28 de setembro de 2010

O grande abismo

Esse livro do C.S. Lewis é uma ficção - uma historinha sobre o céu e o inferno, e diálogos entre almas perdidas e salvas. Ele é bem cuidadoso ao afirmar que ele não está propondo ou teorizando sobre como vai ser a nossa vida pós-morte, o conto (curto mesmo) é mais uma forma de fazer uma ginástica mental sobre o tema, com base, claro, no cristianismo e na Bíblia.
Ele não vai definir o que é salvação e porque uns estão de um lado e outros de outro, mas a partir dos diálogos é possível deduzir.
Para os espíritos no céu, Deus é o foco, o propósito, fonte do verdadeiro Amor, que satisfaz e alegra completamente. Para os espíritos no inferno, outros detalhes borram a visão.
"Houve homens que se interessaram de tal forma em provar a existência de Deus que acabaram desinteressando-se por completo do próprio Deus... como se o bom Deus nada tivesse a fazer além de existir! Houve alguns tão preocupados em tornar o Cristianismo conhecido que jamais pensaram em Cristo."
 Gostei muito da parte que fala de uma mãe, obsessiva por seu filho que morreu ainda jovem, e que acha que aquilo é amor, e se defende atrás do argumento que instinto maternal é natural, e por consequência, correto.
"Deus queria que seu amor de mãe puramente instintivo pelo filho (as tigresas partilham desse sentimento, você sabe!) se transformasse em algo superior. Queria que você amasse seu filho como Ele compreende o amor. Não é possível amar um semelhante perfeitamente até que se ame a Deus."
C. S. Lewis realmente é um gênio da palavra e do entendimento da palavra de Deus.
" Há dois tipos de pessoas: as que em submissão e amor, dizem a Deus: seja feita a Tua vontade, e aquelas a quem o própio Deus diz: seja feita a sua vontade."

23 de setembro de 2010

The adventures of Sherlock Holmes

Sherlock Holmes é tão bom que dá até raiva, não?? Ficção é legal por causa disso, o cara é assim, esperto, (qse) sempre acerta e pronto, não tem nenhum caçador de mitos para desbancar a pessoa!
Esse livro é uma coletânea de contos, casos rápidos que Holmes desvenda, observado por seu caro amigo Watson. Vejam só: ele é viciado em cocaína, adora química, usa disfarces ótimos para investigações, MAS, em nenhum momento usou seu talento de boxeador para bater em alguém. Para mim, toda esse brutalidade século XXI que colocaram no mais recente filme sobre ele, acaba com o charme do personagem (e sim, eu também acho isso da série 007).
Qualquer fortão pode sair batendo nas pessoas! As capacidades dedutórias que são únicas e estarrecedoras! Em uma cena, ele afirma que a esposa não ama mais o dono de um chapéu perdido.
"Como você pode dizer isso, Holmes?"
"Elementar, meu caroWatson, qualquer mulher que deixa o marido sair de casa sem ao menos escovar seu chapéu, já não se importa mais com ele."
(olha a indireta!!!)
(tradução livre minha, não vi esse Elementar-meu-caro-Watson em lugar algum do livro!)
Esse livro, com outros dois do Sherlock, eu comprei em Greenwich, em uma livraria "livros por 1 libra" (ou 2 ou 3), dica do livro "Endereços curiosos de Londres". A edição não é essa da foto, parece mais um livro antigo, com capa dura, vermelha,  pequeno. Recomendo o passeio a Greenwich (para conhecer o paralelo, tomar chá e comprar livros!)

20 de setembro de 2010

O ponto da virada

Esse é outro livro do mesmo autor de Blink, que eu li no começo do ano. E tal qual, eu gostei muito!
Super fácil de ler, prosa gostosa de quem está ensinando mas sabe não ser pedante. Sou fã do cara! Eu gosto de teorias de psciologia, sociologia, antropologia e tal desde que tenham historinhas. Adoro historinhas da vida real, que contextualizam a filosofia ou a ideia, explicando melhor o que todas aquelas frases bonitas e compridas querem provar.
Nesse livro, trata-se de entender o conceito de ponto de virada, como situações foram alteradas drasticamente com relativamente pouco esforço, o que está por trás de epidemias (de doenças, modismos, ideias) ou fenômenos culturais mais complexos como a criminalidade de nova york.
Ele mostra que existem pessoas especiais, que tem habilidades de vender uma ideia (Vendedores), guardar informações específicas sobre um assunto e passá-las adiante quando requisitado (Experts) e aquelas pessoas que ligam diferentes grupos da sociedade (Comunicadores). Além disso, o autor mostra como o contexto pode ter uma influência muito grande na vida das pessoas.
Ok, teoria é teoria, e eu não sei se me convenci de tudo, mas achei interessante e o livro é bem convincente. Recomendo para os curiosos em geral!
Obrigada, Debô, minha companheira de leituras!


