Não acredito nesse Edward!!!" e alguns: "Ai, que fofo". Esse ano, até virei uma noite das minhas férias para reler Amanhecer só para saber se eu lembrava de como a história se desenrolava (sim, é um livro para ser ler em um dia).

Eu realmente gostei mais do último livro, até porque a autora realmente chutou o balde e chegou a níveis estratosféricos de imaginação, deixando o mito do vampiro para lá, mas por outro lado, ele também é um pouco desapontador. (Atenção, spoiler até o final desse parágrafo: é frustrante principalmente para os namorados e maridos que possam se deixar arrastar até o cinema esperando ao menos umas lutinhas boas).

Li todos os livros, vou assistir a todos os filmes, mas para mim, Crepúsculo foi uma febre que veio e passou - não me animei nem para ler os livros da mesma temática (ou os que eu li, não me agradaram muito, como "Diários de Vampiro"). A série é boa para se alimentar de fantasia e conto de fadas - mas só para depois sacudir a poeira e ir encontrar seu príncipe da vida real.

13 de novembro de 2011

Middlemarch - Um estudo da vida provinciana

Editora Record
Eu adoro histórias da Inglaterra no século XVIII e XIX - por essa afirmação, entenda-se Jane Austen e Charles Dickens. Quando eu vi esse livro para vender, Middlemarch, um tijolo de quase 900 páginas de George Eliot, contemporâneo a esses meus escritores favoritos, por uma verdadeira pechincha (12 reais), não resisti a levar para casa e esperar que um momento oportuno de leitura se apresentasse.

Aí eu descobri que George Eliot era um pseudônimo de Mary Ann Evans e aumentei ainda mais minhas expectativas - em ler um romance delicioso. No entanto, ao começar a ler, fiquei decepcionada - um pouco pelo estilo da autora e um pouco pela tradução (palavras rebuscadas e antiquadas, frases longas, muitas tramas paralelas em que os personagens eram apresentados com muitos detalhes). Foi muito difícil encarar as primeiras 150 páginas, então deixei o livro de lado e achei Guerra dos Tronos, e só depois de superar a minha dependência direta aos livros de George. R. R. Martín, consegui voltar para esse tijolinho (que provou porque custava tão barato ao ir descolando da lombada por pura manipulação de leitura).

Depois o enredo me ganhou, sendo o estudo realmente das relações humanas de uma pequena vila, as interações sociais entre os diferentes tipos, e mesmo os relacionamentos conjugais que se apresentaram. O olhar de George Eliot é realmente mordaz para nos levar a realidade de uma sociedade que não mudou tanto assim em sua essência nos últimos 200 anos. (Mas confesso que considerei exageradas as descrições do conhecimento médico da época e da situação política, contudo sempre há quem se interesse!)

Eu gostei particularmente de algumas passagens sobre o comportamento feminino e conjugal, que eu anotei para compartilhar com vocês.

"Deste modo, os primeiros meses de casamento são com frequência tempos de tumulto crítico - seja num lago raso ou em águas profundas - que depois se acomodam no regozijo da paz."

Dorothea, ou Dodo é uma jovem viúva sem filhos. Celia é sua irmã, casada com Sir James, mãe de um bebê novinho, Arthur. Os próximos trechos se referem a momentos entre Dorothea e Celia, depois da primeira passar uma temporada com a segunda, que está absolutamente encantada por seu filho. 
"Depois de três meses, Freshitt se tornara um pouco opressiva: não daria certo sentar-se por várias horas do dia, como um modelo de Santa Catarina, a olhar em êxtase para o bebê de Celia, e manter-se em presença deste portento com desinteresse persistente era uma atitude que não iriam tolerar numa irmã sem filhos. Dorothea bem que seria capaz de carregá-lo alegremente por até mais de um quilômetro, caso houvesse necessidade, e de amá-lo com mais ternura ainda, tendo em vista o esforço; mas para uma tia que não reconhece como Buda seu sobrinho infante, e nada tem a fazer por ele, a não ser admirá-lo, o comportamento de um bebê pode parecer monótono, e o interesse em observá-lo, esgotável."

