Como eu gosto muito de números, um resumo desse ano através deles:
91 posts
83 posts sobre livros
05 posts genéricos
03 posts sobre autores - José Saramago, Mario Vargas Llosa, Clarice Lispector
76 livros lidos (100 só quando eu estava no colegial mesmo, hahahaha)
16 livros comentados que eu já tinha lido
64 livros estrangeiros
12 livros brasileiros - E poucos contemporâneos! Aguardo indicações de autores brasileiros, também vou continuar procurando!
55 livros em português
19 livros em inglês - Principamente pockets, mais baratos. Vale o esforço em aprender outra língua, além de conhecer o autor "no original".
02 livros em outras línguas (espanhol e francês)
55 livros emprestados / alugados - Agradeço a todos os amigos que me confiaram livros, às vezes até mesmo sem lê-los. Vocês me alimentam e me divertem (e ainda me ajudam a economizar). Muito obrigada mesmo!
21 livros próprios
Visitas pelo Google Analytics: 2595 visitas (de março a dezembro) e 1388 visitantes, de 25 países. Os 4 países que mais visitaram: Brasil, França (obrigada, fér), Estados Unidos e Portugal.
Visitas pelo contador do blogspot: 4352 visualizações de páginas (de julho a dezembro), de 10 países.
(Ok, por aí percebe-se que não dá para confiar muito nesses contadores, mas estou bem feliz com tantos visitantes! Obrigada!)
Desejo a todos um feliz ano novo cheio de livros, e emocionate, por causa deles e pela vida em geral!
PS: Quem quiser, escreva no comentário quantos livros leu nesse ano... É uma pesquisa informal, mas aposto que quem me acompanha lê mais que a média brasileira de 3 ou 4 livros anualmente.
31 de dezembro de 2010
29 de dezembro de 2010
O Sári Vermelho
Essa é a biografia de Sonia Gandhi, italiana que se tornou parte de uma das famílias indianas mais poderosas do país e uma grande líder. De quebra, o livro conta toda a trajetória da família Nehru-Gandhi que governou a Indía praticamente por todo século XX a partir de sua independência.
Para começar, o Gandhi dessa família não tem nada a ver com o Mahatma, embora o patriarca, Nehru, tenha lutado pela independência junto com o líder pacifista. Lendo esse livro, entendemos como as mulheres, principalmente a sogra Indira Gandhi, tornaram-se líderes de uma sociedade aparentemente machista, mas que compreendia quase 1/5 da população mundial.
Sonia conheceu o filho de Indira, Rajiv, quando os dois estudavam na Inglaterra. Ela vinha de uma família simples do interior da Itália (Turim) que prosperou no ramo da construção. Ele era o filho tímido da primeira-ministra da Índia, que assumiu o posto depois da morte de seu pai, Nehru.
Por amor, Sonia mudou para a Índia e se tornou tanto quanto possível uma típica indiana, que na cozinha fazia lasanhas maravilhosas para toda família.
O mais interessante desse livro é mesmo a história política de um país subdesenvolvido, tão diferente do nosso, mas que está tão visado agora, no chamado BRIC (grupo de países emergentes com grande potencial de crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China). Não é costume aprendermos sobre ele em nossas escolas, então esse livro, um romance do autor espanhol Javier Moro, ajuda muito nisso.
A foto da capa é de Sonia e seu marido Rajiv, mas para quem interessar, sugiro um passeio pela wikipedia em inglês, que tem mais fotos. (A versão em português é bem resumida - como tudo que sabemos da Índia aqui, pelo jeito).
Agradeço novamente a Vivi pelo empréstimo! E como eu gostei do livro, espero que isso a motive a arranjar tempo para ler também rapidinho!
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27 de dezembro de 2010
This Charming Man
A Marian Keyes gosta de escrever sobre assuntos sérios, como divórcio, viuvez precoce, câncer, vício em drogas e esse livro não é exceção. “Um homem cheio de charme” (em português) é um dos últimos lançamentos aqui no Brasil e na versão pocket em inglês que eu li tem quase 900 páginas. Um super livro.
Na contra-capa, está escrito brevemente que é a história de 4 mulheres que são diretamente afetadas pela notícia de que o político irlandês Paddy DeCourcy vai casar: Lola (sua não assumida namorada), Grace (uma jornalista que quer saber a história por trás do noivado), Marnie (irmã da Grace que tem uma vida perfeita em Londres) e Alicia (a noiva, que não sabia de nada...). A história é contada da perspectiva de cada uma delas (sucessivamente) e a gente vai montando o quebra cabeça das visões. Isso é tudo o que você precisa saber mesmo, porque o mais legal dessa história é a maneira em que ela se desenrola diante dos nossos olhos. (E o fato de ser assim complementa a apresentação dos problemas sérios que o livro apresenta - como a maneira que você vê e entende modifica a sua percepção dos fatos).
É certo que demora um pouco para engatar, a Lola conta tudo como se fosse um diário, e ela é a que está na super fossa de ter o namorado casando com outra, e as primeiras cento e poucas páginas são as mais lentas. No entanto, continuar vale a pena. Eu me emocionei muito, e me diverti também. A Marian realmente sabe a arte de fazer um drama não virar novela mexicana e ter todos os momentos de comédia também.
Eu recomendo fortemente que vocês leiam esse livro, mas sem ler resenhas detalhadas sobre ele ou ouvir comentários reveladores de quem já leu. É muito bom ser surpreendida por esse livro. Eu agradeço a Debô pelo empréstimo e espero que a Carol tenha ganhado um de Natal.
24 de dezembro de 2010
Surpreendidos pela Esperança
Esse é um dos livros mais complicados que eu já li, profundo e complexo mesmo. Escrito pelo bispo anglicano N. T. Wright, é sobre o conceito de céu e o que acontece depois da morte. Aliás, mais do que isso, é sobre as implicações na nossa vida hoje da esperança que temos do futuro que nos aguarda.
Eu demorei bastante para terminar de ler esse livro e realmente desisti de tentar explicar qualquer coisa sobre ele logo no começo, então, eu fui marcando trechos para copiar aqui e compartilhar com vocês. Quem estiver interessado, peça emprestado, eu ganhei esse livro num sorteio da Ultimato (revista que eu MUITO recomendo).
"Ao que parece, céu e terra não estão, apesar de tudo, em oposição, nem será preciso separá-los para sempre, quando todos os filhos do céu forem resgatatos dessa terra cruel. Também não podemos dizer que se trata apenas de maneiras diferentes de olhar para a mesma coisa; são diferentes, radicalmente diferentes; no entanto, foram feitos um para o outro, da mesma maneira que o homem e a mulher (é o que sugere o Apocalipse). Quando eles finalmente se unirem, isso será motivo de regozijo, e assim como o casamento, este é um sinal criacional de que o projeto de Deus está se cumprindo; que os opostos na criação foram feitos para a união, não para a competição, que o amor, e não o ódio, tem a última palavra no universo; que a fertilidade, e não a esterelidade; é a vontade de Deus para a criação."
"O poder do evangelho não está na proposta de uma nova espiritualidade ou experiência religiosa, nem na ameaça do fogo do inferno (e certamente não na ameaça de ser "deixado para trás"), que pode ser eliminiada assim que o ouvinte assinalar determinada opção, fizer a oração certa, levantar a mão, ou alguma coisa desse tipo. O poder do evangelho está na poderosa declaração de que Deus é Deus e Jesus é o Senhor; os poderes do mal foram derrotados e o novo mundo de Deus já começou. Essa declaração é mais do que uma maneira de você apreciar a sua vida, suas emoções ou seu saldo bancário. Ela é o fundamento de tudo isso. É claro que, todas as vezes que o evangelho é anunciado, de um jeito ou de outro, no mesmo instante, todas as pessoas são alegremente convidadas a entrar, se juntar à festa e receber perdão pelos pecados cometidos no passado, além de desfrutar um maravilhoso destino no futuro de Deus e de uma vocação no presente. Ao aceitar esse convite e receber as boas-vindas, todas as emoções e esperanças serão, finalmente, integradas."
