29 de junho de 2010

Miss Marple Omnibus volume 3

Agatha Christie é uma autora fenomenal - escreveu histórias interessantes, intrigantes, leves, na medida para um entretenimento fácil e garantido. E o que é surpreendente: ela escreveu mais de 80 livros! Muito mais do que a maioria dos autores que já existiram, e, na minha opinião, mantendo a qualidade. Assim um dos meus sonhos é realmente ler e ter todos esses livros, porque eles são ótimos de reler também (desde que o intervalo seja adequado, assim, você esquece quem é o assassino e se diverte da mesma maneira tentando descobrir.
Eu comprei esse livro num sebo em paris (numa edição anterior), e ele vem com 4 histórias da Miss Marple, uma senhorinha que mora numa pequena cidade no interior da inglaterra, e se considera uma grande estudiosa do comportamento humano. Com isso, ela desvenda vários mistérios - que pode ser o atraso do leiteiro num dia específico, ou um assassinato. E, claro, para ter a maior graça, ela realmente "encontra sem querer" muitos assassinatos para desvendar ao longo da sua 3a idade (ela sempre é velhinha).
Nesse volume, as quatro histórias são: Nêmesis, Assassinato Adormecido, No Hotel Bertram e Assassinato na casa do Vigário (em traduções livres minhas). Na primeira história, a minha preferida, Miss Marple recebe uma incumbência de um amigo em seu testamento - desvendar um mistério. Não há muitos detalhes, mas ela conclui que o caso é de assassinato (já que eles se tornaram amigos por causa de um outro que desvenderam juntos). Assim, ela precisa descobrir quem é o morto, quem matou e o porquê - e assim trazer justiça e vingança, como Nêmesis, a deusa grega. Simples assim. Só Agatha Christie para fazer uma história dessas...

27 de junho de 2010

Diários do Vampiro

A Nani me alimenta de livros pop como esses, Diários de Vampiro - tema da moda, série de TV. Eu li os dois primeiros, rapidinho, leitura fácil. Mas não dá para não comparar com Crepúsculo, já que teve mais evidência primeiro, embora, ao que pareça esses dois vieram primeiro (na década de 90!).
Também se trata do amor de uma jovem humana (Elena) por um vampiro Stefan, que é um vampiro bonzinho que não quer matar ninguém (ou pelo menos tenta se controlar). O terceiro no triângulo amoroso é o irmão do vampiro bonzinho, Damon, que é mau, claro, e tem uma disputa antiga (séculos) com o irmão por causa de uma mulher que amou os dois. Então, os dois vampiros gostam da garota humana, e a garota humana gosta do bonzinho, mas sente uma tensão com o mauzinho. No meio do rolo, tem alguns amigos e amigas da Elena, típicos do high school americano.
Stefan e Damon não são muito parecidos com Edward e cia, nada daquela história de brilhar no sol, ou de ser organizado em família. O que mais me surpreendeu foi como a autora, Lisa Jane Smith, fez do fato de beber sangue alheio algo quase sexual. Quando o Stefan se enfraquece, a Elena oferece seu sangue a ele, e toda a cena é tão íntima que, sim, parece que eles estão se pegando. Ou seja, toda aquela pureza apregoada de Crepúsculo, vai embora também, deixando os livros mais parecidos com o que se pode esperar de adolescentes modernos.
Já eu prefiro realmente Crepúsculo, e todo seu romance melado (até demais, eu sei), de suspirar e pensar em príncipe encantado - fantasia é isso, realiade a gente já tem de monte por aí.

21 de junho de 2010

Chatô, o Rei do Brasil

Atendendo a pedidos, vou falar do livro do Chatô, ou Assis Chateaubriand, que foi o Roberto Marinho da sua época, com seus "Diários Associados" e fundador da  TV Tupi. O cara era um cabra macho da Paraíba, que se inventou e reinventou tendo uma importância histórica incrível, mas rapidamente esquecida.
Esse livro, sua biografia de Fernando Morais, é um espetáculo. Se Olga, por sua vez, fala da história de Prestes, e daí você sabe um pouco de política brasileira, russa e alemã pré-segunda-guerra, com esse livro você conhece um outro lado do Brasil, empresarial, cultural, e claro, político também (pouca coisa se faz aqui longe do Estado).
Se Olga é um livro triste e soturno, Chatô, como o personagem, é de gargalhar. Sim, gargalhar. Porque não dá para não rir alto com as peripécias do Sr. Chatô, algumas que ficaram marcadas na minha cabeça mesmo depois de anos que eu li esse livro (uns 10, certeza!)
O cara era o esperto típico brasileiro, que tinha que sair ganhando, de qualquer forma. Então ele fazia das suas, às vezes legais, às vezes nem tanto. Veja bem, ele era o dono de vários jornais, influência política imensa, o que lhe dava grande margem de manobra para fazer, bem, o que queria. Só para vocês terem uma ideia:
Ele queria que as fábricas de fósforo publicassem anúncios em seu jornal. Ora, mas para que fabricante de fósforo fazer propaganda? Todo mundo precisa de fósforo, é simples, barato - elas recusam. Dias depois, Chatô publica uma reportagem investigativa: as caixas de fósforo dizem que contém 50 fósforos. Mas depois de uma pesquisa intensa (dos próprios funcionários do jornal contando e contando fósforos), descobre-se que a média é 47 fósforos por caixa. Alguns tem menos! Resultado: anúncio de fósforo no jornal, e agora as caixas apresentam um texto: "contém APROXIMADAMENTE 50 fósforos"
Quando a Rainha Elizabeth foi coroada, ele queria encontrá-la de qualquer forma, e para isso pensou: vou dar um presente para ela, aí é só entregar em mãos - fazendo parte da comitiva brasileira. O que você faria? Compraria um presente? Chatô, não. Ele publica no seu jornal, com o devido destaque, uma lista das pessas que irão "contribuir generosamente" com certo valor determinado, para um presente do povo brasileiro para a Rainha. Depois de toda a publicidade, é claro que houve a contribuição, e o Chatô conseguiu o que queria - e a Rainha ganhou uma tiara e brincos de água marinha, citada na wikipedia como "Brazil Parure" (parure é um conjunto de jóias).
Chatô é fenomenal, e o livro também, recomendo! É um livro enorme, mas não se descoraje, é diversão de primeira!