13 de setembro de 2010

Na toca dos leões

Fernando Morais gosta de contar sagas - pode ser a história de uma só pessoa como em Olga e Chatô, mas ele cria todo o contexto, descreve personagens, explica o cenário, que acaba ultrapassando o sentido de uma biografia, puramente.
Nesse caso, ele vai falar da agência publicitária W/Brasil, o que é praticamente falar do seu sócio mais famoso, Washington Olivetto.
Eu que, de publicidade, conheço só os comerciais mesmo e o que o Felipe e a Nani já me explicaram da vida deles, fui apresentada a esse mundo de negócios, criatividade e relacionamentos. Muitos nomes de pessoas e empresas são citados que eu realmente não sei quem são, mas Nizan Guanaes, Dudu Mendonça, já conhecia até de páginas policiais (lembram da rinha de galo???)
Uma das coisas que eu achei mais legal no livro foi ver como propaganda é algo que marca a gente - falava da boneca Amore, do sapato da Xuxa, do casal unibanco, do garoto bombril, e a memória enche das imagens correspondentes. Deste último, é contada toda a história, que ele chegou para acompanhar a mudança da vida real - que as mulheres estavam assumindo cada vez mais funções fora de casa e não queriam mais ser tratadas como amélias. Então, a propagando do produto de limpeza, precisava acompanhar isso, ser feita por um homem não machão, mais sensível, que compreenda a mulher e a respeita também ("minha senhora, nosso detergente não prejudica suas mãos").
Como a história recente, é bom também ver contextualizada todas as mudanças políticas do governo, as diretas já, o tempo que campanha não era feito por publicitários, as crises econômicas e como a publicidade motivou as pessoas a consumirem (e agora  gente sabe que é o ciclo vicioso, quanto menos consumo, menos produção, menos emprego, menos dinheiro, menos consumo, etc, então não era aquela sacanagem de pedir para gastar o que não se tinha).
Fiquei admirada pelo Washington Olivetto, que ama o que faz. Adoro ver histórias assim de pessoas plenamente realizadas com o seu trabalho, que se satisfazem em trabalhar. É pouca gente nesse mundo assim, e todas são admiráveis. Afinal, imagina ganhar dinheiro por fazer o que te faz feliz?

8 de setembro de 2010

Em seu lugar

Aí está mais um livro que inspirou um filme que eu ainda não assisti. Comprei o pequeno tijolo (é um livro grande, com letras grandes, tamanho normal - não pocket) porque o preço estava ótimo e chick-lit é sempre bom para distrair. Valeu a pena - diversão fácil.
Embora os personagens do livro não sejam descritos como a Cameron Diaz e a Tony Collete, é claro que a capa ajuda a "personificar" os personagens. A história é sobre duas irmãs muito diferentes, uma advogada séria e outra louquinha que não para em emprego algum, sendo que a primeira (mais velha, claro) ajuda sempre a segunda a escapar de várias enrascadas financeiras e até de bebedeiras públicas. O rompimento acontece quando a mais nova, de pura pirraça, seduz o namorado da mais velha, e os dois são flagrados na cama, óbvio.
Aí aparece uma vó com complexo de culpa, porque, depois da morte de sua filha (mãe das garotas), ela se afastou das netas.
Depois de vários contratempos, tudo acaba bem - claro, era isso que todos nós queríamos lendo o livro!
Ele não é muito bom ou muito divertido, mas como eu já disse, diversão fácil.
Gostei muito de um dos poemas que uma das irmãs recita para a outra, e transcrevo aqui - quem tem irmã, sabe como amor de irmã é especial...

Carrego seu coração comigo
(eu o carrego no meu coração)
nunca estou sem ele
(onde quer que eu vá, você vai, minha querida;
e o que quer que seja feito po mim
é feito por você, querida)

Não temo o destino
(pois você é meu destino, minha vida)
não quero o mundo,
(pois você é meu mundo, minha adorada)
e você é o que a lua sempre significou,
e o que o sol sempre cantou.