"Agora, Dodo, dizia Celia, ouça o que diz o James, porque senão você cai numa enrascada. Sempre o fez, e sempre o fará, quando resolve agir como lhe agrada. Acho que agora é afinal uma benção que tenha o James para pensar por você. Ele deixa você ter os seus planos, somente lhe impede de enredar-se neles. E esta é a vantagem de ter um cunhado ao invés de um marido. Um marido não deixaria você ter os seus planos."

Engraçado, não? Imagine-se num mundo desses!

9 de novembro de 2011

Melancia

Editora Bertran Brasil
Melancia foi o livro que me introduziu ao mundo da chick lit - literatura para garotas, com personagens e dramas contemporâneos. Eu o li anos atrás, e adorei o humor ácido e irônico da personagem principal Claire. O título já é uma referência a si mesma, grávida, e a narrativa começa no dia em que sua filha nasce e o marido a abandona porque está tendo um caso com a vizinha...

Com esse livro, eu virei fã da Marian Keyes que consegue fazer histórias engraçadas, românticas, dramáticas, sem cair no banal: fazer compras - arranjar um namorado - emagrecer (não necessariamente nessa ordem, claro). Esse livro apesar do ponto de partida crítico, prende a leitora logo de cara (não sei de homens que lêem esses livros, mas devem existir por aí), e flui que é uma maravilha. Entretenimento puro, como toda chick lit de qualidade.

Chick Lit está muito associada a minha amizade com a Debô, aniversariante do dia. Ela gosta, eu gosto e isso resulta em livros desse tipo fazendo a ponte aérea SP-RJ tão regularmente quanto possível. Com certeza, ela já leu vários dos livros desse blog por conta disso - já que assim como o meu, o gosto dela não se restringe a esse tema. É tão bom ter uma amizade assim, de anos compartilhando histórias, aventuras, alegrias e tristezas e muitos, mas muitos livros mesmo! Que continue assim por várias décadas! Parabéns, Debô!

5 de novembro de 2011

Something Borrowed

Editora St. Martin's Griffin
Em inglês, existe a expressão: "something old, something new, something borrowed, something blue" ou "algo velho, algo novo, algo emprestado, algo azul", que a noiva deve levar no casamento para ter sorte. O título desse livro, e também um filme, perdeu parte da graça e do sentido quando traduzido para o português, e virou: "O noivo da minha melhor amiga". Mas aí dá para entender quem está "emprestando" algo sem saber é a própria noiva, e se trata do noivo para a sua melhor amiga.

O que é mais difícil é que há todas as justificativas possíveis: a amiga e o noivo se conheceram antes e eram amigos, depois ele começa e namora por anos a amiga, que na verdade é uma egocêntrica não tão amiga assim, eles sentem coisas que nunca sentiram antes por mais ninguém. Mas existe a preocupação em magoar a noiva, terminar a amizade e ficam meses de impasse...

O que eu não entendo, e nunca entendi mesmo, é como alguém acha que esconder que engana uma pessoa traindo-a com outra (sendo namoro ou amizade) é uma forma de proteção a essa "terceira". Eu acredito que a pessoa só quer se resguardar de um conflito e de ter que aceitar as consequências, geralmente públicas, de terminar um namoro ou uma amizade, para ficar com quem "se ama". (E "amor" entre aspas mesmo, porque eu acredito que amor não se esconde). 

Esse assunto é mega polêmico e eu só queria compartilhar a indignação com a qual eu li o livro ao acompanhar esse triângulo amoroso. O final é esse mesmo que você imagina, super previsível, mas eu achei um pouco decepcionante, como um antí-clímax mesmo. Alguém assistiu o filme e gostou?

31 de outubro de 2011

Jakob Von Gunten - um diário

Companhia das Letras - Capa: Victor Burton
Caros leitores e leitoras, isto é literatura com L maiúsculo: aclamado pela crítica e desconhecido pela população em geral. Ou: quem já tinha ouvido falar sobre Robert Walser, o autor suiço que tanto influenciou Kafka, a ponto de dizerem sobre esse último que esse era só um caso  particular de Walser? (No entanto, ou talvez por isso, é "A metamorfose" que lemos na escola.)