20 de junho de 2010

Gamines

Esse é um dos livros que eu comprei na viagem, ousadamente em francês. Não que eu saiba muito francês, mas dá para me virar lendo. E quando não dá, salve o Google, que me informou que "gamines" são "meninas". E no caso desse livro, 3 irmãs, cuja mãe é divorciada, o pai sumiu, a família é italiana, e elas vivem em Lyon. O livro começa com a autora, a filha número 2, Sybille, com 10 anos, então a linguagem é muito simples, com muitos diálogos e pulos temporais. Você vai descobrindo a história das garotas por meio de comentários dos personagens e alguns fatos soltos, sempre pela ótica de uma delas. Gosto disso, parece que você está espiando a vida de uma pessoa (e é muito mais rico que uma revista de fofocas, hahaha).
Pela wikipedia, descobri que a autora Sylvie Testud é mais atriz que escritora, e eu comprei o livro porque tinha um adesivinho dizendo "Prêmio dos leitores em 2008" e o preço estava ótimo, claro.
Ania, eu te empresto, óbvio!

18 de junho de 2010

87 anos bem escritos

Eis que o Saramago morreu hoje. Dá uma tristeza grande, porque é menos uma fonte de literatura de alto nível. De qualquer forma, a obra que restou é imensa, e está aí, disponível, para sempre.
Comercialmente, vamos ver as livrarias colocarem os livros dele nas vitrines, promoções nas lojas virtuais, toda uma retomada de sua divulgação da mídia.
Aproveito então para recomendar algumas leituras, se você quiser pegar essa onda:
- Evangelho segundo Jesus Cristo: polêmico, escandaloso para alguns, mas para você pensar diferente.
- A História do Cerco de Lisboa: romântico, como eu já disse, está no meu top 10.
- A viagem do elefante: engraçado e leve. Eu fui no lançamento do livro em SP, com a presença dele e da esposa. Incrível, o velhinho. Eu comprei um assinado já! Relíquia.
- Ensaio sobre a cegueira: maravilhoso e assombroso. Para quem acha um exagero, lembrar das reportagens dos terremotos no chile e no haiti.
- O homem duplicado: interessantíssimo!
- A caverna: platônico mesmo, reconta o mito da caverna numa situação bem próxima da gente.
- As intermitências da morte: ótimo!!! Para pensar em imortalidade, justiça e a nossa vida mesmo.
Eu li mais alguns dele, mas esses são os que mais me marcaram, assim, para lembrar agora. Recomendo mesmo. E ainda pretendo ler todos! Vale a pena...