"Se a igreja realizar obras de justiça (endireitando as coisas na comunidade) e obras de beleza (destacando a glória da criação e a glória a ser revelada), o evangelismo fluirá melhor. A igreja deve mostrar que há um novo mundo, que já começou, e que atua por meio da cura, do perdão, do recomeço e de um novo ânimo. Esse novo mundo se manifesta quando as pessoas adoram o Deus verdadeiro, à imagem do qual elas foram criadas; quando elas seguem o Senhor que levou seus pecados e ressuscitou dentro os mortos; quando são habitadas pelo seu Espírito e recebem uma nova vida, uma nova maneira de viver, um novo entusiasmo pela vida."
E já que é Natal, para pensarmos no sentido completo do Deus conosco Emanuel:
"A Páscoa é a nossa maior festa. Pensando em termos bíblicos, se tirarmos o Natal, perdemos dois capítulos dos Evangelhos de Mateus e de Lucas; nada mais. Porém, se tirarmos a Páscoa, o cristianismo não existiria, e, como Paulo diz, ainda estaríamos nos nossos pecados. Não podemos permitir que o mundo, com seus programas, costumes, eventos pararreligiosos e coelhos da Páscoa fofinhos, nos convença. A Páscoa é o dia mais importante do ano para os cristãos. Deveríamos soltar foguetes."
Que Jesus possa nascer no seu coração e tornar-se Senhor da sua vida, porque Ele morreu e ressuscistou por amor a nós.
22 de dezembro de 2010
Mamãe e o sentido da vida
Com esse título sugestivo, resolvi presentear a minha mãe com esse livro no natal do ano passado. Do autor, Irvin D. Yalom, já tinha lido Quando Nietsche chorou e A cura de Schopenhauer e gostado e ela também.
Doze meses depois, fui ler o livro - e não gostei tanto assim. Os outros eram mais ficção, contavam histórias de divã, mas romanceadas, novelão. Eu acho que quem é psciólogo, terapeuta, analista, (sinônimos??), etc, vai gostar mais, porque tem muito sobre teoria de análise, técnicas e métodos. Há algumas histórias - reais e adapatadas, mas assim muito secas para quem gosta de romance como eu (e não de diálogos terapêuticos).
Tem uma parte bem Freud sobre sonhos e eu descobri que, para esse tipo de terapia, tem até importância o 1o sonho que você conta para seu analista, que vai demorar o tratamento todo para ser compreendido! (Sério!)
Bom, além de algumas curiosidades gerais, o que eu levo disso? Levar a sério subtítulos.
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17 de dezembro de 2010
Toda a vida pela frente
Este livro é diferente já no primeiro parágrafo:
"A primeira coisa que eu posso dizer para vocês é que a gente morava no sexto andar por escada e que pra Madame Rosa, com aqueles quilos todos que carregava com ela e somente duas pernas, aquilo era uma verdadeira fonte de vida cotidiana, com todas as preocupações e sofrimentos. Ela sempre lembrava a gente disso, sempre que não estivesse reclamando de outra coisa, pois era igualmente judia. Não andava bem de saúde ainda por cima eposso lhes dizer também, desde o começo, que era uma mulher que merecia um elevador."
Quem conta a história é Momô, ou Maomé, filho de prostituta que é criada pela Madame Rosa, ex-mulher da vida, que cuida das crianças para que elas não sejam levadas pelo serviço social - e devidamente paga para tanto. Eles moram num suburbio em Paris e aí está uma vida muito menos glamourosa do que imaginamos na cidade luz.
Contada dessa forma infantil, sem uma educação propriamente dita, vamos vendo a vida através dos olhos de Momô, como uma colcha de recorte do que ele vê e o que os adultos dizem.
Além dessa prosa não convencional, que nos leva a pensar fora do óbvio, a história é muito bonita e sensível.
Não sei se esse livro é fácil de encontrar, a edição que eu li - essa da figura autografada pelo autor! (Emile Ajar é um pseudônimo de Romain Gary) - é de mais de 20 anos atrás. Quem me emprestou, é a querida Vivi, que era bem novinha quando ganhou esse livro. Quem encontrar, não deixe de ler.
15 de dezembro de 2010
O vendedor de armas
Talvez você ache estranho o nome do autor maior que o título do livro - se você não sabe de quem se trata. Isso acontece bem raramente, quando ele é alguém bem importante.
Ao ir para a contracapa, o que você encontra?
Super jogada de marketing!
Duas pessoas me pararam para perguntar se o livro era do House. Aí eu expliquei o que eu conto para vocês: o livro é de 1996. Quase 15 anos atrás, antes desse sucesso estrondoso do seriado, mas este último deve ter ajudado bem nas vendas dessa reimpressão.
De qualquer forma, o livro é ótimo. Uma super história de aventura, com um james bond moderno - com muito soco, luta, charme, mulheres, armas e conspirações. A história dá reviravoltas, com direito a esconder detalhes importantes de nós, leitores, que sempre somos surpreendidos no último momento. Li em um outro blog que é capaz de virar filme, e tem todo o estilo mesmo.
A história é contada por Thomas Lang em primeira pessoa de uma maneira muito muito irônica. Se você não gosta de ironia e sarcasmo, não vai gostar e nem se divertir como eu, que dei muita risada. Ah, e o personagem é inglês, então pode esperar esse tipo de humor diferente mesmo. Eu adorei, assim como a todas referências a cidade de Londres.
Se você encontrar esse livro por aí, não perca a oportunidade! Eu agradeço a minha querida sogrinha pelo empréstimo!!!!
Ao ir para a contracapa, o que você encontra?
Super jogada de marketing!
Duas pessoas me pararam para perguntar se o livro era do House. Aí eu expliquei o que eu conto para vocês: o livro é de 1996. Quase 15 anos atrás, antes desse sucesso estrondoso do seriado, mas este último deve ter ajudado bem nas vendas dessa reimpressão.
De qualquer forma, o livro é ótimo. Uma super história de aventura, com um james bond moderno - com muito soco, luta, charme, mulheres, armas e conspirações. A história dá reviravoltas, com direito a esconder detalhes importantes de nós, leitores, que sempre somos surpreendidos no último momento. Li em um outro blog que é capaz de virar filme, e tem todo o estilo mesmo.
A história é contada por Thomas Lang em primeira pessoa de uma maneira muito muito irônica. Se você não gosta de ironia e sarcasmo, não vai gostar e nem se divertir como eu, que dei muita risada. Ah, e o personagem é inglês, então pode esperar esse tipo de humor diferente mesmo. Eu adorei, assim como a todas referências a cidade de Londres.
Se você encontrar esse livro por aí, não perca a oportunidade! Eu agradeço a minha querida sogrinha pelo empréstimo!!!!
10 de dezembro de 2010
Clarice Lispector
As notícias dizem por aí que Clarice Lispector faria 80 anos hoje (10 de dezembro). Ela mesma nunca falaria isso, porque até a sua morte, omitia e mentia sobre a idade, parte para ser mais nova, parte para ser mais brasileira, já que nasceu na Ucrânia - e até os documentos são contraditórios. Eu já falei sobre um livro de crônicas e uma biografia, mas hoje fui procurar sua última entrevista no youtube. Vale a pena, para ouvir sua voz que tanto nos fala nos livros e tem um sotaque, parte pernambucano, parte só seu. (Ela chegou a fazer fono, mas depois de aprender a falar "direito", desaprendeu).
Vai lá ver, Thiago (que me deu a ideia do post).
7 de dezembro de 2010
O ladrão de cadáveres
Finalmente, FINALMENTE, li Patrícia Melo. Já tinha paquerado os livros policiais dela em livraria, sem coragem de arriscar. Assim, com risco zero, resolvi alugar "O ladrão de cadáveres", um dos últimos livros lançados por ela, brasileira, contemporânea, figurinha rara de encontrar (se vc conhece bons autores brasileiros contemporâneos, me avisa). (Agora o wikipedia me esclarece: ela é casada com o maestro John Neschling, família cultural).
O livro fala sobre um paulista, supervisor de equipe de telemarketing, que muda para Corumbá, depois de uma situação estressante no trabalho. Ele vai levado por um primo, e ali acaba encontrando um cadáver e se envolvendo numa grande confusão, com direito a 2 mulheres, índios, tráfico e etc. Realmente não vou contar detalhes, porque a história é muito boa e fascinante, é melhor ler!
A história se passa agora, com cenários conhecidos por nós, circustâncias como as nossas, até as notícias citadas no meio da trama são referências atuais para nós, brasileiros. Fiquei impressionada, acho que é um dos poucos livros realmente bons que tratam da nossa realidade agora, embora, claro, a história seja ficcional.