Este é o próximo livro do meu clube de leitura, e por isso que ele caiu em minhas mãos. É uma leitura de dois dias, mas isso não quer dizer que ela seja simples - é complexa principalmente do ponto de vista psicológico. Nesse diário do Jakob Von Gunten, vamos descobrindo sobre sua vida e seu ambiente através de pensamentos e fatos narrados sem que haja uma pausa para explicar as circunstâncias, ou que haja alguma dúvida que sim, estamos lidando com um narrador parcial e não onisciente, e essa é a sua visão particular do mundo - estamos usando seus olhos e sua mente para ver, por mais estranho que nos pareça a realidade através dos olhos de outrem tão diferente de nós.

O ambiente em questão é uma escola para moços se tornarem serviçais. Então vemos Jakob, a admiração que ele sente por Klaus (o aluno mais dedicado e humilde, com mais vocação para servir) que não o impede de o atazanar pelas mesmas razões, a paixão (se eu posso dizer isso) que ele tem pela mestra, e o estranho relacionamento com o irmão desta última, que também é o diretor da instituição Benjamenta.

Este livro é daqueles para estudar, analisar por trechos, identificar as críticas a socidade, a moral e a ética correntes, destrinchar os relacionamentos humanos e tudo o mais - mas eu simplesmente o li. Considerei a história muito integrante, assim como a experiência de conhecer a intimidade de outro ser, mas não tenho análises profundas a oferecer. Um dos trechos que eu mais gostei, é corriqueiro de tudo: a descrição dos alunos "prestando atenção" numa aula, em que tudo é postura e aparência, quando provavelmente a mente está longe, longe... Isso sim, é algo que muitos de nós, de tantas idades diferentes, pode se identificar.




25 de outubro de 2011

Uma canção de Fogo e Gelo (livros 1, 2 e 3)

 
Bantam Books

Eu estive lendo a série "Uma canção de fogo e gelo" pelas últimas 5 semanas e cheguei até o final do terceiro livro. Porque sim, os livros são pequenos tijolos de centenas de páginas e isso leva um tempo.

Para quem não sabe do que eu estou falando, esses são os livros que originaram a série Guerra dos Tronos do canal HBO, que está na 2a temporada agora, e que  motivou as vendas dos livros (já que o primeiro foi lançado há mais de 15 anos). Aqui no Brasil já tem 3 publicados, mas eu consegui a pechincha de comprar os 4 livros juntos, em inglês, pelo Kindle, por 18 dólares. #recomendo

Enquanto eu lia, comecei a procurar outras pessoas lendo e assistindo a mesma série - porque ela parece novela, dá vontade de comentar as cenas do último capítulo. São muitas as reviravoltas e surpresa sque o autor nos reserva, numa velocidade incrível, então dá muita vontade de falar: "Você viu o que aconteceu com fulano?? Eu nem desconfiava!!!" (Por experiência própria, garanta que a pessoa já tenha lido o que você quer comentar, é chato fazer / descobrir spoiler desse livro.)

Um dos motivos de eu parar de ler agora no 3o livro é este: esperar outras pessoas chegarem no ponto que eu estou, para comentar comigo (vai, vai, começa a ler agora) e tentar me livrar da obsessão de só falar desse assunto: o mundo novo de Westeros.

Outro fato importante a saber é que o autor não tem dó nenhuma de matar personagens e sim, isso depois de você se apegar tanto a eles (porque os bonzinhos simpáticos também morrem, parece que até numa frequência maior do que os mauzinhos), que você fica realmente triste de ver isso acontecer.

O autor, George R. R. Martín, já publicou 5 livros dessa série e prometeu mais 2, então eu estou só na torcida pelos meus personagens favoritos para saber quais deles irão sobreviver, principalmente a Arya, que é uma garota impressionante.

Por fim, essa série foi associada ao Senhor dos Anéis e eu gostei muito da comparação que foi feita aqui, que defende que esses livros são melhores do que os da série famosa Tolkien - eu gostei da saga do Frodo, mas eu concordo com (quase todos) os argumentos dados, e estou achando essa série mais divertida que Senhor dos Anéis mesmo.