Aqui está o segredo mais profundo que ninguém sabe

(aqui está a raiz da raiz, o broto do broto
e o céu do céu de uma árvore chamada vida;
que cresce mais alta do que a alma pode ansiar
ou a mente pode esconder)
e aqui está o fenômeno que mantém as estrelas separadas.

carrego seu coração comigo (eu o carrego no meu coração)

E. Cummings (segundo a tradução do próprio livro)

1 de setembro de 2010

Gulliver's Travels


Quem não conhece as Viagens de Gulliver?

Todo mundo.

Se você lembra claramente da história do Gulliver (homem ou gigante) que chega em Liliput, terra dos homens pequenininhos, e é preso por eles (como mostra a capa do livro), e acha que essa é a história do Gulliver, enganou-se, assim como eu.

Vou contar a história, mas é spoiler total - se você se interessar por ler o livro, os detalhes vão valer a pena, o objetivo aqui é só cultura geral (ou "informações para falar de um livro que você não leu").

Para começar, o livro tem 4 partes, ou seja, são 4 viagens que se estendem por 16 anos, nos lugares mais diferentes e bizarros - nunca dantes visitados por um homem. A narração é feita em 1a pessoa como se tudo fosse verdade mesmo.

Como é que ele conhece tantos lugares desconhecidos?

3 naufrágios.

Na 4a viagem, para não ter outro naufrágio (como se 3 não fossem forcação de barra suficiente), a solução foi um motim da tripulação que abandonou o capitão Gulliver numa ilha desconhecida.

As quatro viagens são:

1) Liliput: com os homens do tamanho de um polegar, que dominam Gulliver. É lá que o povo discute com os vizinhos (Blesfucu) sobre qual lado se deve quebrar um ovo. Ele passa vários meses ali, com esses miúdos o alimentando e vestindo, inclusive. Sobre essa parte, que vai ser o filme Viagens de Gulliver que estreiará no final do ano com Jack Black.

2) Brobdingnag: terra dos gigantes (agora é o Gulliver que é do tamanho de um polegar), ele é primeiro apresentado com uma atração de feira em feira, e depois fica na corte real como "mascote" do rei.

3) Laputa: uma ilha "voadora" com adamantio na base - ela é navegada por um super imã, pelo rei. O povo tem um olho para cima (no céu) e um para baixo (chão), e só falam de astronomia e música. O resto do "país" está no "chão", Lagado, em que a população vive na miséria porque só se importa com descobertas científicas bizarras, por exemplo, como fazer uma máquina para transformar cocô em comida de novo. Nessa viagem, ele vai também para um país (Glubbdubdrib) que o rei é necromante, e conjura espíritos para serví-lo por 24 horas. Ele deixa o Gulliver chamar todos os mortos notáveis que ele quer, o que inclui reis, filósofos da antiguidade e do renascimento e coloca eles para conversarem - estranho. O próximo lugar, Luggnagg, tem alguns seres imortais, nascidos assim - e o Gulliver se empolgou todo com a possibilidade de ter a vida toda para estudar e se tornar a pessoa mais sábia de todas - mas essa mortalidade ocorre depois de todo o processo de envelhecimento normal, ou seja, é uma imortalidade com um corpo decadente, problemas de memória e raciocínio... Nada muito atraente.

4) O último lugar é o mais bizarro: terra dos Houyhnhnms e dos Yahoos. Os primeiros são cavalos racionais - altamente virtuosos, racionais, com várias regras de convivência, como por exemplo - cada casal só tem um filho de cada sexo. Se tem 2 fêmeas, troca com alguém que tem dois machos, para manter a população constante. Os yahoos são seres muito parecidos com homens, mas totalmente irracionais e selvagens - tanto que eles servem os tais cavalos.

Sobre o Gulliver, ele é um médico obcecado com viagens, ele larga a mulher e os filhos e vai para essas longas viagens de navio, para ganhar dinheiro e conhecer novos lugares. Gulliver diz que tem facilidade para idiomas, por isso que toda vez que ele chega num lugar, ele aprende a se comunicar com os seres (sim, até linguagem de relinchos de cavalos).

O livro, ao apresentar tantas sociedades diferentes, e comparando com a Inglaterra (pela visão do viajante) é muitas vezes uma crítica a humanidade em geral. Então os detalhes realmente que são interessantes, e tornam o livro um clássico - mas não divertido, porque tudo é muito sério. Eu particularmente, achei um pouco enfadonho porque o tal do Gulliver é um chato pedante - sempre muito culto e conhecedor de tudo, muito rápido para aprender línguas, e para julgar qualquer outro ser e a si mesmo.

A quem quiser, o livro é meu e agora está disponível para empréstimos.