A prosa da Patrícia é clara, simples, fluida. Para ler rápido mesmo, em um dia, e não querer soltar do livro só para ver no que vai dar. A riqueza psicológica dos personagens é incrível, mesmo os coadjuvantes tem uma história por trás para dar a eles densidade.
Comparando com o livro anterior que eu li, totalmente diferente! (Ok, eu não sou esquizofrênica - cada tipo de livro para um momento, assim como dá para curtir fast food e restaurante a 100 reais a cabeça.) Recomendo muito e mal posso esperar para ler outros dela!
*****************************************
PS: Com esse livro, chega ao final meu 1 mês de sócia da Mundilivros. Deu para ler 7 livros e assim testar bem o serviço de aluguel. (E eu só li tudo isso porque dava prioridade máxima para eles, e lia meus livros nos "intervalos", o que me deixa com 3 livros por acabar nesse momento).
O atendimento deles é muito bom, toda vez que eu mandei email recebi a resposta em menos de 1 dia. Dos 7 livros que eu aluguei, apenas um não foi entregue no prazo de 2 dias úteis. (No entanto, 2 vezes eu esqueci de fazer a solicitação no site até às 17h, e isso atrasou um pouco meu fluxo de empréstimos, então realmente precisa de disciplina nesse sentido).
Eu entendi que o serviço é recente, então o site ainda pode ter melhorias - alguns livros estão classificados em categorias nada a ver, e há poucas informações sobre o livro que eles vão efetivamente entregar (mesmo no histórico, só diz quando foi feita solicitação, e não o livro enviado). Eles pedem para você deixar uma lista de 10 livros com prioridade desejada, mas talvez por uma questão de disponibilidade nem sempre eles entregavam na ordem escolhida. Eu só descobria que livro ia ler quando ia pegar a sacola laranja na portaria.
O catálogo é bem sortido, tem muitos lançamentos e best sellers, então eu procurei privilegiar a leitura desses. Eu paguei 13,50 num voucher daqueles clubes de compra conjunta, mas os 26 reais regulares também valeriam a pena (deu menos de 2 reais por livro, olha a economia, hahahaha!)
Não vou renovar agora porque eu tenho vários livros na fila aqui em casa mesmo para ler, mas com certeza reativo a minha conta no ano que vem.
Ratos de livros, órfãos de biblioteca nessa megalópole, recomendo a vocês!
3 de dezembro de 2010
Bellíssima
Nora Roberts é uma autora clássica de livros para mulheres, vamos dizer assim, é a literatura mãe da chick lit. O que você pode esperar de um livro desses? Uma heroina, de preferência rica e/ou de família nobre, que encontra um príncipe encantado, também rico e/ou nobre, que vão se envolver numa aventura com suspense, morte, dinheiro e algumas cenas tórridas de paixão, mas no final, ficam juntos e felizes.
Belíssima não é diferente. Temos uma dra. Miranda Jones em arte renascentista de família tradicional no Maine, riquíssima e inteligene e um ladrão de obras de arte, Ryan, que oh, também tem uma galeria de arte com seu nome em Nova York, muito dinheiro lícito, cujos roubos são um hobby que o alavancou para a riqueza e fama. Álguem tem inveja da Miranda, bola um plano maquiávelico para derrubar sua reputação de cientista, temos algumas viagens internacionais, alguns assassinatos, e algumas conversas sobre crises existenciais. Mas, no fim, tudo dá certo! Eba!
Posso ser meio assim seca para resumir, mas é um ótimo livro para descansar o cérebro, ler de final de semana, com aquela certeza de que, por mais inverossímil que for, a gente pode fingir que acredita num mundo assim.
Só gostaria de compartilhar 2 pontos com vocês em relação a forma do livro:
1) Se tirar todos os adjetivos, advérbios, complementos nominais e afins, o livro diminui pela metade. Não, um terço. Talvez menos...
2) Temos cientistas phDs e socialites falando "tá", "tava" o livro inteiro. Ok, eles também podem falar de maneira coloquial. Mas 'Brigado? Precisava escrever assim mesmo? Não combina o estilo do livro, não combina com os personagens. Só parece escrever errado.
Pronto, se você não tiver fortes restrições a isso, divirta-se
30 de novembro de 2010
Foi Apenas um Sonho
Continuando a série livros-de-filmes-que-eu-não-assisti e livros-alugados, aí está Foi apenas um sonho, do escritor americano Richard Yates.
Para começar, o livro é de 1961, e chama-se Revolutionary Road, algo como "Estrada Revolucionária", que é o endereço do casal da história. O livro chamava-se Rua da Revolução, até chegar o filme, e rebatizá-lo nessa nova edição com os fofíssimos Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
Posto esses detalhes técnicos, que nos fazem concluir que, embora envolva alguns arranhões, o cinema pode sim levar alguém a literatura, eu já digo que o livro é ótimo.
Um amigo disse que assistir o filme com a namorada é DR (discussão de relacionamento) na certa, mas o livro pode gerar debates sobre a cultura, a época (década de 50), e, claro, relacionamentos. Sinceramente, eu não sei o quanto o relacionamento de Frank e April refletem os relacionamentos atuais, acho que muito pouco, porque o fator principal ali é como eles encaram a realidade que vivem, os amigos, a sociedade, o trabalho, a carreira, e tudo isso mudou muito.
O papel da mulher mudou, são poucas as que ficam em casa, e muitas vezes isso se ficam não é por opção. A maioria das pessoas, principalmente os homens com nível superior (para não aumentar muito o universo da amostra e falar besteira), se importam com sua carreira, em atingir resultados melhores e salários maiores, "sucesso".
A situação no livro é totalmente diferente: Frank arraja um emprego para constar já que a mulher fica grávida no começo do casamento. Dez anos e dois filhos depois, ela propõe que eles mudem para a europa, onde ele lutara na guerra na década anterior, que ela trabalharia para sustentar a família e ele tenta "se encontrar".
Bom, esse é um resumo bem sem vergonha, porque realmente esse blog não é para resenhas profundas - mas a história é densa, e o retrato psicológico dos personagens é complexo.
Vale notar também que a prosa do autor é muito visual, descrevendo com detalhes as expressões, os trejeitos e o comportamento em geral dos personagens - é quase como se nós pudéssemos vê-los! (E para quem assistiu o filme, nem precisa desse exercício de imaginação, eu suponho, hahahahaha)
27 de novembro de 2010
Quem me roubou de mim?
O autor desse livro é o padre Fábio de Melo, como diz meu marido: o padre que canta - e eu completo não o Marcelo Rossi. Um amigo da Igreja me recomendou o livro, e como eu nunca nego empréstimo, li essa semana.
O assunto que ele trata é difícil como demonstra o subtítulo "O sequestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa". E subjetividade, pessoa, relações símbólicas, diabólicas, etc, são conceitos que ele passa no livro, baseada numa tal de Antropologia Teológica Cristã. Ele avisa logo no começo que o livro é difícil e que é para perservar, e esse é um conselho útil.
O livro é complicado e a linguagem dele não ajuda, pomposa demais para um livro que se quer de auto-ajuda de amplo alcance. Eu realmente tive dificuldade de acompanhar o raciocínio.
Além disso, para um padre, e um livro cristão, eu achei que tinha muito pouco Deus nessa história, é bem humanista no meu entendimento. Resumindo: se você tem relacionamentos ruins com as pessoas, a culpa é sua que dá permissão para isso (o tal do sequestro da subjetividade), mas se você quiser, você muda e melhora, dispõe de si mesmo e dos outros e vira pessoa, com relações simbólicas, que são pontes. Simples assim. Deus? Ele se manifesta na criação. Jesus? Foi capaz de estabelecer relações simbólicas.
Bom, o Fábio de Melo cita histórias e fala sobre o fracasso de relacionamentos, que são fatos reais na vida de muita gente. O que me parece é que ele observa os fatos, mas dá explicações complexas (talvez acadêmicas demais para um público leigo) e uma alternativa de solução muito desconectada de uma vida espiritual para alguém que é padre.
Esse livro não atendeu as minhas expectativas, e eu não tive identificação com suas ideias, mas acredito que deve fazer sentido para algumas pessoas sim.