Aguardemos os próximos capítulos!

19 de outubro de 2011

Antes de nascer o mundo

Editora Companhia das Letras - Capa: Rita da Costa Aguiar
Tudo começou com a vontade de encontrar mais interlocutores para falar de livros (uma das motivações básicas desse blog também, assim como a divulgação da literatura). Em uma busca na internet por "clube de livros", encontrei o site da Companhia das Letras, com divulgação de várias datas e locais de reunião (inclusive por skype). Considerei bem o nome do autor: "Mia Couto", imaginei ser uma escritora brasileira, e enviei email para me inscrever.

(Três dias depois, é publicada a reportagem da Veja citando justamente esses clubes que começam a se espalhar pela cidade).

Quando fui procurar o livro para comprar, qual a minha surpresa ao descobrir que a brasileira Mia Couto era na verdade um escritor de Moçambique?

No interior de um país (não definido), mora um pai, dois filhos, um agregado, e um tio que vem e que vai. O filho mais novo, Mwanito, por volta de 9 anos, nunca viu o "mundo lá fora", que supostamente acabou - segundo afirmação do pai. Eles foram para esse lugar isolado, depois da morte da mãe, e estão num ambiente criado pela vontade do pai: ele batizou o lugar de Jesusalém (assim mesmo, dizendo que Jesus vai nascer ali de novo), mudou o nome das pessoas do pequeno clã para lhe dar mais significado, e dita as regras que ali reinam. A crise acontece quando chega uma mulher de fora, estremecendo o frágil equilíbrio daquelas relações familiares.

O livro, embora em prosa, é pura poesia. Totalmente lírico, cheio de metáforas que nos apresenta um mundo diferente e encantandor. Mwanito nunca viu uma mulher, e poder vê-lo descrevendo o seu espanto e admiração é algo incrível.

"Foi então que sucedeu a aparição: surgida do nada, emergiu a mulher. Uma fenda se abriu a meus pés e um rio de fumo me neblinou. A visão da criatura fez que, de repente, o mundo transbordasse das fronteiras que eu tão bem conhecia."

Eu lembrei um pouco do Guimarães Rosa ao ler o livro, a mesma cadência musical de leitura, a maneira tão poética e figurada dos personagens falarem, e depois descobri que ele é uma grande influência do Mia Couto mesmo.

A conversa sobre o livro, onde obtive essa informação e outras, ocorreu nessa segunda, num grupo de 10 pessoas (sendo só um homem). O papo fluiu leve, sem nenhum acadêmico fazendo dissertação, um só compartilhar de sensações e impressões. Foi uma experiência muito boa - o livro, o clube do livro - então decidi que vou voltar. Por que você não se aventura também?

15 de outubro de 2011

As cinco linguagens do amor

Editora Mundo Cristão - Capa: Celso Carpigiani

Se eu fosse indicar 2 livros para casais recém casados (ou quase casando, ou mesmo muito depois), eu escolheria Casais inteligentes enriquecem juntos e esse aqui: "As cinco linguagens do amor", de Gary Chapman.

Sim, é um livro de auto-ajuda. Sim, ele oferece uma "modelagem" do ser humano em que não necessariamente todo ser humano vai se "achar" (eu já vi acontecer), mas ele pode ser um ampliador de visão no que tange o relacionamento entre um homem e uma mulher.

O autor criou uma teoria de que há 5 formas de você se sentir amado (ou demonstrar seu amor), e ele colocou nomes simpáticos para isso: Qualidade do Tempo, Toque Físico, Receber Presentes, Formas de Servir, Palavras de Afirmação. Cada pessoa tem sua forma preferencial, que "enche o tanque emocional" mais rapidamente. Então, se você gosta de ser elogiado em público, ouvir palavras bonitas sobre si mesmo (Palavras de afirmação), se o seu cônjuge lhe encher de presentes (Receber Presentes) não vai ter o mesmo efeito do que se ele fizesse um simples (e barato) elogio.

