Fernando Morais gosta de contar sagas - pode ser a história de uma só pessoa como em Olga e Chatô, mas ele cria todo o contexto, descreve personagens, explica o cenário, que acaba ultrapassando o sentido de uma biografia, puramente.
Nesse caso, ele vai falar da agência publicitária W/Brasil, o que é praticamente falar do seu sócio mais famoso, Washington Olivetto.
Eu que, de publicidade, conheço só os comerciais mesmo e o que o Felipe e a Nani já me explicaram da vida deles, fui apresentada a esse mundo de negócios, criatividade e relacionamentos. Muitos nomes de pessoas e empresas são citados que eu realmente não sei quem são, mas Nizan Guanaes, Dudu Mendonça, já conhecia até de páginas policiais (lembram da rinha de galo???)
Uma das coisas que eu achei mais legal no livro foi ver como propaganda é algo que marca a gente - falava da boneca Amore, do sapato da Xuxa, do casal unibanco, do garoto bombril, e a memória enche das imagens correspondentes. Deste último, é contada toda a história, que ele chegou para acompanhar a mudança da vida real - que as mulheres estavam assumindo cada vez mais funções fora de casa e não queriam mais ser tratadas como amélias. Então, a propagando do produto de limpeza, precisava acompanhar isso, ser feita por um homem não machão, mais sensível, que compreenda a mulher e a respeita também ("minha senhora, nosso detergente não prejudica suas mãos").
Como a história recente, é bom também ver contextualizada todas as mudanças políticas do governo, as diretas já, o tempo que campanha não era feito por publicitários, as crises econômicas e como a publicidade motivou as pessoas a consumirem (e agora gente sabe que é o ciclo vicioso, quanto menos consumo, menos produção, menos emprego, menos dinheiro, menos consumo, etc, então não era aquela sacanagem de pedir para gastar o que não se tinha).
Fiquei admirada pelo Washington Olivetto, que ama o que faz. Adoro ver histórias assim de pessoas plenamente realizadas com o seu trabalho, que se satisfazem em trabalhar. É pouca gente nesse mundo assim, e todas são admiráveis. Afinal, imagina ganhar dinheiro por fazer o que te faz feliz?
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