Como eu gosto de dizer, é bom sempre exercitar ver do outro lado, mesmo que você não concorde com ele. Ler livros é uma maneira muito simples de alcançar universos e dimensões diferentes, e como eu gosto disso! (Só assim para a transição de Ozzy para padre ser tão simples).
Obrigada, Gustavão, pelo livro. E te vejo no céu caso não o veja antes!!!
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24 de novembro de 2010
Eu sou o Ozzy
Não gosto de Black Sabbath. Não gosto de heavy metal. Aliás, não gosto de nenhuma música que o ser pareça estar gritando. Pior, gritando fino.
Mas acabei lendo esse livro. E gostando. Por quê?
Simples - marketing bem sucedido. Recebi um livreto com alguns capítulos e me interessei - mas não, caros leitores, não o comprei. Foi alugado mesmo.
O cara é louco, desde pequeno, e de uma infância pobre foi fácil cair na marginalidade (ele chegou a ser preso) e depois tentar a vida num emprego não convencional - cantor de banda, o que um dia viria a ser o Black Sabbath. Daí, é claro, uma vida de rock star clássico, muitas bebedeiras, drogas e mulheres.
O livro é em 1a pessoa, e logo no início, ele já avisa: depois de várias substâncias ilegais e legais, de cigarro, cerveja a cocaína e vicodin, é claro que a memória dele não é lá essas coisas, então pode ter vários erros e confusões nas histórias. Tranquilo, ainda é tudo muito divertido.
O que é surpreendente, ao menos para mim, é que ele não era satanista - as músicas e álbuns com referências ao diabo começaram como uma forma de chamar atenção e ninguém da banda seguia essa onda. Então quando eles começaram a ser cultuados e chamados para rituais, eles não gostava não. Eles gostavam mesmo era de cerveja.
O Ozzy deixa claro que não acredita em Satanás ou no Diabo, talvez alguma força da natureza.
Que irônico, não? Porque mesmo não tendo a intenção, sendo de brincadeira, muita gente deve ter sido má influenciada por eles.
Muito triste.
Ele conta também que se se arrepende de toda violência, principalmente por ter batido nas esposas (duas, inclusa a Sharon). Ele disse que essa culpa ele vai levar para o túmulo que tem coisas que não tem perdão.
Isso também é muito triste - principalmente para quem tem um Deus que perdoa.
Além disso, ele tem uma incrível tolerância a drogas, se tudo que ele conta é verdade mesmo, porque ter feito tudo aquilo sem nenhuma overdose ou algum outro tipo de consequência fatal, é bizarro.
Entre essas constatações e algumas risadas, por ele ser tão hipocondríaco, por ser tão sem noção, por ele ser tão autocrítico, por ele retratar um cenário rock que já mudou, eu recomendo. Vida real, ou quase, para ler pensando!
20 de novembro de 2010
Mais comédias para ler na escola
É o quarto livro do Veríssimo no ano - ainda bem que ele produz bastante para sempre ter algo legal para a gente ler. É uma coletânea de crônicas sem censura, e eu realmente ficaria feliz se as escolas do Brasil a fora estivessem adotando literatura desse nível em seus currículos. Provavelmente teríamos mais leitores do que atualmente...
Em Conversas sobre o tempo, Luis Fernando não considera como literatura os seus livros, é mais algo para entretenimento. Não sou expert, mas sei que existe muita coisa por aí que não é nem literatura e nem entretenimento e ainda faz muita gente ganhar dinheiro (por favor, cada um nesse momento crie seus próprios exemplos). Se literatura é arte, os textos do Veríssimo são literatura sim, humor inteligente, atual e bem escrito.
Aí vale o alerta - se você receber um texto muito piegas escrito por ele por email, por mais que você goste, desconfie. Vale mais beber da fonte - seja no jornal de domingo ou nessas coletâneas. Você vai se surpreender com toda diversão que você vai ter...
Esse é o 2o livro alugado da Mundilivros, vale muito a pena para ler de um dia para o outro.
Em Conversas sobre o tempo, Luis Fernando não considera como literatura os seus livros, é mais algo para entretenimento. Não sou expert, mas sei que existe muita coisa por aí que não é nem literatura e nem entretenimento e ainda faz muita gente ganhar dinheiro (por favor, cada um nesse momento crie seus próprios exemplos). Se literatura é arte, os textos do Veríssimo são literatura sim, humor inteligente, atual e bem escrito.
Aí vale o alerta - se você receber um texto muito piegas escrito por ele por email, por mais que você goste, desconfie. Vale mais beber da fonte - seja no jornal de domingo ou nessas coletâneas. Você vai se surpreender com toda diversão que você vai ter...
Esse é o 2o livro alugado da Mundilivros, vale muito a pena para ler de um dia para o outro.
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17 de novembro de 2010
Carnaval no Fogo
Provocações entre paulistanos e cariocas é algo bem clichê e eu me vi num fogo cruzado ao começar a falar com pessoas sobre um final de semana na terra do biscoito Globo. Pessoas apaixonadas pelo Rio, pessoas temerosas, pessoas que só sabem de ouvir falar, pessoas que conhecem. E no meio disso tudo, meu amigo carioca exilado, Rubens, me empresta esse livro do Ruy Castro - Carnaval no fogo.
Ele é quase uma crônica bem longa ou uma carta talvez, do autor comentando sobre a cidade amada, seus principais personagens e sua história. Tudo de uma maneira muito leve, descontraída, e obviamente parcial.
O Ruy Castro é um apaixonado em sua pior crise, em que praticamente tudo é maravilhoso. Até os defeitos são considerados benefícios, ou então diminuídos frente às inúmeras qualidades listadas.
O que é um pouco irritante, é claro, mas cegueira de paixão é assim mesmo...
No entanto, ele também conta a história do Rio de Janeiro, desde o momento em que ele foi "descoberto", os indígenas, os primeiros portugueses, as invasões francesas, e por aí vai até a redescoberta do bairro da Lapa, ou seja, poucos anos atrás. É a história do Brasil, no detalhe, que às vezes a gente nem sabe porque não dá tempo de ensinar na escola.
Gostei muito de ler para entender melhor o fascínio por essa cidade maravilhosa, e a sua importância no e para o Brasil. Paulistanos, leiam sem preconceito. E por favor me avisem se alguém já fez algum livro parecido por São Paulo, minha terra querida também.
Ele é quase uma crônica bem longa ou uma carta talvez, do autor comentando sobre a cidade amada, seus principais personagens e sua história. Tudo de uma maneira muito leve, descontraída, e obviamente parcial.
O Ruy Castro é um apaixonado em sua pior crise, em que praticamente tudo é maravilhoso. Até os defeitos são considerados benefícios, ou então diminuídos frente às inúmeras qualidades listadas.
O que é um pouco irritante, é claro, mas cegueira de paixão é assim mesmo...
No entanto, ele também conta a história do Rio de Janeiro, desde o momento em que ele foi "descoberto", os indígenas, os primeiros portugueses, as invasões francesas, e por aí vai até a redescoberta do bairro da Lapa, ou seja, poucos anos atrás. É a história do Brasil, no detalhe, que às vezes a gente nem sabe porque não dá tempo de ensinar na escola.
Gostei muito de ler para entender melhor o fascínio por essa cidade maravilhosa, e a sua importância no e para o Brasil. Paulistanos, leiam sem preconceito. E por favor me avisem se alguém já fez algum livro parecido por São Paulo, minha terra querida também.
15 de novembro de 2010
Twenties Girl
Não tem jeito, eu adoro chick lit, livros para garotas fáceis e rápidos de ler. Esse eu até pensei que ia ser meio estranho - afinal é sobre uma garota que vê o fantasma da tia avó, quando ela tinha cerca de 20 anos (sendo que a mulher morreu com 104) - mas é bem bonitinho.
A tal da tia avó que é a "Twenties Girl", algo como a garota dos anos 20, e que está surpresa com o que o mundo se tornou - um monte de gente usando umas calças grosseiras azuis, "uma cor horrorosa". A questão é que a fantasminha está procurando um colar com uma libélula (esse da capa) e quer que sobrinha neta o encontre para que ela seja enterrada, ou melhor, cremada com ele. No meio do caminho, ela quer que outros desejos intermediários também sejam satisfeitos, e ela os pede com bastante teimosia.