A questão é que a gente tende a querer amar os outros como é bom para si mesmo (e isso tem a ver um pouco com o histórico familiar). Se a mulher acha que a forma de ela dedicar seu amor para o marido é servindo-o (faz a comida, lava a louça, lava a roupa, passa, limpa a casa, etc - Formas de Servir), mas na verdade tudo que ele quer é que ela pare e fique do lado dele, tranquila, conversando (Qualidade de Tempo) ou fazendo carinho (Toque Físico) há um descompasso na vida desse casal. Ela faz muito esforço em uma área, sem ter muito retorno (ele se sentir amado e valorizado), enquanto algo mais simples teria um efeito bem melhor.

Gary Chapman é um pastor cristão, mas ele também é um psicólogo e antropólogo, e escreve o livro principalmente sobre essa perspectiva, então eu acho que pode funcionar para (praticamente) todo mundo. Ele possui um site voltado para casamento e vida familiar, se você quiser fuçar.

Existem outros livros escritos sobre a mesma temática: As 5 linguagens do Amor de Deus, As 5 linguagens do Amor da Criança, do Adolescente, etc, mas esses eu não li e eu acredito que seja empolgação editorial mesmo. Dá para você expandir o que você lê nesse livro para outros aspectos da sua vida facilmente (como com irmãos ou amigos).

Esse é um livro que vale a pena ler só pelo retorno imenso e real que pode ter em uma das áreas mais importantes da vida de alguém: a vida compartilhada com seu amor.



12 de outubro de 2011

Di-versos...

Editora Scipione

 Para comemorar o dia das crianças, literatura infantil. No embalo do prêmio nobel de 2011, que escreve poesia que nunca poderemos ler no original, lembro dessa coleção de poesias russas, hebraicas e alemães, traduzidas e ilustradas para encantar crianças brasileiras.

A tradução é de Tatiana Belinky, uma autora maravilhosa para crianças, junto com Mira Perlov na edição de poemas hebraicos, e ilustrações lindíssimas da Cláudia Scatmacchia. Esses livros me encataram demais na minha infância, com menos de 10 anos mesmo, e me inspiraram a escrever meus próprios versos, até sobre as mesmas temáticas - notas de boletim, sinais de pontuação, meninos desobedientes, festa de bonecas, pescaria, passarinhos, os pais e até a morte - temas que conversam com crianças do mundo todo.

Em fases darks, minha poesia preferida era de Goethe (o próprio), "O Rei da Floresta", em que um pai cavalga pela floresta com a criança doente delirando no colo (achei nesse blog aqui, mas a versão do livro rima em português, é mais musical e numa linguagem acessível para crianças, realmente). Mas eu gostava e gosto até hoje de uma bem mais leve e engraçadinha, também de um alemão, chamado Wilhelm Busch, que deixo aqui com vocês.

Três tias

A primeira tia disse:
- Precisamos já pensar
Pra Soninha, nos seus anos,
Que presente vamos dar.

Então disse a segunda:
- Minha ideia, irmãs, é esta:
Um vestido verde-ervilha.
Essa cor Sônia detesta!

A terceira diz: - Concordo!
Verde a irrita pra valer!
Ela vai ficar furiosa.
Mas terá de agradecer!

6 de outubro de 2011

Tomas Tranströmer


Tomas Tranströmer, esse senhor simpático, é o ganhador do prêmio Nobel de literatura de 2011, acabaram de anunciar - e já atualizaram a wikipedia. :)

Uma breve pesquisa na internet e eu posso informar a vocês: ele é um poeta sueco, de 80 anos, sofreu um derrame 20 anos atrás que trouxe a ele dificuldades de fala, mas ele continua escrevendo, tendo sido um dos favoritos para o prêmio nobel do ano passado, inclusive. Segundo o anúncio, ganhou o prêmio esse ano porque suas "imagens condensadas e translucentes nos dão um acesso renovado a realidade".

É muito legal que um poeta ganhe o prêmio Nobel, talvez num momento que esse gênero esteja um pouco desvalorizado. No entanto, poesia é o gênero que mais sofre com a barreira da tradução, na minha opinião. O tradutor é um pouco autor também, para escolher as palavras, preservar a musicalidade, e a estética da obra. E, nesse caso, acredito que muitas poucas pessoas poderão ter acesso aos originais, em sueco.

