Continuando a série livros-de-filmes-que-eu-não-assisti e livros-alugados, aí está Foi apenas um sonho, do escritor americano Richard Yates.
Para começar, o livro é de 1961, e chama-se Revolutionary Road, algo como "Estrada Revolucionária", que é o endereço do casal da história. O livro chamava-se Rua da Revolução, até chegar o filme, e rebatizá-lo nessa nova edição com os fofíssimos Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
Posto esses detalhes técnicos, que nos fazem concluir que, embora envolva alguns arranhões, o cinema pode sim levar alguém a literatura, eu já digo que o livro é ótimo.
Um amigo disse que assistir o filme com a namorada é DR (discussão de relacionamento) na certa, mas o livro pode gerar debates sobre a cultura, a época (década de 50), e, claro, relacionamentos. Sinceramente, eu não sei o quanto o relacionamento de Frank e April refletem os relacionamentos atuais, acho que muito pouco, porque o fator principal ali é como eles encaram a realidade que vivem, os amigos, a sociedade, o trabalho, a carreira, e tudo isso mudou muito.
O papel da mulher mudou, são poucas as que ficam em casa, e muitas vezes isso se ficam não é por opção. A maioria das pessoas, principalmente os homens com nível superior (para não aumentar muito o universo da amostra e falar besteira), se importam com sua carreira, em atingir resultados melhores e salários maiores, "sucesso".
A situação no livro é totalmente diferente: Frank arraja um emprego para constar já que a mulher fica grávida no começo do casamento. Dez anos e dois filhos depois, ela propõe que eles mudem para a europa, onde ele lutara na guerra na década anterior, que ela trabalharia para sustentar a família e ele tenta "se encontrar".
Bom, esse é um resumo bem sem vergonha, porque realmente esse blog não é para resenhas profundas - mas a história é densa, e o retrato psicológico dos personagens é complexo.
Vale notar também que a prosa do autor é muito visual, descrevendo com detalhes as expressões, os trejeitos e o comportamento em geral dos personagens - é quase como se nós pudéssemos vê-los! (E para quem assistiu o filme, nem precisa desse exercício de imaginação, eu suponho, hahahahaha)