E essa é a parte que eu achei muito interessante: por influência da tal tia avó, a garota (com seus quase 30 anos) faz coisas que nunca faria: como chamar um bonitão desconhecido para sair, se vestir com roupas dos anos 20 para ir a uma festa importante do trabalho, e dançar no meio do bar. Tudo aceito com a prerrogativa: "E daí? eu não conheço essas pessoas que vão ver isso mesmo. Eu não ligo para o que eles vão pensar." Veja bem, ela não estava cometendo crimes, ela só estava fazendo coisas fora das convenções sociais. Para ela, agir diferente, acaba sendo libertador. Nós somos tão oprimidos pela sociedade mesmo? Mais do que pela nossa própria consciência? Ou é isso que chamam de senso comum mesmo?
Recomendo o livro, ele não é nem de perto filosófico assim, hahahahaha, mas eu gosto de histórias que me fazem pensar sobre o comportamento humano... Obrigada, Ju, pelo empréstimo!
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13 de novembro de 2010
Conversa sobre o tempo
Confesso que só quis ler esse livro por causa do Luis Fernando Veríssimo, que é um fofo - principalmente nas capas da editora Objetiva, com desenhos que também faz a decoração do bar Veríssimo em São Paulo (pronto, fiz propaganda, volta a ela no final).
O livro são diálogos entre ele, Zuenir Ventura (amigo há anos, ele escreveu 1968 - muito interessante) e o autor Arthur Dapieve (que eu não conhecia). É como ler uma revista de fofoca: os temas das conversas - Família, Amizade, Política, Morte - levam os três a comentarem episódios de sua vida e seus posicionamentos. O Luiz Fernando é de poucas palavras, então quem fala mais é o Zuenir Ventura, mas eu gostei muito mesmo assim, é um livro num formato totalmente diferente. (Todo em falas e travessões, mas diferente de ler teatro. É mais fácil porque não tem "ação" acontecendo, importa só o que está sendo falado).
Uma das coisas que eu mais gostei - embora eu pudesse citar o LFV várias vezes - é quando eles falam de seus casamentos bem sucedidos de quase 50 anos. O que é raro, certo? Eles estão felizes e nem um pouco amargos. Dá gosto de ver, o jeito que eles citam as esposas como parte muito especial da vida deles (e de não se imaginarem viúvos de jeito nenhum). Falando sobre amizade, depois de uma vida inteira (os dois tem mais de 70 anos), eles disseram que as que ficam são principalmente as amizades de casais - como por exemplo: o casal Veríssimo amigo do casal Ventura. Por que será?
Por fim, outra propaganda: esse é o primeiro livro que eu aluguei na Mundilivros, e até agora, com o 2o livro já aqui em casa, estou adorando o serviço. Sempre fui fã de biblioteca, mas trabalhando aqui em SP, achar alguma fora do horário comercial é bem complicado (as do metrô não são no meu caminho). Assim, "pegar" o livro pelo site, e esperar ele chegar na porta da sua casa, é ótimo! Recomendo - mas para quem lê bastante. Faça as contas: a mensalidade deve ser menor do que o custo dos livros se você os comprasse.
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11 de novembro de 2010
As Brumas de Avalon
Lá pelos meus 14 anos, a tia Helô, muito querida, me entregou uma edição velhinha de Brumas de Avalon (não essa da foto), também em 4 volumes, e disse: "você tem que ler esse livro". Olha, era sobre o Rei Artur, magia, não fui muito com a cara não. Mas depois de começar a ler o primeiro livro, foi paixão. E passando rapidamente para o segundo, comecei um "clube do livro", e a Fér foi a próxima a ler, passando para a Ania e para não lembro mais quem.
E nós, um grupo de amigas (já chamado de Clube da Lulu), adoramos o livro, falávamos e discutíamos sobre ele, nos identificávamos. Naquela época de ICQ, adotamos os apelidos de acordo com as personagens que nos foram mais simpáticas, ou que mais tivemos identificação: a Ania virou a Morgana, Anacarol era Raven (se não me engano), a Fér era Dierna, e eu era Sianna (estas duas últimas de outro livro: A Senhora de Avalon que se passa antes de Brumas, e eu acabei comprando na época).
Porque, mais do que sobre o Rei Artur e magia, acredito que Brumas é um livro super feminista, que mostra a atuação da mulher apesar de uma socidade machista, como ela pode exercer um poder diferente do homem, às vezes mais sutil e "dos bastidores". Era o Girl Power das Spice Girls com mais cérebro, eu diria.
Esse discurso todo fala muito com a garota adolescente, está relacionado a auto-estima. Esse livro foi importante para a gente, mas está relacionado com uma época da nossa vida, que passou. Acho que nenhuma de nós leu de novo. (Mas é interessante ver que esse livro pode significar muito mais para outras pessoas, como a Cláudia, da Vaquinha Gertrudes, que agora tem uma filha chamada Morgana).
Mais do que isso, "Brumas" para mim está marcado como um aspecto da nossa amizade: de ler junto, conversar, discutir, analisar sempre nosso papel como mulher, nossa vida, desde aquela idade.
Por isso, esse post é para dar os Parabéns para as Anas e celebrar a amizade de todas nós. Feliz aniversário, garotas! Que venham mais eventos, livros, conversas e análises por aí!
9 de novembro de 2010
Kidnapped
Editora Geddes & Grosset |
Robert Louis Stevenson é um autor de clássicos - A ilha do tesouro e O médico e o monstro. Esse livro dele, Raptado em português, não é tão conhecido, mas é mais parecido com o primeiro - uma história de aventura, "um clássico infantil para garotos". (Eu comprei uma coleção de 5 livros com esse nome na bienal desse ano. Em 2008, eu comprei a coleção "para garotas").
Parece um livro infantil mesmo, ou melhor adolescente, do século XIX. Tem piratas, lutas, disputa por herança, brigas de clãs, mas tudo de uma maneira bem inocente.
Nesse livro, David Balfour descobre que tem um tio que roubou a herança de seus pais só depois da morte deles. O tio, ameaçado pelo súbito sobrinho, dá um jeito de ele ser rapatado para ser vendido como escravo na América - mas um passageiro inusitado do navio o ajuda a fugir (depois que o navio naufraga). Esse é Allan Breck Stewart, que a wikipedia me diz que existiu de verdade, e os dois fogem juntos pela Escócia depois de serem injustamente acusados de assassinato.
Preciso contar o fim?
De qualquer forma, esse é um livrinho difícil de ler em inglês pelo vocabulário todo estranho - de navegação, cultura local e de época - mais de 100 anos atrás. A história em primeira pessoa é contada em linguagem culta, mas muitos diálogos são cheio de sotaque e gírias para representar os personagens simples. E aí vale a dica da Debô, grande amiga aniversariante do dia de hj (parabéns, debô!!!): ler alto.
Afinal, o que seria "nae"? "Mair"? Mas lendo "Say nae mair" é fácil identificar o "say no more"...
2 de novembro de 2010
A elegância do ouriço
Editora Companhia das Letras - Capa Kiko Farkas e Elisa Cardoso |
Esse livro é bem diferente dos últimos que eu tenho lido: com uma linguagem sofisticada, os personagens são muito mais elaborados e ele é ponteado por discussões filosóficas. No começo, é preciso insistir. O autor se coloca "dentro" da cabeça das duas personagens principais, e acompanhá-las não é nada simples. Com a entrada de um terceiro personagem, o ritmo se apressas, as coisas começam a acontecer - e pronto, o livro lhe conquistou.
Reneé, uma concierge (um tipo de zelador) em um prédio chique em Paris, é autodidata, adora arte, filosofia e literatura, e observa os seus vizinhos com olho clínico. Ela se esforça para não escapar do estereótipo de concierge, agindo como boba e não deixando transparecer sua rotina de ler, visitar bibliotecas e assistir filmes cults e não acompanhar nada da programação da TV. Ela possui uma amiga faxineira portuguesa, Manuela, que é uma personagem deliciosa e divertida.
Paloma, uma garota de 12 anos, filha de um político socialista, uma mãe perdida em medicação antidepressiva e uma irmã universitária riponga, ela é extremamente inteligente e desiludida do mundo, então ela começa 2 diários: um de pensamentos profundos e outro sobre movimentos do mundo, para deixar para a posteridade antes de colocar fogo no apartamento em que mora (no prédio da Reneé) e se matar.