De qualquer forma, para quem ter um gostinho da obra em inglês:

Now the evening star burns through cloud.
Trees, fences and houses grow, grow larger
with the dark’s soundless, steepening fall.
And under the star is outlined clear and clearer
the other, secret landscape that lives
the life of contour on night’s X-ray plate.
A shadow draws its sled between the houses,
They wait.
[“Epilogue,” from 17 dikter, translated by May Swenson]

3 de outubro de 2011

Dom Casmurro

Editora Saraiva de Bolso
A Heloiza do blog Aprendendo com as diferenças me surpreendeu dia desses ao dizer que adora os clássicos. Convenhamos, quantas pessoas jovens como ela saem dizendo isso por aí? A moda é gostar de vampiros e adolescentes assanhadas, magia, mistérios ou chick lit (nada contra, realmente, eu gosto também bastante desse tipo de coisa).

Todo mundo gosta de culpar a escola, por tornar os nossos clássicos da literatura, tão obrigatórios e maçantes pelo repúdio que muita gente tem por eles, mas eu acredito que a mesma escola, com uma abordagem não convencional, pode fazer o contrário.

Machado de Assis, em toda sua genialidade, não é um autor fácil de engolir aos 14 anos. É difícil apreciar suas sutilezas e sua análise da natureza humana, toda a fotagrafia que ele fez de uma sociedade que passou, e é bem diferente da atual.

Quando a professora sugeriu que fizéssemos um tribunal para a Capitu, baseando-nos somente no próprio livro Dom Casmurro (que, como vocês sabem, foi escrito na perspectiva do próprio corno - ou não), eu pulei na oportunidade de defendê-la - o que era realmente o desafio.

Lá fui eu então reler o livro, cuidadosamente, destrichando o texto, lendo nas entrelinhas, buscando pegar o narrador no pulo, traído por suas próprias palavras (e não pela Capitu, é claro). Não foi difícil encontrar vários argumentos, vários pontos de dúvidas (e olha que eu nem tenho talento para o direito), para usar numa discussão acalorada na sala de aula que, se não me falha a memória, terminou em empate...

Mas a vitória foi minha, de realmente apreciar um livro que merece ser estudado com vontade, e não por obrigação.

27 de setembro de 2011

Leite Derramado

Editora Companhia das Letras - Capa warrakloureiro

Muitos conhecem o Chico Buarque compositor, mas nem tanto o Chico escritor de livros. Sobre a leva recente - Estorvo, Benjamim, Budapeste e este último, que já tem dois anos - ele foi elogiado, criticado e virou filme. Tecnicalidades a parte, eu gostei de tudo o que eu li dele e tenho um carinho muito grande por este "Leite Derramado".

No livro, um homem idoso numa cama de hospital vai lembrando da sua vida, misturando seu passado com o que está acontecendo agora, derramando um monólogo não linear que simpatiza o leitor com aquele senhorzinho. São anos de história que se passam por diferentes épocas do Brasil, e embora tenha o contexto geral, trata-se de uma narrativa familiar.

Quem tem senhores de uma certa idade na famíla - avós, tio-avós, pais - sabe como pode ser encantador ouvir histórias de antigamente, mesmo que eles se confundam, se lembrem só de uma parte, se interrompam ou esqueçam repentinamente do que estão falando. É a arte de contar estórias, que não fazem parte de livro algum, e talvez nunca farão, mas fazem parte da nossa história pessoal como filhos, netos, família.

Nisso, nos identificamos com o livro, pelo velhinho ou velhinha que temos em casa, ou pelo velhinho ou velhinha que um dia iremos ser.

E sabemos que, às vezes, adianta chorar num admirar-se e emocionar-se por um leite derramado da vida de alguém...

21 de setembro de 2011

O Mundo de Sofia

Companhia das Letras - Capa: Silvia Ribeiro

Esse considero esse livro um clássico. Pode não ser uma obra prima da literatura como de autores renomados que estamos acostumados a chamar de clássicos, mas tanto pela sua abrangência mundial e por não perder seu atrativo com a passagem de tempo (mesmo tendo só uns 15 anos, adolescente ainda).