15 de junho de 2010

O Paradoxo Grego

Um livro pode ser bom geralmente por um dos seguintes motivos: história boa ou é bem escrito. O livro é ótimo quando o autor conta bem uma história legal. O que infelizmente não é o caso desse livro cristão de ficção, de Jef Chandley. Ele está aí para provar a afirmação do Marcos Botelho de que, se você acha que só pode ouvir música gospel, ver filme cristão, ler livro cristão, você só estimula um arte de baixa qualidade - afinal não tem parâmetro de comparação. Como ele disse - vai ler Saramago! (ateu, mas putz, como escreve bem! Eu creio num Deus que se manifesta das formas mais incríveis.)
Posto isso, vou explicar porque NÃO recomendo esse livro em particular. Primeiro, é mal escrito, e você nota isso rapidamente se já leu O código DaVinci ou a série Millenium, que são livros de ação e suspense que sabem prender a sua atenção, ou seja, que "não dá para parar de ler". Alguns trechos do "Paradoxo" parecem que foram escritos como redação de primário.
O segundo ponto é a história. Um resumo (já que você não vai ler mesmo, né?): um cientista acha a fórmula da vida eterna, pílulas que fazem você rejuvenescer e viver mais. Detalhe importante: cada pílula é feita de 3kg de cupuaçu processado (sim, da amazônia). A fórmula é roubada por uma quadrilha que fabrica a pílula e vende secretamente para as pessoas mais ricas do planeta, que podem pagar o valor exorbitante que eles cobram. Acontece que a quadrilha também é uma seita anti-cristã. Eles recuperam a ideia do tal "Paradoxo Grego" que diz: Deus sempre cumpre suas promessas. Se ele não cumprir algo que diz, então cria-se o paradoxo (eu realmente não consegui descobrir referências na internet se esse paradoxo existe mesmo).  E eles relacionam isso com João 21:22, quando Jesus diz para Pedro que quer que João permaneça até que ele volte. Então, o que os inteligentes da seita raciocinam?? Oras, João ainda deve estar vivo, porque Jesus ainda não voltou. E ele deve estar vivo por causa do cupuaçu, afinal, agora a gente já sabe que isso prolonga a vida. (!!!!!) Então, vamos ver quem compra cupuaçu no mundo, provavelmente um deles é João - dessa forma, podemos encontrá-lo e matá-lo para criar o tal do paradoxo - e ter Deus fazendo o que a gente quer. Olha que simples!
O livro se dá o trabalho de explicar que o cupuaçu é um fruto bíblico, conclusão do próprio cientista descobridor da fórmula da juventude. Quando ele se converte, ao ler a bíblia, ele percebe que as condições climáticas da era pré-diluviana seria igual a da amazônia atualmente, ou seja teria cupuaçu a vontade para justificar os 700, 900 anos das pessoas desse período (Adão, Matusalém, Enoque, Noé, etc). Veja só, eles comiam todos os 3 kgs necessários para rejuvenescer.
É claro que o autor não se deu o trabalho de explicar como João teria recebido cupuaçu em casa (provavelmente na Grécia), durante os praticamente 1500 anos que demorou para ter uma rota "regular" Europa - Brasil. (Não vamos nem considerar o início da exportação real do cupuaçu!) Afinal, eles não encontram João. Eles foram presos. (ok, eu pulei a parte que a interpol começa ir atrás deles porque eles estão matando gente, além de vender um produto farmacêutico ilegal - denúncia de um princípe da holanda, mas é assim que acaba). (Aliás, eu pulei várias partes, claro.) O ponto alto final é que para abafar o caso - depois de uma manifestação popular mundial contra o assassinato de João pela tal seita (isso mesmo, cristãos nas ruas, para que João, o incógnito, continue vivo), a Interpol derruba as torres gêmeas, em NY. Sim, foi uma conspiração anti-cristã!!!!
Ufa, se você chegou até aqui, a conclusão é simples - tem muitos livros bons no mundo, esse não é um deles, nem com seu propósito evangelístico (de cara, ele nem parece ser um livro cristão, o que poderia atrair alguns não crentes). Para os cristãos, estamos no mundo para usar a inteligência que Deus nos deu, não vamos "engolir" qualquer coisa só porque colocaram o rótulo de "cristão" nela, seja livro, filme, música. Vamos orar para levantarem pessoas para uma arte melhor qualidade. Essa pessoa inclusive pode ser você. 

7 de junho de 2010

Clarice,

Clarice, (a vírgula é intencional) é uma senhora biografia da Clarice Lispector, uma das grandes senhoras (sem relação com a idade, claro) da literatura nacional.
O autor do livro, Benjamin Moser, é americano e judeu - um estrangeiro falando sobre aquela que, durante toda vida, precisou afirmar e reafirmar que era brasileira. Por um detalhe, Clarice nasceu na Ucrânia e veio para cá pequena. Com o convívio com os pais, o seu português tinha um leve sotaque, mas ela nunca se sentiu outra coisa senão brasileira. E ela usou essa nossa língua portuguesa com maestria para fazer os romances mais densos e instrospectivos da nossa literatura.
A biografia é primorosa, com um belo trabalho investigativo, muitas entrevistas e cartas, relacionando a sua vida, seus amigos, com a literatura que ela ia produzindo. E como é difícil escritor viver disso no Brasil (até por contratos com editoras que pagavam pouco), cita também os trabalhos jornalísticos que ela fazia, até com pseudônimos - imagine a Clarice Lispector dando dicas para mulheres em revistas femininas (seja discreta, não use muita maquiagem, elegância!)
Além de todas as informações muito interessantes, o livro é muito bem escrito, daqueles gostosos mesmo de ler, de prender a atenção e esquecer que é vida real - a qual às vezes pode ser tão sem graça... Ok, Clarice não poderia ser sem graça, essa mulher sempre correu atrás da vida com V maiúsculo, mesmo antes de saber que tinha recebido o nome de Chaya (vida em hebraico) quando nasceu.
Corra atrás do seu tijolinho (é um livro enorme), porque o que eu li saiu do Brasil, passeou em Londres e agora está com a sua dona, Fér, na frança.