O terceiro personagem é um senhor japonês que se muda para o prédio e acaba por mudar a vida das outras duas (e sim, nesse momento que o livro fica bem legal).
Alguns detalhes realmente mostram como livro de literatura é diferente de um blockbuster (por mais que esses útlimos sejam muito divertidos): demoramos dezenas de páginas para descobrir o nome da Paloma (afinal, ela está escrevendo um diário, ela não vira e fala: Oi, eu sou a Paloma, sabendo que existem outras formas de identificar os seus escritos), o livro Anna Karenina é um dos preferidos de Reneé, e ela lê e se relaciona com ele e seu conteúdo, não é só uma citação para significar que a personagem é inteligente e pronto (como em A última música, nas mãos de Ronnie), e no meio da história, há verdadeiras pérolas. A maioria das frases que eu gostei fazem muito sentido dentro do contexto do livro, mas eu vou copiar algumas aqui para vocês sentirem o livro também:
"Se vocês querem compreender nossa família, basta olhar para os gatos."
Teste do texto com a mirabela (uma fruta, mas eu não consegui encontrar referências no google!) Se resistem mutuamente às poderosas investidas, se a mirabela ficasse no intuito de me fazer duvidar do texto e se o texto não consegue estragar a fruta, então sei que estou em presença de uma obra importante e, digamos, excepcional de tal forma que são poucas as que, ridículas e fátuas, não são dissolvidas na extraordinária suculência daquelas bolinhas douradas."
"A gramática é um fim e não somente um objetivo: é um acesso à estrutura e a beleza da língua."
"Vocês são sensíveis à poesia desse termo? Avitualha-se um barco, aprovisiona-se uma cidade. A quem não entendeu que o encatamento da língua nasce dessas sutilezas dirijo o seguinte pedido: desconfiem das vírgulas."
"Tenha só uma amiga, mas a escolha bem."
Esse livro demorou para chegar até às minhas mãos: foi presente da Fér para Ania uns anos atrás, e sou muito grata por ter oportunidade de lê-lo, e mais grata ainda por ter essas amigas de literatura!
27 de outubro de 2010
The Last Song
"A última música" é um livro desses bem açucarados, muito gostosos e rápidos de ler. Ele também é um filme da Miley Cirus que, para variar, eu não assisti. O autor, Nicholas Sparks, é especialista em escrever livros que vão (ou para?) virar filmes: "Um amor para recordar", "Diário da nossa paixão", "Uma carta de amor", "Querido Jonh" entre outros que (ainda) não viraram filmes. Se você já assistiu algum desses, pode imaginar a quantidade de romance que se pode esperar num livro dele.
Essa é a história de Ronnie, que mora com a mãe em Nova York, e aos 17 anos, final do colegial, é levada junto com o irmão caçula para passar as férias de verão com o pai numa cidade litôranea minúscula. Aí o história vai sobre a relação dela com o pai, os problemas de adolescente revoltadinha, o que fazer com a vida, e, claro, chega na paixão com um local, que precisa se provar se "sobe a serra" ou não, como dizem por aqui... Mas como nada vem de graça, tem um fator surpresa no livro muito importante, que eu não vou contar, claro, mas cuidado ao ler em público - ainda bem que eu já estava em casa quando comecei a chorar...
Eu estava com muita vontade de ler livros desse autor, e o meu marido me deu de presente - 9 anos e meio de namoro mês que vem. E eu posso dizer que ao ler o livro, e ver descrito ali um garoto dos sonhos, eu pude ficar feliz porque eu encontrei meu príncipe encantado (3 anos de casamento hoje)... E ele ainda não virou sapo, hahahahaha.
Mas é claro que ninguém é perfeito como os livros-para-garotas querem provar. Não adianta se iludir, pensando que a vida vai ser um conto de fadas, por mais que a gente case com o príncipe, e ele lhe trate como princesa, a vida real dá mais trabalho (pensando na Tati). Mas é muito mais gostosa por isso. É real.
E eu acredito no viver felizes para sempre, Deus está abençoando demais o nosso relacionamento, isso eu posso sentir. Para quem duvida, daqui a uns trocentos anos, eu confirmo para vocês!
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24 de outubro de 2010
A montanha e o rio
Esse é o terceiro livro chinês que eu leio - os outros foram As boas mulheres da china e Cisnes Selvagens. Mas esse é o 1o escrito por um homem. E o primeiro de ficção. A diferença é grande, assim como a diferença entre homem e mulher na China é enorme.
Ler um livro sobre a China, é mergulhar num universo totalmente diferente do nosso mundo ocidental, religião, política, trabalho, liberdade. Ainda são homens e mulheres, os sentimentos são os mesmos, mas a realidade é toda outra. Os dois livros que eu li antes, são emocioanantes, relato da história e do cotidiano de um outro povo, do ponto de vista feminino, sofredor, real. Esse também é assim, mas o foco está em 2 homens, o que eu acho que muda tudo.
Na contra-capa você fica sabendo que a há uma mulher na história, divida entre dois amores: Shento e Tan, dois irmãos - "um morreria por mim e outro não viveria sem mim". Dramático demais. Assim como o livro - tudo é demais. Os homens são bons demais. Corajosos demais. Inteligente demais. A nossa heroína também não é lá muito comum - órfã, abandonada, numa vida difícil, mas sempre "muito" também - estudiosa, inteligente, esperta, batalhadora. As desgraças e retomadas são demais também. Os personagens vão da miséria total para o absoluto poder e vice-versa.
Acontece que o livro é interessante, por contar um pouco do cenário histórico da China (décadas de 60 a 80), mas achei tudo forçado demais. E se é para forçar a verossimilhança, que seja para ter um romance bem bonito, daqueles de chorar. Pareceu-me que a mulher estava ali só para criar mais uma tensão entre os dois personagens masculinos, a história era deles (se não bastasse um ser filho legítimo e outro o bastardo abandonado, que pegam raiva um do outro por n motivos).
Ah, algo que eu gosto na cultura chinesa é como eles trocam (ou trocavam?) de nomes. Uma criança chamava Ming - que queria dizer luz, brilhante, e em determinado momento resolvem chamar (apelidar?) de Tai Ping, ou o oceano Pacífico. Gosto que os nomes tenham significado, por mais estranho que isso possa parecer...
Agora a dona do livro - minha amiga de pais chineses - Debô (ou a gata) pode dizer o que ela achou...
20 de outubro de 2010
O Sagrado
Nilton Bonder é um rabino brasileiro muito diferente para a própria comunidade judaica, segundo meu amigo judeu. Ele pensa diferente a religião e age diferente também. Para vocês terem uma ideia, na sinagoga dele, no Rio de Janeiro, a mulher tem o mesmo valor que o homem - o que é diferente do que é pregado pela tradição.
Minha amiga Ania leu A Alma Imoral dele também e gostou muito - seu pai se encantou tanto pelo autor, que comprou praticamente tudo que ele já publicou e esse é o primeiro livro que eles me emprestam do Nilton para ler.
O Sagrado é uma resposta ao Segredo, epidemia que atingiu o mundo a um tempo atrás falando da lei da atração - se você quer muito, o Universo vai lhe dar. O rabino se baseia tanto na Bíblia (só antigo testamento, claro) como na tradição judaica para responder a isso - que a lei da atração não funciona, afinal que teoria mais fácil que vem com uma justificativa para falha na ponta da língua: ah, não deu certo? É culpa sua que não quis o suficiente.
O autor fala da dimensão do Sagrado - que quer dizer "separado" - como fonte da benção, algo que independe da nossa vontade, vem de Deus. Por isso que a lei da atração não funciona.
O livro é curto e bem interessante, eu concordo com alguns pensamentos do autor, mas tem algumas partes que não são fáceis de entender, principalmente para mim que estou tão dentro do modo de pensar cristão. Aos meus amigos engenheiros, matemáticos e físicos (o rabino também é eng. mecânico, diga-se de passagem), eu me senti navegando num espaço vetorial sem saber quais eram as operações definidas para ele. Vou precisar ler mais livros do rabino para compreender melhor os conceitos em que se baseiam sua filosofia. Mas faço isso com boa vontade - é muito bom conhecer quem não pensa como a gente.