 Quem já passou pela 3a década da vida (ou está nela) deve lembrar do sucesso que foi "O Mundo de Sofia" na época do lançamento. Sucesso de crítica e de vendas, mesmo com os 3 fatores contra: sobre filosofia, de um autor norueguês nada conhecido e um tijolo.

A verdade é que muita gente comprou, mas não sei se toda essa gente leu. Ou leu inteiro, as mais de 500 páginas. Mas tenho certeza que serviu para popularizar por aqui, relativamente, o autor Jostein Gaarder, que teve outros muitos livros publicados no Brasil, inclusive O Dia do Curinga.

 Nesse livro, existe a estória, com a Sofia, seu pai viajante e o seu professor misterioso de filosofia. E existe a história da filosofia, desde a concepção da própria e os primeiros pensadores sobre a vida e o sentido de tudo. No começo, são cartas - até a letra é diferente no livro - e depois são diálogos, também facilmente identificáveis. A história e a estória conversam entre si num certo nível, mas também dá para ler só a estória, pulando toda a parte didática da filosofia e se você não tem muita paciência para o tema, essa é uma das opções para "ler" o livro, pelo menos aproveita-se o enredo.

Esse livro funciona mesmo para quem quer conhecer um pouco de filosofia, saber mais ou menos quem foi e o que falou gente como Hegel, Nietzche, Sócrates, etc, mas sem se emaranhar muito pelo assunto - estudar seriamente filosofia demandaria um esforço bem maior, o qual, acredito, nem todos gostariam de exercer.

18 de setembro de 2011

O Tambor

Editora Nova Fronteira
Em 1999, Gunter Grass ganhou o prêmio Nobel de Literatura e a sua principal obra de referência era "O Tambor". Curiosa a respeito do mais novo laureado, alemão, peguei esse livro na Biblioteca Municipal de Valinhos. Na hora de passar pelo balcão, a senhora comenta: "Que engraçado, ninguém pegava esse livro há 10 anos e você é a terceira nesse mês." E eu: "É que o autor acabou de ganhar o prêmio Nobel". E ela: "Ah...".

Essa pequena anedota diz duas coisas:

1) Pessoas que trabalham em biblioteca não necessariamente gostam de livros e todo o seu mundo.

2) Livros de Nobel são assim: passam anos ignorados pela população em geral, até serem popularizados por algum instante. (Se alguém conhece a biblioteca de Valinhos, vai lá ver para mim desde quando ninguém lê esse livro, por favor).


Eu não  me lembrava com detalhes da história, mas a wikipedia me ajudou. O livro são as memórias de um anão, que está num asilo na década de 50, desde o seu nascimento na Polônia. É ele que toca o tambor, inclusive para entreter as tropas nazistas numa "trupe de anões". O livro foi escrito bem naquela época, então é um retrato da sociedade alemã contemporânea - e o que os entendidos gostam de chamar de "crítica social".

Eu não gostei tanto assim para me empolgar de ler outros, mas foi interessante conhecer um Nobel - e a literatura alemã que nem é tão conhecida por aqui.

15 de setembro de 2011

They do it with mirrors

Signet
Agatha Christie? Amo, amo, amo.

Os livros dela são puro entretenimento, fáceis de usar para passar o tempo e distrair a mente.

Esse, com a fofa da Miss Marple, chama-se "They do it with mirrors" ou algo do tipo: "Eles usam espelhos para isso", mas que aqui no Brasil foi entitulado "Um passe de mágica". Tudo ocorre dentro da casa de uma família rica, com direito a mãe, marido, filha, neta, filhos do ex-marido, e várias mortes até tudo ser esclarecido (o que não é lá muito comum nos livros da autora). O nome remete ao teatro, em que truques de cenários são feitos com espelhos para criar uma ilusão (o que realmente se perdeu no título em português).

Eu gosto muito do clima dos livros da Agatha Christie e os seus personagens tão humanos e universais, mas por outro lado tão localizados no tempo e espaço da cultura inglesa do século XX. Recomendo para todo mundo que quiser ler algo para divertir-se com boa qualidade.