17 de outubro de 2010
Quando termina é porque acabou
Eu não gosto muito de livro de auto ajuda, mas posso dizer que esse autor é diferente - Greg Behrendt também escreveu "Ele simplesmente não está a fim de você", que eu também já li e achei o máximo.
Porque mulher tem um cérebro complicado e complica tudo mesmo. E quando está apaixonada? Aí que viaja mesmo! Vê coisas que não existe. Delírio. Então o "Ele simplesmente não está a fim de você" - é assim simples mesmo, para fazer o pé voltar ao chão. E o filme é ótimo também.
Se o primeiro livro é mais sobre começo de relacionamento, esse é do final - para aquelas pessoas (ou melhor, mais especificamente mulheres) que estão num relacionamento fracassado se agarrando a ele como a destroço de naufrágio, ou para aquelas que foram chutadas e estão na maior fossa. (O título em inglês é bem melhor: It's called break up because it's broken).
Com muito bom humor, dicas de auto estima, e historinhas deles mesmo e de outras pessoas, os autores (o Greg e sua esposa) vão construindo um programa de recuperação da fossa, que começa, por exemplo, com 60 dias sem falar ou mandar mensagem ou mandar email para a pessoa amada que não vai voltar.
Eu gostei muito de ler esse livro (e fico imaginando o que as pessoas no trem estavam pensando de mim, ali, com uma aliança de casamento, lendo esse livro: "coitada, está em processo de negação"). Eu também gostaria de dizer que a minha amiga que comprou esse livro para se auto-ajudar mesmo só teve benefícios e conseguiu se livrar da paixão pelo carinha que a fez sofrer - mas não posso. Ela tentou, não conseguiu, e eles estão juntos de novo - talvez não tivesse terminado, quebrado e despedaçado mesmo. Ou talvez ela seja muito talentosa mesmo em recuperação de patrimônio pós-terremoto. Agora, a nós, as amigas, só nos resta torcer para que não quebre de novo.
Mesmo assim, prefiro acreditar que esse livro pode ajudar alguém a se recuperar mesmo, ou a alguma amiga a ser o apoio necessário para quem precisar. E se isso não acontecer, eu garanto uma diversão rápida e gostosa - pelo menos para rir das desgraças alheias!
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12 de outubro de 2010
Desventuras em série
Editora Cia das Letras |
Em homenagem ao Dia das Crianças, vou falar sobre uma das minhas séries favoritas de livros infanto-juvenis: Desventuras em Série. Talvez você já tenha visto o filme, que é na verdade um apanhado geral dos 3 primeiros livros, e conhece os órfãos Baudelaire: Violet, Klaus e Sunny, cujos pais morreram num incêndio e tem seus destinos cruzados por Conde Olaf, o vilão de 1a categoria da história.
Aí vão os vários motivos que eu gostei tanto desses livros:
- Violet tem talentos mecânicos, quer ser engenheira mecânica quando crescer - eu sou engenheira mecânica (sem muitos talentos mecânicos é verdade).
- Klaus adora ler, e lê tudo o que vê pela frente (muito parecido comigo!)
- Sunny é só um bebê e adora morder coisas (qq coisa). (Nope, nada parecida comigo.)
- Num mundo em que crianças e adolescentes são quase super poderosos (livros e filmes em gerais), você não fica surpreso quando eles conseguem criar geringonças, lembrar de informações aleatórias lidas no passado e sair de enrascadas fenomenais. Agora, um bebê que não só cozinha, mas faz alta gastronomia não deixa de ser extremamente irônico.
- Como a Sunny não sabe falar, ela balbucia coisas e os irmãos interpretam, e geralmente são pensamentos bem elaborados - fico imaginando se não é isso que muita mãe faz com criança por aí!
- O narrador é um personagem, Lemony Snicket, que acompanha a trajetória desafortunada das crianças. Ele também é muito irônico, e tenta convencê-lo a qualquer custo a parar de ler o livro e ir fazer algo melhor. "Eu prometi escrever essa história até o fim, mas você não tem obrigação de lê-la."
- Embora sejam livros infantis, o autor não tem medo de uma linguagem elaborada e com palavras difícies - um dos livros se chama o Elevador Ersatz - que é uma palavra que existe no Aurélio e não um nome próprio. O mais legal é vê-lo explicar as palavras, com um "ou seja", e não dar sinônimos mas relacionar com a situação da história. É a forma mais simples de expandir o vocabulário, não? Veja alguns exemplos aqui.
- Os títulos em inglês são ótimos, duas palavras que começam com a mesma letra, mas é claro que zuaram isso na tradução aqui no Brasil:
The Bad Beginning = Mau Começo
The Reptile Room = A Sala dos Répteis The Wide Window = O Lago das Sanguessugas
The Miserable Mill = Serraria Baixo-Astral
The Austere Academy = Inferno no Colégio Interno (podia ser A Academia Austera)
The Ersatz Elevator = O Elevador Ersatz
The Vile Village = A Cidade Sinistra dos Corvos (Aqui, eles até disseram no 6o livro que seria O Vilarejo Vil, mas resolveram mudar porque C.S.C é algo importante na história)
The Hostile Hospital = O Hospital Hostil
The Carnivorous Carnival = O Espetáculo Carnívoro
The Slippery Slope = O Escorregador de Gelo
The Grim Grotto = A Gruta Gorgônea
The Penultimate Peril = O Penúltimo Perigo
The End = O Fim (simples, né?)
- O fim é ótimo e totalmente coerente com a história - eu gostei muito. 13 livros depois + 2 extras (Autobiografia não autorizada e Cartas de Beatriz - que não tem no Brasil, mas o meu marido trouxe da Inglaterra para mim), poderia ser muito decepcionante, mas não foi. A medida que os livros passam, embora seja um tempo bem curto (Semanas), os conceitos tratados ficam mais complexos - e O fim é sobre a vida em geral.
Muitos amigos meus começaram a ler a série, mas desistiram, uma pena. Palmas para a Debô que foi comigo até o final! E se outros corajosos estiverem a fim, os livros estão disponíveis!
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9 de outubro de 2010
Last Chance Saloon
Em português, os nomes dos livros da Marian Keyes são bem mais chatos: este, algo como o Salão da última chance, virou um É Agora... ou nunca, o que realmente não é a mesma coisa como pode parecer.
Trata de 3 amigos irlandeses em londres: Katherine, Tara e Fintan, aos 30 anos de idade, cada um enfrentando um desafio particular.
Tara é a desesperada, acha que está ficando velha, não tem mais tempo para arranjar um marido, então se mantém num relacionamento horroroso só para não ficar sozinha ou achar alguém que preste. Dá muita raiva como alguém pode ser tão auto-destrutivo! E eu sei que tem muita gente por aí que é a Tara da vida real. Como diria a Ania, 35 anos é uma idade ótima para se casar! Por que a pressa?
Katherine é a personagem que eu mais gostei. Com um trauma no passado, ela prefere não se envolver com os caras, manter uma aura enigmática, se fazer de durona, que não chora.
Fintan é bem sucedido, bonito, tem um relacionamento estável com um italiano (sim, é gay), até o diagnóstico surpreendente de câncer. Todo mundo acha que ele tem AIDS, é o maior preconceito. O fato de ele ir para o hospital, fazer quimio e tal, deixa as duas outras amigas a pensarem na vida completamente de outra forma.
Eu gosto da Marian porque ela um livro que se aproxima muito da nossa realidade, dá para ver conhecidos em situações parecidas. É realmente a chicklit moderna, vai falar de consumismo, dieta, romance, paixão com gente comum - Katherine é contadora, Tara é programadora (olha! primeira vez que eu vejo um livro com uma mulher que escreve software!). E tudo de maneira muito engraçada. Mas, aviso aos incautos, às vezes lembra bem aqueles romances de banca...
Esse livro quem me emprestou foi a Tati, que é a minha amiga digna de virar personagem desse tipo de livro!
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7 de outubro de 2010
Nobel 2010 - Mario Vargas Llosa
Hoje o Mario Vargas Llosa ganhou o prêmio Nobel de Literatura - e eu posso ficar feliz porque é o 1o ganhador que eu já tinha lido antes de ele ganhar o prêmio! (Acabei de conferir na wikipedia: de cerca de 100 ganhadores, eu já li 11.) E isso graças a minha mãe, que gosta e tem livros dele.
Eu acho ele mais sério do que o Gabriel Garcia Marquez, não tem todo aquele realismo fantástico, mas são parecidos nos cenários, na cultura.
Um dos livros que eu recomendo dele é A Guerra do Fim do Mundo, que é sobre a Guerra de Canudos (ok, não temos um nobel, mas um nobel já escreveu sobre o Brasil). É uma ficção claramente, mas me impactou bem mais do que Os Sertões (de Euclides da Cunha, que eu li só pelo desafio). O livro é de uma riqueza de detalhes impressionante, você se sente lá.
E lá pelas tantas, até encontra o repórter mirradinho, o Euclides.
Algo bem mais recente (de 2006) é Travessuras da menina má, uma história que navega por décadas do século XX, contando sobre os encontros e desencontros de um casal, desde a adolescência. Bem, eles não são lá muito um casal - ele a ama, ela faz joguinho enquanto muda de nome, identidade, personalidade, e o acaso os une, e a vida os separa.
Bem interessante pela mudança de cenário (Chile, França, Japão) e toda a história psicológica por trás desse romance que não faz bem aos envolvidos, é mais uma relação tóxica.
Conversando com uma amiga, não podemos deixar de conjecturar - os grandes autores brasileiros já viraram clássicos, estão mortos. Quem pode ser a nossa esperança de Nobel? Quem conhece bons autores contemporâneos brasileiros?
28 de setembro de 2010
O grande abismo
Esse livro do C.S. Lewis é uma ficção - uma historinha sobre o céu e o inferno, e diálogos entre almas perdidas e salvas. Ele é bem cuidadoso ao afirmar que ele não está propondo ou teorizando sobre como vai ser a nossa vida pós-morte, o conto (curto mesmo) é mais uma forma de fazer uma ginástica mental sobre o tema, com base, claro, no cristianismo e na Bíblia.
Ele não vai definir o que é salvação e porque uns estão de um lado e outros de outro, mas a partir dos diálogos é possível deduzir.
Para os espíritos no céu, Deus é o foco, o propósito, fonte do verdadeiro Amor, que satisfaz e alegra completamente. Para os espíritos no inferno, outros detalhes borram a visão.
"Houve homens que se interessaram de tal forma em provar a existência de Deus que acabaram desinteressando-se por completo do próprio Deus... como se o bom Deus nada tivesse a fazer além de existir! Houve alguns tão preocupados em tornar o Cristianismo conhecido que jamais pensaram em Cristo."
Gostei muito da parte que fala de uma mãe, obsessiva por seu filho que morreu ainda jovem, e que acha que aquilo é amor, e se defende atrás do argumento que instinto maternal é natural, e por consequência, correto.
"Deus queria que seu amor de mãe puramente instintivo pelo filho (as tigresas partilham desse sentimento, você sabe!) se transformasse em algo superior. Queria que você amasse seu filho como Ele compreende o amor. Não é possível amar um semelhante perfeitamente até que se ame a Deus."
C. S. Lewis realmente é um gênio da palavra e do entendimento da palavra de Deus.
" Há dois tipos de pessoas: as que em submissão e amor, dizem a Deus: seja feita a Tua vontade, e aquelas a quem o própio Deus diz: seja feita a sua vontade."
23 de setembro de 2010
The adventures of Sherlock Holmes
Sherlock Holmes é tão bom que dá até raiva, não?? Ficção é legal por causa disso, o cara é assim, esperto, (qse) sempre acerta e pronto, não tem nenhum caçador de mitos para desbancar a pessoa!
Esse livro é uma coletânea de contos, casos rápidos que Holmes desvenda, observado por seu caro amigo Watson. Vejam só: ele é viciado em cocaína, adora química, usa disfarces ótimos para investigações, MAS, em nenhum momento usou seu talento de boxeador para bater em alguém. Para mim, toda esse brutalidade século XXI que colocaram no mais recente filme sobre ele, acaba com o charme do personagem (e sim, eu também acho isso da série 007).
Qualquer fortão pode sair batendo nas pessoas! As capacidades dedutórias que são únicas e estarrecedoras! Em uma cena, ele afirma que a esposa não ama mais o dono de um chapéu perdido.
"Como você pode dizer isso, Holmes?"
"Elementar, meu caroWatson, qualquer mulher que deixa o marido sair de casa sem ao menos escovar seu chapéu, já não se importa mais com ele."
(olha a indireta!!!)
(tradução livre minha, não vi esse Elementar-meu-caro-Watson em lugar algum do livro!)
Esse livro, com outros dois do Sherlock, eu comprei em Greenwich, em uma livraria "livros por 1 libra" (ou 2 ou 3), dica do livro "Endereços curiosos de Londres". A edição não é essa da foto, parece mais um livro antigo, com capa dura, vermelha, pequeno. Recomendo o passeio a Greenwich (para conhecer o paralelo, tomar chá e comprar livros!)
20 de setembro de 2010
O ponto da virada
Esse é outro livro do mesmo autor de Blink, que eu li no começo do ano. E tal qual, eu gostei muito!
Super fácil de ler, prosa gostosa de quem está ensinando mas sabe não ser pedante. Sou fã do cara! Eu gosto de teorias de psciologia, sociologia, antropologia e tal desde que tenham historinhas. Adoro historinhas da vida real, que contextualizam a filosofia ou a ideia, explicando melhor o que todas aquelas frases bonitas e compridas querem provar.
Nesse livro, trata-se de entender o conceito de ponto de virada, como situações foram alteradas drasticamente com relativamente pouco esforço, o que está por trás de epidemias (de doenças, modismos, ideias) ou fenômenos culturais mais complexos como a criminalidade de nova york.
Ele mostra que existem pessoas especiais, que tem habilidades de vender uma ideia (Vendedores), guardar informações específicas sobre um assunto e passá-las adiante quando requisitado (Experts) e aquelas pessoas que ligam diferentes grupos da sociedade (Comunicadores). Além disso, o autor mostra como o contexto pode ter uma influência muito grande na vida das pessoas.
Ok, teoria é teoria, e eu não sei se me convenci de tudo, mas achei interessante e o livro é bem convincente. Recomendo para os curiosos em geral!
Obrigada, Debô, minha companheira de leituras!
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13 de setembro de 2010
Na toca dos leões
Fernando Morais gosta de contar sagas - pode ser a história de uma só pessoa como em Olga e Chatô, mas ele cria todo o contexto, descreve personagens, explica o cenário, que acaba ultrapassando o sentido de uma biografia, puramente.
Nesse caso, ele vai falar da agência publicitária W/Brasil, o que é praticamente falar do seu sócio mais famoso, Washington Olivetto.
Eu que, de publicidade, conheço só os comerciais mesmo e o que o Felipe e a Nani já me explicaram da vida deles, fui apresentada a esse mundo de negócios, criatividade e relacionamentos. Muitos nomes de pessoas e empresas são citados que eu realmente não sei quem são, mas Nizan Guanaes, Dudu Mendonça, já conhecia até de páginas policiais (lembram da rinha de galo???)
Uma das coisas que eu achei mais legal no livro foi ver como propaganda é algo que marca a gente - falava da boneca Amore, do sapato da Xuxa, do casal unibanco, do garoto bombril, e a memória enche das imagens correspondentes. Deste último, é contada toda a história, que ele chegou para acompanhar a mudança da vida real - que as mulheres estavam assumindo cada vez mais funções fora de casa e não queriam mais ser tratadas como amélias. Então, a propagando do produto de limpeza, precisava acompanhar isso, ser feita por um homem não machão, mais sensível, que compreenda a mulher e a respeita também ("minha senhora, nosso detergente não prejudica suas mãos").
Como a história recente, é bom também ver contextualizada todas as mudanças políticas do governo, as diretas já, o tempo que campanha não era feito por publicitários, as crises econômicas e como a publicidade motivou as pessoas a consumirem (e agora gente sabe que é o ciclo vicioso, quanto menos consumo, menos produção, menos emprego, menos dinheiro, menos consumo, etc, então não era aquela sacanagem de pedir para gastar o que não se tinha).
Fiquei admirada pelo Washington Olivetto, que ama o que faz. Adoro ver histórias assim de pessoas plenamente realizadas com o seu trabalho, que se satisfazem em trabalhar. É pouca gente nesse mundo assim, e todas são admiráveis. Afinal, imagina ganhar dinheiro por fazer o que te faz feliz?
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